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Cinema alemão

Jochen Kürten (jbn)9 de fevereiro de 2009

Responsável pela mostra Perspectivas do Cinema Alemão da Berlinale, Alfred Holighaus elogia o cinema alemão por sua diversidade de estilo e conteúdo, mas critica a influência da televisão nos filmes produzidos.

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Holighaus: há muito tempo não se via tanta diversidade no cinema alemãoFoto: picture-alliance / SCHROEWIG/Eva Oertwig

Alfred Holighaus, diretor da mostra Perspectivas do Cinema Alemão, que integra o programa do Festival Internacional do Cinema de Berlim – Berlinale, defende uma maior oferta de documentários para cinema porque, assim como filmes de ficção, os documentários tratam "de entretenimento, de emoções e, por isso, de dramaturgia".

Existindo desde 2002, a mostra exibe filmes de novos diretores alemães e apresenta o cinema inovador do país. Para Holighaus, o objetivo de Perspectivas do Cinema Alemão é mostrar "filmes de talento, que serão futuramente discutidos, que experimentam formas, contam histórias interessantes".

Por 15 anos, Holighaus foi crítico de cinema e escreveu para revistas e jornais na Alemanha. Em 2001, começou suas atividades no Festival Internacional de Cinema de Berlim e, um ano depois, assumiu a direção da mostra Perspectivas do Cinema Alemão.

DW-WORLD.DE: Que qualidades um filme alemão deve ter para entrar na mostra Perspectivas do Cinema Alemão?

Distanz von Thomas Sieben Ken Duken und Franziska Weisz
'Distanz', de Thomas Sieben, abre a mostra Perspectivas do Cinema AlemãoFoto: Berlinale

Alfred Holighaus: Ele deve ter diferentes qualidades. Existem algumas condições formais. O filme deve ter, pelo menos, 20 minutos de duração. Ele pode durar duas horas, não faz diferença, mas 20 minutos é o mínimo. Ele deve ser feito por alguém que esteja no início da carreira. No entanto, não estabelecemos limites de idade, poderia ser também uma pessoa de 60 anos com o seu primeiro filme, isso também seria interessante.

Depois disso vem naturalmente o conteúdo, o que é bem mais excitante quando falamos em Perspectivas do Cinema Alemão. Queremos, de fato, abrir perspectivas. Queremos mostrar filmes feitos por talentos que futuramente terão maior influência, que experimentam formas, contam histórias interessantes, que talvez já tenham encontrado temas que não são totalmente perfeitos, mas que se encontram, por assim dizer, no caminho certo.

Também são mostrados filmes na forma de documentário. O que um documentário deve ter para ser exibido na Berlinale?

Esta é uma pergunta muito importante, acredito, porque os documentários nem sempre funcionam no cinema. Na verdade, os filmes de ficção também não, embora eles sejam feitos preferencialmente para o cinema.

O público de um documentário deve receber uma oferta semelhante àquelas disponíveis para filmes de ficção. Isto é, trata-se de entretenimento, de emoções e, por isso, de dramaturgia. Eu não considero apto para cinema um documentário em sua forma clássica, como conhecemos da televisão, ou uma reportagem mais longa. Porque se trata, por assim dizer, de vivenciá-lo em grupo. Como espectador interativo, pode-se rir, chorar, reagir a ele. Há atualmente uma geração de documentários que alcançam estes objetivos com grande sucesso.

O senhor já trabalhou como crítico de cinema. O que acha do atual cinema alemão? Depois da geração de Fassbinder veio um buraco. Agora existe a geração Tykwer. O que acontece no momento?

Há duas boas notícias. Uma delas é que há dez anos não temos interrupções. Que não temos buraco. Houve um buraco artístico depois de Fassbinder, que jamais será preenchido. Ele foi um gênio do século e não se vê isso frequentemente.

Szene aus dem Film Achterbahn von Peter Dörfler
'Achterbahn', de Peter Dörfler, é um dos documentário exibidos na mostraFoto: Internationale Filmfestspiele Berlin

Isso não foi somente um buraco artístico, mas também um buraco econômico e foi um tempo no qual nada realmente aconteceu. Isso mudou. Houve uma época em que se foi muito unidimensional. Até que rolava algo, mas era muito unidimensional.

Neste meio tempo, temos a geração Schlöndorff, Wenders, que ainda fazem filmes. Temos também a geração entre ambos, como Rainer Kaufmann ou também Wolfgang Becker e Tom Tykwer.

E depois há ainda outra geração ainda em atividade, cujos trabalhos são exibidos em cinemas convencionais, excetuando festivais e viagens, e que está normalmente integrada às discussões.

Esta é a continuidade que temos há dez anos e que há muito, muito tempo não se via nos filmes alemães. Por isso, sinto-me muito bem quando penso no cinema alemão.

Qual a segunda resposta positiva?

Ao lado da continuidade, houve também a diversidade. Isso se mostrou nos últimos anos. Houve, nos anos 90, os filmes de relacionamentos, um tema que foi muito explorado.

Hoje, na verdade, não se pode mais dizer que exista um gênero alemão, mas que se trabalha com todos os gêneros. E isso, em certa parte, é uma desvantagem dos filmes alemães, mas também uma vantagem por eles funcionarem independentemente de gêneros.

Muitas vezes, nem se pode classificar os filmes alemães em um gênero. Sob o aspecto de conteúdo e estilo, trata-se de uma diversidade que há muito tempo não se via. E ela também é recebida pelo público.

Há alguns problemas com os filmes alemães. Um deles sempre é citado por diretores e especialistas. Um problema são os altos investimentos da televisão. Mas filmes para cinema são frequentemente gravados no formato de televisão. O que acha disso?

Isso é sempre difícil. Acontece que a televisão é que torna possível o cinema na Alemanha! Não há dúvidas. Com isso, a possibilidade de influenciar também é fácil. Por um lado, há diretores que rejeitam esta influência mais que outros. E por outro lado há os redatores que tentam captar esta influência de forma mais intensa do que outros. E assim são feitos filmes para o cinema em que se reconhece mais nitidamente a televisão.

Mas há também filmes de televisão que desenvolvem uma grande força cinematográfica. [...] Mas uma coisa é bem clara: a influência da televisão é sempre uma influência estética. E este nem sempre se deixa negar.