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Patentes

28 de abril de 2009

Apesar da crise, número de pedidos de patentes não diminuiu na Alemanha em 2008. É preciso evitar, no entanto, que muitas invenções alemãs, como o tocador de MP3, sejam comercializadas no exterior.

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Cristal líquido: pesquisas em DarmstadtFoto: picture-alliance/ dpa

Nesta terça-feira (28/04), o Escritório Europeu de Patentes (EPA) e a Comissão Europeia anunciaram durante o Fórum Europeu de Patentes, em Praga, os ganhadores do prêmio Inventor Europeu do Ano de 2009. O prêmio é o oferecido em quatro categorias: Conjunto de Obra, Indústria, Pesquisa e Inventor não-europeu.

Na categoria Conjunto de Obra, o premiado foi o alemão Adolf Goetzberger, considerado o pai do uso comercial da energia solar. O prêmio da Indústria foi para o americano Brian Druker e o suíço Jürg Zimmermann, pelo desenvolvimento do medicamento anticancerígeno Glivec.

Na premiação de Pesquisa, o francês Joseph Le Mer convenceu a comissão de especialistas com invenções para tornar mais eficientes e menos poluentes os sistemas de calefação. Na categoria Inventor não-europeu, o chinês Yiqing Zhou foi premiado pelo desenvolvimento de um remédio menos dispendioso contra malária, baseado em substâncias ativas vegetais.

Entre os finalistas da categoria Conjunto da Obra também estava a bioquímica alemã Maria-Regina Kula, cujas pesquisas possibilitaram a produção de medicamentos mais sustentável e menos nociva ao meio ambiente.

Energia, meio ambiente e saúde

Neste ano, os temas energia, meio ambiente e saúde dominaram as indicações. Um júri internacional selecionou 12 inventores de dentro e fora da Europa que, com suas inovações patenteadas, contribuíram para vencer doenças, desenvolver novas fontes energéticas, aprimorar medidas de segurança e possibilitar novas formas de mobilidade.

Para o comissário europeu de Empresas e Indústria, o alemão Günter Verheugen, "esse prêmio mostra que a Europa dispõe de potencial para desenvolver invenções realmente revolucionárias, de que hoje precisamos urgentemente para impulsionar o crescimento da nossa economia".

Crise não afetou criatividade de firmas e inventores alemães

Segundo dados do Escritório Alemão de Patentes e Marcas (DPMA), a crise não afetou a criatividade de firmas e inventores alemães. Em 2008, o número de pedidos de patentes (62.417) aumentou 2,3% em relação ao ano anterior. Pedidos de patentes provenientes da Alemanha aumentaram até mesmo 2,9%. Os setores mais inovadores foram os de engenharia de máquinas e veículos, informou o DPMA.

No ano passado, o maior número de depósito de patentes veio dos estados de Baden-Württemberg, Baviera e Renânia do Norte-Vestfália. Mas em quatro dos cinco estados da antiga Alemanha Oriental, os requerimentos de patente também aumentaram em relação ao ano anterior. Hoje, 523 mil patentes estão em vigor na Alemanha, informou o DPMA.

Cooperação entre indústria e ciência

MP3 Player
Tocador de MP3: inventado, mas não comercializado na AlemanhaFoto: picture-alliance/ dpa

Apesar do elevado número de inventos alemães, muitos foram, no entanto, comercializados no exterior: tocadores de MP3, aparelhos de fax, walkman e até mesmo o telefone. A falta de cooperação com a indústria é considerada uma das razões para a venda de licenças de inventos alemães a firmas estrangeiras, dizem especialistas.

O tocador de MP3, por exemplo, foi desenvolvido pelo Instituto Fraunhofer, que vendeu a licença do tocador por não ter condições de fabricá-lo. Com a venda da licença, o Instituto Fraunhofer lucra anualmente 70 milhões de euros.

Jürgen Schade, ex-presidente do DPMA, comentou que, justamente em tempos de crise, as empresas alemãs tomam novamente consciência da importância dos novos desenvolvimentos. Para Schade, somente inovações de ponta, desenvolvidas por especialistas de alta qualidade, têm chance de sucesso, no momento. E tais especialistas, segundo Schade, ainda estão na Alemanha. "Jogamos na primeira divisão – juntamente com os EUA, Japão e outros países", acresceu.

Comercialização conjunta de novos produtos

Nos próximos anos, para poder produzir inventos alemães no próprio país e tirar uma vantagem dupla, através de licenças e vendas, é necessária uma cooperação maior entre os cientistas e a indústria, afirmou Oliver Koppel, do Instituto da Economia Alemã (IW), de Colônia.

Um problema em tempos de crise é que geralmente faltam capital próprio e, sobretudo, capital de risco para a comercialização das invenções. Há muito que este problema é conhecido, afirmou Koppel, lembrando que há três anos existe no país um fundo de capital de risco para apoiar jovens empresários do setor de alta tecnologia.

No momento, cogita-se na Alemanha a introdução de incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento. A ideia é facilitar sobretudo o acesso ao mercado de capital. A cooperação entre institutos públicos de pesquisa como o Instituto Max Planck e o Instituto Fraunhofer com empresas comerciais já melhorou bastante.

Lá foram introduzidos bônus de pesquisa, a fim de facilitar a cooperação entre a indústria e a ciência e possibilitar assim a comercialização conjunta de novos produtos.

Autor: Carlos Albuquerque / Wolfgang Dick

Revisão: Simone Lopes