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Novo perfil dos alemães no Eurovisão

av19 de março de 2004

A cena musical alemã parte para a ofensiva no festival da canção européia. Em vez de ‘bregas’, ‘vovôs’ e palhaços, a fina flor da música jovem atual se prepara para competir na final nacional do Eurovisão, em Berlim.

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A final do Eurovisão 2003 foi em RigaFoto: Thorsten Karg

A final alemã para o Festival Eurovisão (Eurovision Song Contest) está irreconhecível: neste 19 de março não haverá nem canções "brega" nem a presença de Ralph Siegel, o "poderoso chefão" do gênero. Só poderá representar a Alemanha quem estiver entre os "40 mais" das paradas de sucesso.

O perfil da canção que defenderá a Alemanha em Istambul está praticamente definido: jovem, simpática e pop. Os 11 selecionados querem tirar o mofo antiquado dos anos anteriores. A emissora NDR, que organiza a final nacional, apostou no gosto musical das paradas de sucesso: pop, funk, soul, rap, tecno e electropop. Insatisfeita com as taxas de audiência cada vez mais baixas do Eurovisão, ela resolveu dirigir-se ao público abaixo dos 30.

Necessidade ditou a mudança

O diretor do departamento de televisão da NDR, Jürgen Meier-Beer, explica o raciocínio que levou a esta decisão: "Desde que foi criado, o Eurovisão é um concurso internacional. Não estamos mais na década de 70, quando as canções ‘brega’ ou de cunho folclórico se entendiam como música internacional em idioma alemão. Agora elas são consideradas apenas um produto para o mercado interno. Portanto é lógico entrarmos na competição com os gêneros musicais alemães que aspiram ao mercado internacional."

Nesta guinada, o canal de música pop Viva cumpre a função de um "filtro de gosto": só quem já houver apresentado seu vídeo-clip naquela emissora pode aspirar a uma chance na Turquia, em 15 de maio. A mudança não poderia ser mais radical: enquanto os espectadores do Eurovisão 2003 tinham, em média, 49 anos, a dos fãs da Viva é de 28 anos de idade.

Dois coelhos de uma só cajadada

A renovação do grand prix da canção européia é também uma tentativa de tirar o mercado fonográfico alemão da crise. As vendas do setor caíram 11%, somente no ano passado. Como o concurso se tornara uma plataforma para novatos e cantores gaiatos, nenhum artista de renome se rebaixava (ou arriscava) a concorrer: perder para a segunda divisão seria uma vergonha. Somente graças ao envolvimento da Viva, as companhias de discos se dispuseram a enviar seus astros.

A final nacional para o Eurovisão 2004 tornou-se um verdadeiro desfile dos nomes mais importantes da atual cena musical alemã: do teuto-iraquiano Laith Al-Deen à banda tecno Scooter; da ex-namorada de Boris Becker, Sabrina Setlur, ao pop ingênuo da banda pop Mia, ou ao boy-group Overground, casteado pela TV Pro 7, estão representadas praticamente todas as principais tendências atuais.

A categoria dos wild cards possibilitará também a novatos talentosos participarem da final em Berlim – com a condição de já haverem conquistado uma colocação nas paradas. O mais cotado dentre estes é Max, um estudante de cabelos ralos, mas com uma grandevoz para blues.

TV-Total Star Stefan Raab, Porträtfoto
Stefan Raab: de palhaço do Grand Prix a casteador sérioFoto: AP

Ele foi uma das descobertas do programa de TV de Stefan Raab. E aqui, um caso tocante de conversão: após compor durante anos a ala gaiata do Eurovisão, Raab, o apresentador brincalhão e sarcástico, dedicou-se em 2004 a um trabalho sério de casteamento, que já revelou alguns jovens talentos.