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Novo som de Munique

2 de dezembro de 2010

Apesar de estar à margem do circuito da mídia, a cena da capital bávara está cada vez mais empolgante. Novas bandas surgem a cada dia e, se depender do entusiasmo local, a cidade poderá ser o novo polo musical do país.

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Os bávaros do La Brass BandaFoto: Trikont Label

Pergunte a um alemão quais cidades têm as cenas musicais mais criativas do país. Hamburgo e Berlim serão com certeza as mais mencionadas. Outros ainda vão citar Colônia, Frankfurt e talvez Stuttgart. Se nenhum deles vier da Baviera, dificilmente você escutará o nome de Munique. A cidade é considera, na maioria das vezes, conservadora, esnobe e comercial. Grande equívoco.

Nos últimos anos, novas bandas e gravadoras começaram a surgir e o cenário é promissor. "No momento a cena é maior e melhor do que já foi em muitos anos", diz Christian Kiesler, promotor do clube Feierwerk, onde recentemente aconteceu o Sound of Munich Now. O evento, que ocorreu no final de outubro, reuniu 17 das mais importantes novas bandas locais. "É incrível e empolgante ver o que está acontecendo na cidade, com tantos jovens artistas", completa Kiesler.

Mudança para melhor

DJ Hell am Plattenteller
DJ Hell, pioneiro da cena localFoto: picture-alliance/dpa

Para o promoter, Munique tem uma tradição de gravadoras que representavam a cidade mais que suas bandas. Ele aponta como exemplos de selos independentes o DiskoB, com artistas como Console e Schlachthobronx, e o Red Can Dance.

Essa tradição vem desde o começo da década passada, quando Munique foi o berço do movimento electroclash, com o DJ Hell e sua icônica gravadora International Deejays Gigolos, que há alguns anos mudou-se para Berlim.

Outro selo que, apesar de ter artistas do mundo todo, é baseado na cidade é o Gomma. Voltado para a música eletrônica e a neodisco, o selo é adorado pela imprensa moderninha inglesa, sendo apelidado de DFA alemã, referencia à homônima gravadora nova-iorquina de James Murphy, do LCD Soundsystem.

Mexican Elvis
Mexican Elvis, uma das novas bandas da cidadeFoto: Thomas Gothier

A reação dada ao Gomma é a prova de que a imprensa internacional já começou a prestar atenção em Munique. Nos últimos anos, a cena da cidade está cada vez mais agitada. Novas bandas, como Containerheads, Joasinho, Mexican Elvis, Tuó, This is Arrival, Eletrik Kezy Mezy e Missent to Denmark, têm encontrado espaço para se apresentar ao vivo e lançar discos.

"Está tudo tão colorido, com ótimas bandas de muitos estilos diferentes", diz Amadeus Böhm, fundador da gravadora Flowerstreet Records, que tem como meta "ajudar novos e ambiciosos músicos". Böhm sente essa mudança na pele. Há alguns anos ele liderou a banda Five!Fast!!Hits!!. "A cena mudou muito. Quando começamos havia muita inveja e competição entre as bandas. Hoje, com a gravadora, vejo a mudança de perto. As pessoas se ajudam cada vez mais e estão mais conectadas", afirma.

Essa nova cena é o contraponto a alguns artistas de Munique que alcançaram o sucesso nacional. É o caso do Sportfreunde Stiller, que faz um rock bem-humorado e cantado em alemão. Em 2006, eles explodiram com '54, '74, '90, 2006, a música tema da seleção alemã durante a Copa do Mundo que aconteceu no país.

Outra banda jovem que tem atraído atenção é o La Brass Banda. Com uma mistura de música regional, punk, reagge e ska, os meninos bávaros já criaram uma sólida base de fãs e se apresentaram na Irlanda e na Inglaterra. Segundo Kiesler, esses grupos com caráter mais comercial não tem nada a ver com a atual cena musical de Munique, que tem um caráter mais alternativo.

Lugar ao sol

Sportfreunde Stiller
O popular grupo Sportfreunde Stiller estourou na CopaFoto: dpa

As novas bandas bávaras também enfrentam alguns problemas. O alto custo de vida na cidade cria dificuldades para alguns artistas, que tem pouco tempo para se dedicar à música. A cidade também é mais isolada, se comparada com Berlim, por exemplo, tanto do ponto de vista da mídia alemã como geograficamente. Mas é inegável que as bandas de Munique são cada vez mais prolíferas e criativas.

"Munique é como o filho bastardo e desprezado da cena musical na Alemanha. Mas acredito que isso vai mudar nos próximos anos. Temos tantos músicos talentosos aqui. E não temos mais como esconder isso. Todo nosso potencial será ouvido", diz Böhm.

Se depender da quantidade de música boa, jovem, com energia e atitude que está sendo feita na cidade, nos próximos anos Munique não será mais conhecida apenas como a capital da salsicha branca e da Oktoberfest.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Alexandre Schossler