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FilmeGlobal

"Napoleão" de Ridley Scott estreia em meio a burburinhos

John Silk
22 de novembro de 2023

Veracidade de filme que promete retratar acontecimentos históricos atrai críticas. Épico que traz Joaquin Phoenix no papel principal pode render primeiro Oscar ao diretor de 85 anos.

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Cena do filme "Napoleão"
Filme explora as origens de Napoleão Bonaparte e sua ascensão até a coroação como imperador da FrançaFoto: Kevin Baker/AP Photo/picture alliance

"Aqueles que estão no poder só me veem como um bruto. Inapto para cargos mais elevados" é a citação destacada no trailer do novo filme de Ridley Scott, Napoleão, que estreia nesta quinta-feira (23/11) no Brasil. A frase poderia ter sido atribuída a vários políticos do século 21, mas é sobre um homem que definiu a história europeia no final do século 18 e início do século 19.

Com Joaquin Phoenix no papel principal, o tão aguardado filme explora as origens de Napoleão Bonaparte, sua ascensão rápida e implacável até sua coroação como imperador da França, sem deixar de lado o seu relacionamento com a esposa Josephine Beauharnais, interpretada por Vanessa Kirby.

O filme promete ainda relembrar vários acontecimentos históricos: da decapitação de Maria Antonieta até a Batalha de Waterloo. Mas a veracidade da narrativa de Ridley Scott já atraiu críticas.

O historiador e apresentador britânico Dan Snow, por exemplo, já apontou no TikTok algumas incoerências que aparecem no trailer. "Napoleão não atirou nas pirâmides", enquanto Maria Antonieta "estava com os cabelos bem curtos no momento da sua execução, e Napoleão não estava lá", destacou.

O filme é visto "através dos olhos de Ridley", afirmou Phoenix em entrevista no início do ano, acrescentando que, se alguém deseja "realmente entender Napoleão, deveria estudar e ler por conta própria".

"O melhor filme nunca feito"

Ridley Scott não é o primeiro diretor a contar a história de Napoleão. Uma das obras que pretendia retratar a vida do comandante militar francês que ganhou destaque na Revolução Francesa nunca saiu do papel. No entanto, o filme que não foi feito virou um livro chamado Napoleão de Stanley Kubrick: O melhor filme nunca feito (em tradução literal).

Cena do filme "Napoleão"
Se alguém deseja "realmente entender Napoleão, deveria estudar e ler por conta própria", disse Joaquin PhoenixFoto: Aidan Monaghan/AP Photo/picture alliance

Durante décadas, cinéfilos e críticos se perguntavam sobre o misterioso filme sobre Napoleão de Kubrick. Previsto para ser produzido imediatamente após a estreia de 2001: Uma Odisseia no Espaço, Napoleão seria ao mesmo tempo um estudo de personagem e um épico arrebatador, repleto de cenas de batalhas grandiosas com milhares de figurantes. A produção, porém, acabou cancelada devido aos altos custos.

Na opinião de Ridley Scott, a decisão de cancelar a produção talvez não tivesse sido tão ruim. À revista The New Yorker no início de novembro, o diretor contou que teve acesso ao roteiro de Kubrick, mas o achou decepcionante, pois foca em toda a vida de Napoleão. Scott achou que as batalhas, a liderança e a construção do império eram os únicos elementos do comandante que valiam a pena ser contados.

Já a editora Alison Castle, que começou a pesquisar em 2002 para o livro sobre o filme planejado por Kubrick, se surpreendeu ao descobrir os arquivos da pré-produção da obra. Publicado pela Taschen, Napoleão de Stanley Kubrick: O melhor filme nunca feito detalha quanta energia Kubrick investiu no projeto.

O fascínio por Napoleão

Em 2014, o historiador e jornalista Andrew Roberts publicou a biografia Napoleão: Uma Vida (em tradução literal) baseada em 33 mil cartas escritas pelo comandante militar francês, que transformam a compreensão sobre seu caráter e motivação. "Um conto emocionante sobre um gênio militar e político", afirmou o jornal The Washington Post na época do lançamento livro.

O fascínio por Napoleão segue atual. Em 2019, a casa de leilões francesa Drouot anunciou a venda de três cartas de amor escritas por Napoleão entre 1796 e 1804 por 513 mil euros (R$ 2,7 milhões). As cartas foram enviadas à sua esposa, Josephine de Beauharnais.

Ainda não se sabe se o novo filme de Ridley Scott, que será lançado no Reino Unido nesta quarta-feira (22/11), pode lançar tanta luz sobre Napoleão como os livros, documentários e cartas já conhecidos. Mas a produção pode render a Scott, que também dirigiu Blade Runner, Alien e Thelma & Louise, o seu primeiro Oscar. "E se algum dia eu ganhar um, direi: 'Já estava mais do que na hora'", disse recentemente o diretor de 85 anos.