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Ninguém vem da Inglaterra para criar problemas, diz consultor

Sean Sinico (mm)1 de julho de 2006

Chefe da polícia britânica que atua na Alemanha durante a Copa fala, em entrevista à DW-WORLD, sobre a segurança nos estádios e diz que o excesso de álcool está por trás das detenções de torcedores ingleses.

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Para perito, consumo de álcool em excesso pelos ingleses é a causa dos tumultosFoto: AP

DW-WORLD: Qual a sua impressão da segurança dentro dos estádios da Copa?

Stephen Thomas: É absolutamente excelente. Os estádios que eu consegui visitar praticamente não têm policiais. Estamos vendo um trabalho muito bom dos voluntários e dos responsáveis por controlar toda a massa de torcedores.

E quanto à situação no lado de fora dos estádios nas cidades onde são realizados os jogos ?

Os problemas registrados aqui são os mesmos que verificamos na Inglaterra. Especialmente com torcedores ingleses e de alguns outros países. As pessoas ficam desesperadas para entrar nos estádios e tentam pular cercas ou se vestir como agentes de segurança e o que mais for possível.

Houve problemas com torcedores ingleses em Stuttgart e praticamente todos os detidos já foram soltos. O que o senhor está fazendo para o caso de situações semelhantes serem verificadas na partida Inglaterra e Portugal, em Gelsenkirchen?

Apenas alguns números para começar: em Frankfurt, havia 70 mil fãs ingleses e pouca confusão. Em Nurembergue, eram 50 mil e em Stuttgart, 65 mil. Nós proibimos 3700 pessoas de deixar o Reino Unido durante a Copa e está sendo feito um bom trabalho nos portos ingleses para a saída do país de alguém do qual suspeitamos que possa causar problemas na Alemanha. Não tivemos problemas relacionados ao comportamento de hooligans no país.

O que vimos, principalmente em Stuttgart, foi um grupo de homens que viajaram juntos e que beberam durante o dia inteiro. À medida em que ficaram muito bêbados, tarde da noite ou no início da manhã, aconteceram os problemas.

O senhor espera problemas à medida em que a Inglaterra avance caso os torcedores não saibam para qual cidade se dirigir com antecedência e reservar acomodações?

Em Gelsenkirchen há pouco conhecimento quanto a onde os torcedores vão montar base. É uma cidade razoavelmente pequena, mas nós temos nas proximidades Düsseldorf, Dortmund e Colônia, logo os fãs estarão espalhados até algumas horas antes do jogo.

Mas isso facilita ou dificulta o surgimento de problemas?

Dificulta para nós cobrirmos tudo, porque eles estão em áreas espalhadas. Mas ao mesmo tempo também é complicado para eles se reunierem.

Ninguém veio da Inglaterra nesses dias de Copa com a intenção de causar problema. O que verificamos é uma cultura juvenil, na qual as pessoas ficam bêbadas e agem de maneira estúpida e rude.

Quais são as diferenças entre Inglaterra e Alemanha para lidar com situações como essas?

O interessante para nós tem sido as diferenças no sistema legal alemão. Isto é notado, em particular, na resistência ao fechamento de bares. Na Inglaterra fazemos isso sem pensar ou questionar porque temos o poder da lei para agir de tal maneira.

As detenções preventivas da polícia alemã também chamam atenção. É um conceito estranho para nós porque não temos esse poder no Reino Unido. Logo, alguns dos fãs ingleses também não entendem. Nós estamos trabalhando duro para avisar a todos sobre esse procedimento. A polícia alemã pode fazer uma ronda e prender você só porque você está no meio de um grupo que está causando desordem.

Há alguma coisa na Alemanha que o senhor gostaria de ver aplicada no Reino Unido?

Eu não acho que precisamos desse tipo de poder, porque nós temos outras ferramentas. Nossa forma de lidar com a questão é bem diferente. No caso de Stuttgart, nós teríamos fechado o bar bem cedo, mas a legislação alemã diz que as pessoas têm o direito de beber e o dono do bar, de vender.

Stephen Thomas é assistente-chefe da polícia da Grande Manchester. Ele está constantemente envolvido no combate aos hooligans em seu país. Além disso, é consultor para polícias estrangeiras em torneios de futebol internacionais.