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Conectando a África

22 de julho de 2009

Nesta semana está sendo concluído um dos três projetos que implementarão a internet de banda larga na África. Especialistas preveem queda de preço do acesso à internet em até 90% no continente.

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Preço do acesso à internet na África é um dos mais altos do mundoFoto: AP

Com uma população estimada em cerca de 975 milhões de pessoas em 2008, a África conta somente com pouco mais de 54 milhões de usuários de internet, segundo os últimos dados do Internet Usage Stats (site de estatísticas dos usuários de internet). O continente, todavia, apresentou o maior crescimento mundial do número de internautas (1.100%) entre 2000 e 2008.

Os internautas africanos representam somente 3,4% do total mundial. No Egito (10,5 milhões), na Nigéria (10 milhões), no Marrocos (6,6 milhões) e na África do Sul (4,6 milhões) estão os maiores grupos de usuários. A partir desta semana, o acesso à internet no continente africano deverá ficar mais fácil.

Nesta quinta-feira (23/07) será concluído a instalação de um cabo de fibra óptica que conectará a parte oriental e meridional da África à Europa e à Ásia. Construído pela empresa Seacom, esse é um dos três projetos que levarão a internet de banda larga ao continente. Segundo especialistas, a nova conexão de fibra óptica poderá diminuir consideravelmente o preço do acesso à internet entre os africanos.

Queda de preços

De acordo com Cristoph Stork, da organização Research ICT Africa, que presta serviços de consultoria de tecnologia de comunicação e informação em 19 países africanos, o preço do acesso à internet no continente está entre os mais altos do mundo, o que afasta muitos africanos da web.

"Enquanto nos Estados Unidos a população se irrita com limites de 250 gigabytes por mês, os sul-africanos têm que pagar pelo acesso à internet móvel em banda larga cerca de 100 euros por gigabyte", explica.

"Estamos esperando uma forte queda [nos preços] assim que o cabo da Seacom estiver em plena operação", diz Stork, acrescendo que os preços poderão diminuir para níveis até 90% menores que os atuais. "Ainda serão muito mais altos do que aqueles que clientes europeus, indianos ou norte-americanos estão acostumados a pagar, mas mesmo assim será uma grande queda."

Assim que os preços das conexões caírem, muito mais africanos poderão usar a internet atrás de notícias, informação e entretenimento, comenta Stork. Atualmente, segundo o Internet Usage Stats, a penetração da internet na África é de 5,6% da população. No mundo, essa média é de 26,6%.

Internet rápida e crescimento econômico

Digitale Bibliothek
Egito é o país com mais internautas na ÁfricaFoto: AP

De acordo com um relatório do Banco Mundial divulgado em junho último, o investimento na infraestrutura necessária para o acesso à internet rápida e o uso eficiente das redes de banda larga trarão benefícios a muitos africanos.

O estudo mostrou que um aumento de 10% do número de conexões de internet rápida levaria a um crescimento econômico de 1,3%. Conexões de internet de banda larga fornecem a base para os serviços locais de tecnologia de informação, criando empregos, aumentando as exportações e promovendo a inclusão social, afirmou o Banco Mundial.

Stork afirma que, se os preços caírem substancialmente, regiões da África poderão se tornar mais atraentes para call centers e indústrias que se apoiam fortemente nas telecomunicações. "A África do Sul já lucra com a terceirização de serviços, o que beneficia Gana, Quênia e Uganda", comenta. "As vantagens são que grande parte da África está numa zona horária próxima à do Reino Unido, os salários são muito baixos e fala-se inglês nativo", explica.

Duas outras conexões

A conexão da Seacom, que tem a ilha Maurício como base e pertence 77% a africanos, terá uma capacidade de 1,2 terabytes por segundo, o que é o suficiente para transmitir cerca de 300 mil fotos digitais em um segundo.

Duas outras conexões submarinas de alta capacidade para o leste africano estão em estágio de construção. Um projeto conhecido como TEAMS, que é parcialmente financiado pelo governo queniano, tem início planejado para o final de 2009 e deverá conectar o Quênia aos Emirados Árabes Unidos. O terceiro projeto, o Sistema de Cabo Submarino do Leste Africano (EASSy), é financiado por uma parceria público-privada e deverá se estender do Sudão à África do Sul.

Outro lado do boom da internet

O boom da internet na África também possui outro lado – o aumento dos casos de crimes cometidos pela internet. Em países como a África do Sul, onde muitas pessoas acessam o internet banking, registram-se um grande número de ataques phising, ou seja, tenta-se atrair o usuário para uma página falsa de internet com vista à espionagem de seus dados bancários.

Os criminosos on-line não se restringem somente ao continente africano. Já há anos bandos nigerianos tentaram extorquir dinheiro de pessoas em outros países através do sistema de pirâmide, primeiro através do fax e, posteriormente, por e-mails.

Países em desenvolvimento são bastante atraentes para crime on-line organizado. Ali se encontra mão-de-obra especializada disposta a criar e espalhar vírus e programas de espionagem pela internet em troca de uma pequena remuneração. Quanto maior o número de conexões de internet, mais fácil fica a propagação de programas nocivos através do globo.

Autor: Sean Sinico / Carlos Albuquerque

Revisão: Alexandre Schossler