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Na ONU, Putin e Obama divergem sobre conflito na Síria

28 de setembro de 2015

Em pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas, Obama chama Assad de "tirano". Putin, por sua vez, defende que regime sírio é o único que "verdadeiramente" combate o EI e precisa de apoio.

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Foto: Getty Images/AFP/J. Samad

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente americano, Barack Obama, divergiram nesta segunda-feira (28/09) sobre o conflito na Síria em seus discursos na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Enquanto Obama chamou Bashar al-Assad de "tirano", Putin disse que é um erro não oferecer suporte ao regime do presidente sírio.

Os Estados Unidos querem que a Rússia pare de enviar equipamentos militares às forças de Assad e reconheça a necessidade de uma transição política em Damasco.

"Lembremo-nos de como isso começou. Assad reagiu a protestos pacíficos com violência, numa escalada de repressão e assassinatos que criou o ambiente para o conflito atual", afirmou Obama.

"Quando um ditador mata dezenas de milhares de seu próprio povo não se trata de um assunto interno, afeta a todos nós", disse antes de criticar as ações do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI). "Da mesma maneira, quando um grupo terrorista decapita reféns, dizima inocentes e escraviza mulheres, isso é um ataque à humanidade", disse.

Obama afirmou que Washington está disposta a trabalhar junto com a Rússia e até com o Irã para combater o EI e solucionar o conflito na Síria, mas criticou o apoio dos dois países ao regime Assad, que chamou de um "tirano" assassino de crianças.

Moscou argumenta que o envio de equipamentos militares russos a Assad tem o objetivo de combater os jihadistas, sob críticas da comunidade internacional. Segundo Putin, o regime de Assad é o único que está "verdadeiramente combatendo" o EI.

"Pensamos que é um grande erro não cooperar com o governo sírio e suas forças que estão confrontando o terrorismo", afirmou, pedindo uma "vasta coalizão" para lutar contra o EI na Síria.

Putin criticou os que dizem que o crescente envolvimento militar da Rússia na Síria está relacionado a "ambições globais de Moscou", ao ressaltar que a Rússia "não pode mais tolerar o estado atual das coisas no mundo."

Obama também afirmou que a ONU não pode tolerar que a Rússia viole a soberania da Ucrânia e denunciou a agressão de Moscou no leste do país, onde forças do governo de Kieve combatem separatistas pró-Rússia. Obama, no entanto, ressaltou que não quer um "retorno a uma guerra fria", pedindo que a Rússia resolva a crise de forma diplomática.

Moscou tem sofrido sanções por parte dos EUA desde a anexação da região ucraniana da Crimeia ao território russo, no ano passado.

Reunião paralela

Putin e Obama se reuniram por cerca de uma hora e meia depois de discursarem na Assembleia Geral das Nações Unidas. Eles concondaram que os militares dos dois países mantenham contato para evitar algum tipo de acidente ou conflito durante as operações na Síria.

Em entrevista a jornalistas, Putin afirmou que não descarta promover ataques aéreos na Síria contra jihadistas do EI em apoio às forças do regime de Assad.

"Não descartamos nada. Mas se agirmos será respeitando integralmente todas as normas internacionais", disse. Segundo Putin, qualquer ação teria que ser autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU ou solicitada pelo governo sírio.

"Estamos pensando em como ainda podemos ajudar as tropas sírias", afirmou. "Em termos de tropas terrestres, não pode haver nenhuma conversa sobre um envolvimento russo."

Putin e Obama aceitaram procurar opções para uma solução do conflito sírio, mas não chegaram a um consenso sobre o destino de Assad. Putin afirmou que a decisão cabe ao povo sírio, "não a Obama ou Hollande".

KG/dpa/rtr/ap/afp