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Mulheres marcam presença no Festival de Cinema de Berlim

6 de fevereiro de 2019

Com mais de 40% dos filmes na competição principal dirigidos por mulheres, Berlinale estabelece recorde entre grandes festivais. Juliette Binoche preside o júri, e retrospectiva destaca mulheres cineastas.

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Cena de "Zur Sache, Schätzchen", de 1968
Cena de "Zur Sache, Schätzchen", de 1968: retrospectiva da Berlinale aborda trabalho de mulheres cineastas na AlemanhaFoto: Deutsche Kinemathek/Schamoni Film & Medien

Sete dos 17 filmes que disputam em 2019 o Urso de Ouro, o principal prêmio da Berlinale, o Festival de Cinema de Berlim, foram dirigidos por mulheres.

É um recorde entre os grandes festivais de cinema: no ano passado, Cannes teve três, e Veneza, somente uma diretora na competição principal. E as atuais nomeações para melhor filme do Oscar não incluem nenhuma mulher.

A Berlinale de 2019 promete destacar o trabalho das mulheres em vários níveis. O festival nesta quinta-feira (07/02) com o filme The Kindness of Strangers, da cineasta dinamarquesa Lone Scherfig. Uma das fundadoras do movimento cinematográfico Dogma 95, ela também dirigiu o premiado Educação (2009).

O júri do festival, encarregado de escolher os Ursos de Ouro e Prata, é presidido pela atriz francesa Juliette Binoche. O corpo de jurados, composto de três mulheres e três homens, inclui ainda a atriz alemã Sandra Hüller (As faces de Toni Erdmann) e a diretora e produtora Trudie Styler (Freak Show).

A seção Retrospectiva, intitulada este ano Autodeterminada. Perspectivas de Mulheres Cineastas, destaca trabalhos de diretoras de todos os gêneros cinematográficos das antigas Alemanhas Oriental e Ocidental, passando pelo movimento estudantil de 1968 e a década seguinte à reunificação do país, em 1990.

Os prêmios honorários de 2019, que serão entregues em 14 de fevereiro, também reconhecem o trabalho de duas ícones femininas do cinema, a atriz britânica Charlotte Rampling e Agnès Varda, cineasta francesa da Nouvelle Vague.

A tendência não é completamente nova em Berlim. Os dois últimos Ursos de Ouro do festival também foram concedidos a mulheres: Adina Pintilie, por Não me toque, em 2018, e Ildiko Enyedi, por Corpo e Alma, em 2017.

Em contrapartida, o Festival de Cinema de Cannes concedeu apenas uma vez a Palma de Ouro a uma cineasta feminina – Jane Campion, por O Piano, em 1993.

Conhecida por abordar questões políticas atuais, a Berlinale também está se juntando a um compromisso de paridade de gênero, o qual outros festivais, como Cannes e Veneza, já assumiram em 2018.

O diretor do festival, Dieter Kosslick, assinará o compromisso em 9 de fevereiro num evento que será seguido por uma palestra sobre "gender, gênero e grandes orçamentos", com a produtora americana Gale Anne Hurd (O exterminador do futuro, The Walking Dead) e Anna Serner, CEO do Instituto Sueco de Cinema.

A promessa, lançada em Cannes no ano passado e iniciada pela organização francesa 5050 by 2020, não impõe cotas obrigatórias, mas insta festivais a se comprometerem com a paridade de gênero em sua gestão e exige transparência de dados em torno das inscrições de filmes e comissões de programação.

Na verdade, o festival alemão não terá que mudar muito em sua organização atual para cumprir os requisitos do compromisso de paridade. Kosslick revelou antes da Berlinale de 2019 que 81% das pessoas envolvidas na escolha dos filmes da competição eram mulheres, acrescentando que os comitês de seleção para a maioria das seções do festival já possuem maioria feminina.

A Berlinale também deverá se tornar o primeiro grande festival com uma mulher à sua frente. Kosslick, que após 18 anos está deixando o cargo de diretor do Festival de Berlim, será substituído por uma dupla: Mariette Rissenbeek foi indicada para assumir o cargo de diretora-executiva, enquanto Carlo Chatrian será o diretor artístico do festival.

Kosslick anunciou que os dois codiretores irão acompanhá-lo no tapete vermelho na abertura de sua última Berlinale, em 7 de fevereiro.

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