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Netanyahu diz que pode anexar territórios palestinos

7 de abril de 2019

Premiê anuncia intenção de incorporar colônias na Cisjordânia ao território israelense. Declaração a poucos dias das eleições é vista como aceno para eleitores conservadores pró-colonos e provoca críticas.

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Israel 2018 | Benjamin Netanjahu, Ministerpräsident
Mais de 400.000 israelenses vivem em colônias na Cisjordânia ocupada, e outros 200.000 residem em Jerusalém OrientalFoto: picture-alliance/AP Photo/S. Scheiner

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que pretende anexar fatias da Cisjordânia palestina caso consiga garantir mais um mandato nas eleições legislativas marcadas para a próxima terça-feira (09/04).

Netanyahu expôs suas intenções durante uma entrevista concedida no sábado para uma rede israelense. Os territórios em questão são ocupados por Israel e sediam as controversas colônias que o país mantém em áreas palestinas.

Perguntado por um jornalista do Canal 12 por que não ordenou a anexação do assentamento de Ma'ale Adummim (perto de Jerusalém) e o bloco de colônias de Gush Etzion (entre Jerusalém e Belém) durante seus dez anos à frente do governo, Netanyahu respondeu: "Quem disse que não vou fazer isso?".

Após destacar que conseguiu que os Estados Unidos reconhecessem a soberania israelense sobre o território sírio das Colinas de Golã ocupado por Israel desde 1967, o chefe do governo israelense assegurou: "Seguiremos adiante com a próxima fase. Sim, estenderei a soberania", prometeu.

Além disso, Netanyahu  afirmou não ver diferença entre colônias isoladas e blocos de assentamentos, até agora os únicos que as posições oficiais israelenses consideravam que ficariam em território israelense em um eventual acordo de paz com os palestinos.

"Eu não distingo entre os blocos de assentamentos e os assentamentos isolados, porque cada assentamento é israelense, e eu não os entregarei à soberania palestina", ressaltou.

Para a comunidade internacional, os dois tipos de assentamentos são ilegais e uma ameaça para a formalização de um acordo de paz com uma solução de dois Estados, que passaria pela criação de um Estado palestino independente e exigiria a evacuação de milhares de colonos do território ocupado, ou sua permanência no novo Estado palestino.

Mais de 400 mil israelenses vivem em colônias na Cisjordânia ocupada, e outros 200 mil residem em Jerusalém Oriental, o setor palestino da Cidade Santa anexado por Israel.

Além disso, Netanyahu se mostrou claramente contra uma futura criação de um Estado palestino.

"Um Estado palestino colocaria em perigo nossa existência. Aguentei enorme pressão nos últimos oito anos. Nenhum primeiro-ministro aguentou tanta pressão. Temos que controlar nosso destino", declarou, em provável referência ao consenso internacional sobre a solução de dois Estados.

Neste domingo, também foi divulgado que o governo israelense aprovou a construção de mais de 3.500 casas em assentamentos na Cisjordânia ocupada.

A aprovação foi dada pelo Alto Conselho de Planejamento da Administração Civil Israelense na Cisjordânia ocupada e prevê pelo menos 3.659 novas casas em diversas colônias israelenses, segundo a ONG israelense Paz Agora (Shalom Achshav).

Segundo a ONG, quase 90% das casas aprovadas serão construídas não nos grandes blocos de assentamentos que Israel reteria em uma eventual troca de terras em um futuro acordo de paz com os palestinos, mas em assentamentos isolados.

Críticas

As declarações de Netanyahu  provocaram críticas da oposição israelense, de líderes palestinos e do governo da Turquia.

Benny Gantz, líder do movimento Azul e Branco e principal rival de Netanyahu nas eleições, condenou as declarações.

Ele questionou por que Netanyahu "não anexou a Cisjordânia durante os 13 anos em que esteve no poder se essa era sua intenção". Ele também chamou as declarações do atual premiê de "irresponsáveis".

Questionado sobre sua própria posição, Benny Gantz disse que se opunha a qualquer decisão "unilateral". "Faremos todo o possível para alcançar um acordo de paz regional e global, mantendo-nos fiéis aos nossos princípios", explicou.

Já Saëb Erakat, dirigente da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), afirmou que a declaração de Netanyahu não foi "surpreendente".

"Israel continuará a violar cinicamente a lei internacional, desde que a comunidade internacional permita que o Estado judeu ignore suas obrigações com total impunidade, particularmente com o apoio do governo Trump dos Estados Unidos", declarou no Twitter.

A Turquia também criticou neste domingo as "declarações irresponsáveis" do primeiro-ministro de Israel.

"A Cisjordânia é território palestino ocupado por Israel em violação do direito internacional. As afirmações irresponsáveis de primeiro-ministro Netanyahu visam garantir alguns votos antes de uma eleição geral", declarou o chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu, no Twitter.

"As democracias ocidentais vão reagir ou permanecer quietas? Vergonha!", declarou, por sua vez, Ibrahim Kalin, porta-voz do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também no Twitter.

JPS/afp/efe/ots

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