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Meio Ambiente

(rr)6 de abril de 2007

Após noite de discussões, a ONU divulga a segunda parte de um amplo relatório sobre o clima, no qual avalia o impacto social e ecológico do aquecimento global. EUA, China, Rússia e Arábia Saudita suavizam texto final.

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Gelo no Ártico e nos Alpes derrete em ritmo aceleradoFoto: picture-alliance/ dpa

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou nesta sexta-feira (06/04) a segunda parte de um amplo relatório sobre o aquecimento global, na qual peritos de mais de uma centena de países envolvidos no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, segundo a sigla em inglês) avaliaram a vulnerabilidade das diversas regiões do globo e o impacto a que estarão expostas com o aumento da temperatura.

Após uma reunião em Bruxelas que durou a noite toda e a manhã da sexta-feira, a versão final do relatório Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, de cerca de 1400 páginas, foi divulgada com algumas horas de atraso, devido principalmente a contestações feitas por Rússia, China, Arábia Saudita e Estados Unidos e que dificultaram a concretização do acordo.

Klimawandel Arktiseis schmilzt in Rekordtempo
Imagens de satélite 1979 e 2005 ilustram derretimento do gelo da calota polarFoto: picture-alliance/ dpa

Enquanto os EUA reivindicaram e obtiveram a eliminação de um parágrafo que alertava para perigosos efeitos na América do Norte, a China criticou a formulação que advertia para "riscos muito elevados", questionando os critérios científicos empregados. Especialistas criticaram esta resistência como "vandalismo" da política perante a ciência.

Futuro nefasto

Cientistas avaliam que 30% do total de espécies vegetais e animais poderia desaparecer da face do planeta se a temperatura subisse entre 1,5ºC e 2,5 ºC. Os seres humanos, aliás, respondem por 90% da culpa pelo aquecimento do globo.

Entre os efeitos previstos, estão a proliferação de doenças, a redução dos rendimentos agrícolas, aumento de tempestades tropicais e secas, degelo da calota polar e de picos nevados e o conseqüente aumento do nível do mar.

Países mais pobres são ao mesmo tempo os menos culpados e os mais afetados. Por isso, a ministra alemã de Cooperação Econômica e Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, pede que países industrializados façam mais para conter o aquecimento terrestre. Ela sugere também que países que possuem florestas tropicais recebam ajuda financeira, já que 20 a 25% do aquecimento pode ser causado pela destruição florestal.

Europa sofrerá impacto variado

Só na Europa, cerca de 30 mil dados científicos compilados alertam para expressivas alterações na fauna e na flora. "As plantas florescem mais cedo e espécies adaptadas ao calor migram para novas regiões", alerta o pesquisador Hans-Martin Füssel, da Universidade de Potsdam. Segundo ele, a onda de calor de 2003, que causou a morte de muitas pessoas no continente, pode ser considerada conseqüência indireta da mudança climática.

Brüssel EU-Klima-Report
Negociações em Bruxelas duraram uma noite inteiraFoto: AP

Ele adverte que a população européia terá que se preparar cada vez mais para variações extremas de temperatura. "Em todo o continente, aumentarão as ondas de calor e as inundações. Na Europa Central e no Norte Europeu, haverá mais enchentes nos períodos de degelo, e o sul da Europa sofrerá ainda mais com secas e incêndios florestais". Além disso, o aumento do nível do mar pode levar a cheias na costa, tempestades e enchentes fluviais.

Especialmente ameaçados estão plantas e animais de regiões serranas, que só em parte poderão escapar para regiões ainda mais altas. "Se a emissão de gases poluentes não for contida, mais da metade dessas espécies estará desprovida da base de sua existência", explica.

Conseqüências positivas?

Mas Füssel também lembra que determinadas regiões poderão sofrer conseqüências positivas do aquecimento. Uma delas é a diminuição de doenças relacionadas ao frio, como gripes e congelamentos. Além do turismo nas regiões costeiras, outra atividade que poderia lucrar com o aumento da temperatura é a agricultura. "Especialmente no norte da Europa pode-se esperar um aumento do potencial de cultivo agrícola."

Ele adverte, entretanto, que os efeitos negativos serão sempre mais numerosos que os positivos: "Não há nenhuma região em que sejam esperados apenas efeitos positivos".