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Após Obama

Agências / DW (sm)7 de fevereiro de 2009

A mudança da política externa e de segurança dos EUA sob o governo Obama altera as expectativas quanto às possibilidades de cooperação internacional em segurança.

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Vice americano, Joe Biden, e premiê alemã, Angela MerkelFoto: AP

Washington quer intensificar a cooperação com outros países pela segurança mundial, segundo ressaltou o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, neste sábado (07/02), durante a Conferência de Segurança de Munique. "Fui enviado aqui por um novo governo, decidido a mudar o tom em Washington e nas relações dos EUA com os demais países do mundo", declarou ele, destacando que somente com parcerias fortes é que se poderão enfrentar os desafios comuns.

Joe Biden anunciou mais cooperação e parceria, pedindo também que os outros países recebam prisioneiros de Guantánamo. "Nossa tarefa é escutar e aprender com os outros e nos empenharmos pelo bem-estar e segurança de todos", declarou Biden. "Os EUA vão fazer mais, mas também esperam mais de seus parceiros."

Relações difíceis com a Rússia

Joe Biden Ankunft in München
Joe Biden chega a MuniqueFoto: AP

O vice americano também propôs o diálogo a Moscou, destacando os interesses comuns entre os Estados Unidos e a Rússia. No conflito em torno do escudo antimísseis planejado na Europa Central pelo ex-presidente George W. Bush, Biden declarou que seu país pretende continuar desenvolvendo o sistema, mas somente se ele for tecnicamente significativo e factível, e demonstre eficiência de custos. "Faremos isso em concordância com nossos parceiros da Otan e com a Rússia", assegurou ele.

Numa primeira reação a Biden, o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, declarou que seu país estaria disposto a reduzir seu arsenal de armas nucleares. Ele elogiou a iniciativa do Washington de priorizar a problemática do armamentismo e assegurou que a Rússia estaria disposta a negociar um novo acerto sobre redução de armas estratégicas, considerando que o acordo Start vigente expira este ano.

O alto representante da União Europeia para a Política Exterior, Javier Solana, se mostrou preocupado com o esfriamento das relações entre a Otan e a Rússia e com o "clima geral de desconfiança". O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer propôs à Rússia, por sua vez, uma cooperação mais estreita com a aliança, mas criticou com rigor a intenção do governo russo de estabelecer pontos estratégicos militares no território da Geórgia.

Distribuição de responsabilidades na Otan

Scheffer também exigiu que os países europeus pertencentes à Organização do Tratado do Atlântico Norte se empenhem mais dentro da aliança. O novo governo norte-americano espera uma distribuição de responsabilidades mais justa, declarou ele. A aliança transatlântica se baseia em reciprocidade e é uma "rua de mão dupla", comentou ele.

Uma aliança flexível é o que defende o novo conselheiro de segurança dos EUA e ex-comandante da Otan, James Jones. A organização deveria reagir de forma "proativa", a fim de "deter conflitos antes de seu surgimento", declarou Jones ao diário alemão Süddeutsche Zeitung.

Desempenho franco-alemão

Sicherheitskonferenz München Nicolas Sarkozy Angela Merkel
Angela Merkel e Nicolas Sarkozy a caminho da conferênciaFoto: AP

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, defenderam uma cooperação militar mais intensa na Europa. Merkel afirmou notar falhas nas possibilidades militares dos europeus. Neste ponto, ainda haveria um longo caminho a se percorrer, mas pelo menos a UE está em condições de assumir responsabilidades militares no mundo, constatou. A premiê alemã assinalou que uma maior cooperação da UE não representa nenhuma concorrência para a parceria transatlântica e para a Otan.

Nicolas Sarkozy também destacou a importância da Otan, afirmando que a aliança com os Estados Unidos e com a Europa fortalece a França. "E isso eu ainda vou explicar aos franceses na hora certa", declarou ele, tendo em vista o possível retorno de seu país à Otan.

Pela primeira vez desde a Segunda Guerra, um batalhão alemão deverá ser estacionado na França, conforme comunicou o ministro francês da Defesa, Hervé Morin. Um contingente de 600 a 700 soldados alemães da Brigada Franco-Alemã será transferido para Illkirch, perto de Estrasburgo. Até agora, a brigada composta por 2.800 alemães e 2.300 franceses estava estacionada em diversos pontos do estado alemão de Baden-Württemberg. Merkel e Sarkozy consideram "histórico" o deslocamento da brigada criada em 1989, por iniciativa dos chefes de governo François Mitterrand e Helmut Kohl.

Desafios americanos

Pouco antes de sua partida para Munique, o vice-presidente norte-americano havia exigido mais ajuda militar internacional no Afeganistão. "Esperamos que os governos e o povo do Afeganistão e do Paquistão, bem como nossos amigos e parceiros dividam a responsabilidade conosco", declarou ele em Williamsburg, no estado da Virginia.

Biden salientou que Washington está reavaliando sua política no Afeganistão. O novo governo definirá com toda tranquilidade os princípios de sua política externa e de segurança", declarou ele no sábado, por ocasião de um encontro com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, em Munique. "Levaremos o tempo que precisarmos", anunciou o vice-presidente.

Opção a Teerã

Apesar das recentes críticas do Irã contra os Estados Unidos, Joe Biden declarou que o novo governo em Washington continua disposto a dialogar com Teerã. No entanto, o vice colocou o Irã diante de uma alternativa clara: "Se continuarem a atual política, continuará havendo pressão e isolamento. Se desistirem do programa atômico ilegal e deixarem de apoiar o terrorismo, haverá incentivos significativos".

Nicolas Sarkozy exigiu sanções mais severas contra o Irã. "O lançamento de um satélite é uma notícia extremamente má", constatou o presidente francês, salientando que a única solução seria agravar as sanções. Sarkozy também considera importante integrar a Rússia na missão de impedir o armamento nuclear do Irã.

Protestos à porta

A 45ª Conferência de Segurança de Munique, iniciada na sexta-feira, conta com 350 participantes de 50 países. Neste ano, manifestantes pacifistas voltaram a protestar no centro de Munique, denunciando o evento como um encontro bélico.

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