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"O antissemitismo é uma vergonha", diz Merkel

15 de setembro de 2020

Em comemoração do 70º aniversário do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, chanceler federal expressa preocupação com racismo e disseminação de teorias da conspiração e discurso de ódio contra judeus na internet.

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Angela Merkel discursa em púlpito
"O antissemitismo nunca desapareceu na Alemanha", diz Merkel em evento pelo aniversário de entidade judaicaFoto: picture-alliance/dpa/B. v. Jutrczenka

Em discurso nesta terça-feira (15/09) em cerimônia comemorativa do 70º aniversário do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que o antissemitismo nunca desapareceu na Alemanha.

"O fato de muitos judeus não se sentirem seguros, não se sentirem respeitados em nosso país, é parte da realidade de hoje e me causa grande preocupação", disse Merkel na cerimônia, realizada em Berlim.

"É uma vergonha e me envergonha profundamente a maneira como o racismo e o antissemitismo se manifestam nos últimos tempos", afirmou a chanceler. "É verdade que o racismo e o antissemitismo nunca desapareceram, mas há algum tempo eles se manifestam de maneira cada vez visível e desinibida."

Merkel afirmou que, com frequência, judeus são alvo de ofensas, ameaças, teorias da conspiração e discurso de ódio nas redes sociais. "Isso é algo que nunca devemos aceitar em silêncio", disse ela, sob aplausos.

Merkel lembrou o ataque a uma sinagoga na cidade alemã de Halle em outubro do ano passado como um exemplo de "como as palavras podem se tornar ações rapidamente".

Em discurso anterior ao de Merkel, o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, também denunciou a crescente proeminência do sentimento antissemita, incluindo um aumento nas teorias da conspiração e crimes contra judeus.

"Teorias de conspiração antijudaicas, semelhantes às da Idade Média, ressurgiram durante a atual pandemia de coronavírus", disse Schuster. "As ideias dos nazistas ainda não desapareceram", acrescentou.

O Conselho Central dos Judeus na Alemanha foi criado em Frankfurt em 1950, inicialmente para representar os judeus sobreviventes do Holocausto que estavam considerando o exílio ou se mudando para a recém-fundada Israel. O órgão representava cerca de 15 mil judeus localizados nas zonas de ocupação americana, francesa, britânica e soviética do pós-guerra, assim como exilados que cogitavam retornar à Alemanha.

A entidade representa atualmente os interesses políticos e sociais de 23 associações regionais e 105 comunidades judaicas, com um total de 100 mil membros.

Schuster chamou os fundadores do conselho de "pioneiros", que merecem respeito por seu papel de plantar a semente para a vida judaica na Alemanha, dizendo que eles mostraram "grande confiança" na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, por se sentirem ligados ao país.

MD/afp/epd/kna