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Exclusivamente feminino

12 de setembro de 2009

O Frauenmuseum expõe somente obras de mulheres, procurando rastros do feminismo também na arte. Idealizadora demonstra desejo de estabelecer parcerias com instituições e artistas brasileiras.

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Museu das Mulheres em BonnFoto: dpa

A Alemanha foi palco da segunda revolução feminina, entre os anos de 1960 e 1970. Essa época mudou o feminismo no Ocidente, movida principalmente por estudantes que almejavam mais autonomia no mercado de trabalho. Os estudos de gênero (gender studies) têm conquistado muita popularidade, não só por se ocuparem da igualdade da mulher, como também por se oporem a qualquer tipo de preconceito na sociedade contemporânea.

O Museu das Mulheres (Frauenmuseum) foi fundado em Bonn, em 1981, por Marianne Pitzen, participante do movimento de emancipação feminina. O museu ficou conhecido como primeiro espaço artístico no mundo voltado para as mulheres, proporcionando-lhes trocar ali informações sobre arte e política. "Estávamos à procura de nossa própria identidade, já que vivíamos essa opressão. Criamos nosso espaço inspiradas no movimento feminista da época", afirma a fundadora do museu, em entrevista à Deutsche Welle.

Segundo ela, o museu tem forte caráter feminista, o que ela não avalia como necessariamente negativo. "Só homens interessantes apoiam as mulheres em projetos como este. Além do mais, ser feminista não significa ser contra os homens", diz Pitzen.

Celebridades e pessoas comuns

Ono Reloaded - Yoko Ono im Kupferstichkabinett
Yoko Ono em visita à AlemanhaFoto: Karen Blindow

No Museu das Mulheres, predomina a arte contemporânea de celebridades como Yoko Ono (viúva de John Lennon), que doou sua obra ao Frauenmuseum em 1993 e, desde então, é a exposição que mais atrai visitantes. As galerias também mostram os desenhos da alemã Käthe Kollwitz (1867-1945), centrados em figuras femininas desde 1881.

As obras do museu são produzidas exclusivamente por mulheres de todo o mundo. "Aqui, homem não manda", avisa Pitzen. As exposições contam a história política e social tanto de mulheres famosas quanto de cidadãs comuns.

O museu desperta a curiosidade de mulheres em todo o mundo. Hoje, já são mais de 40 unidades filiadas em todos os continentes. Na América Latina, há museus interligados na Argentina e no Chile. Todos têm o mesmo objetivo: melhorar as condições de vida das mulheres na sociedade e transferir experiências de uma cultura para outra.

Rede de cooperação

Em 2008, realizou-se em Meran, na Itália o primeiro congresso de museus femininos, visando a aproximação entre as instituições. Em 2009 o encontro transcorreu em Bonn, entre 9 e 11 de setembro, e buscou-se discutir como as mulheres podem se fortalecer e torna-se mais independentes numa sociedade tradicionalmente dominada pelos homens.

A próxima edição do encontro está agendada para Buenos Aires, a fim de ampliar o contato com a América Latina. Pitzen tem planos de iniciar um projeto de parceria com o Brasil. "É um país muito populoso, com forte miscigenação cultural e que ainda reflete uma sociedade latino-americana machista. Eu gostaria de conhecer mais histórias sobre mulheres brasileiras e a influência delas na sociedade."

Pitzen diz se sentir uma mulher privilegiada por ter, depois de anos de luta, seu nome reconhecido internacionalmente em nome da causa feminina. Ela faz um convite também aos homens para que visitem o museu e descubram mais sobre a cultura, história e influência das mulheres no mundo. "Além do mais, temos banheiros masculinos", brinca.

Autora: Erika Andrade Brandão
Revisão: Augusto Valente