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Novos cardeais acentuam dominância europeia no Vaticano

18 de fevereiro de 2012

Mais da metade dos 125 cardeais da Igreja Católica é de origem europeia. América Latina, região que concentra maior número de católicos, continua mal representada entre os principais assessores de Bento 16.

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Papa Bento 16 e o Colégio CardenalícioFoto: picture-alliance/dpa

Há anos, analistas da religião católica falam na tendência de uma Igreja mais internacionalizada. Os argumentos para tal diversificação seriam o crescente número de católicos na América Latina, ao contrário da Europa, onde a religião dá sinais de debilidade. No entanto, essa mudança ainda não se reflete no círculo de cardeais. Isso mostra o Consistório que transcorre neste sábado (18/02) no Vaticano, com a ordenação solene de 22 novos cardeais.

Poucos latino-americanos

Os cardeais não são apenas os mais altos dignitários católicos, depois do Papa, como também seus mais importantes assessores. Além disso, formam o Colégio Cardinalício, que organiza a votação para escolha do Papa e, por fim, o elege. Dos 22 novos cardeais recém-nomeados por Bento 16, quatro têm mais que 80 anos, não podendo, portanto, participar mais da eleição papal.

Com o resultado do atual Consistório, a proporção de cardeais europeus será a maior das últimas décadas: 67 de um total de 125, sendo quase um quarto, italianos. Na lista dos 22 novos escolhidos pelo Papa, constam 16 da Europa, dois da Ásia e quatro das Américas. Entre eles, um brasileiro: dom João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Brasília e atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Na verdade, muitos especialistas contavam com a diminuição do papel tradicionalmente forte dos italianos no Colégio Cardinalício e na Cúria, o órgão administrativo da Santa Sé. No entanto, ocorre justamente o contrário.

A composição do atual Colégio não reflete, em absoluto, a dinâmica do catolicismo mundial nas últimas décadas. Apenas um em cada quatro católicos vive na Europa; aproximadamente metade se encontra nas Américas, principalmente na América Latina. Quase a metade dos 1,2 bilhão de católicos do mundo fala português ou espanhol.

Porém justamente os países onde o catolicismo floresce estão mal representados no círculo que elege o Papa: o Brasil passará a ter seis cardeais abaixo dos 80 anos, o México terá quatro. Se a Igreja Católica tivesse que eleger agora um novo líder, dos participantes do Conclave apenas 22 cardeais seriam latino-americanos. Além disso, três deles completam 80 anos de idade em 2012, ficando, assim, fora da eleição papal.

Dominância alemã

Numa análise mais detalhada dos cardeais europeus, nota-se que, depois da Itália, a Alemanha é a presença mais forte. Com os dois novos nomeados no Consistório deste sábado, são nove cardeais alemães, o maior número na história do Vaticano. Um outro superlativo: aos 55 anos, o atual arcebispo de Berlim, Rainer Maria Woelki, será o cardeal mais jovem da história.

A cerimônia do final de semana vai registrar ainda um outro ponto interessante: no futuro, 63 dos 125 cardeais que poderão eleger o novo papa – quase a metade – foram nomeados pelo atual líder da Igreja, Bento 16.

Contudo, a distribuição nacional e continental não permite necessariamente prever o resultado de um próximo Conclave. Na escolha do Sumo Pontífice, as escolas teológicas e os círculos de amizades são fatores mais determinantes. Mas,seja como for, parecem bastante restritas as chances de, num futuro próximo, um latino-americano se tornar o sucessor de São Pedro.

Autores: Christoph Strack (np)
Revisão: Augusto Valente