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O Brasil na imprensa alemã

8 de março de 2017

Veículos do país europeu destacam trajetória do empreiteiro Marcelo Odebrecht e de sua empresa, fundada por imigrantes alemães. Livro sobre traficante carioca também é tema de reportagem.

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Marcelo Odebrecht
Süddeutsche Zeitung: "O que Marcelo Odebrecht sabe é um tesouro para os procuradores e um pesadelo para os políticos"Foto: picture-alliance/dpa/H. Alves

A imprensa alemã publicou nos últimos dias dias reportagens sobre a Odebrecht e a trajetória do herdeiro da empresa, Marcelo, além de relatar as implicações do escândalo de corrupção que envolve o grupo. A revista Wirtschaftswoche chama a atenção para as origens alemãs do fundador da empreiteira, Norberto. A publicação de uma biografia do traficante Nem também foi tema de um texto do jornal Frankfurter Rundschau.

Süddeutsche Zeitung: "Marcelo Odebrecht, empreiteiro e figura-chave de um vasto escândalo de propina", 7.03.2017

O jornal de Munique traça um perfil do herdeiro do Grupo Odebrecht, Marcelo, que está atualmente preso em Curitiba por causa do seu envolvimento no esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato.

"Em 2016, Marcelo Bahia Odebrecht foi sentenciado a 19 anos e quatro meses de prisão [...] No começo, Odebrecht se comportou de maneira obstinada. Aparentemente, ele não queria acreditar que não vale a mais a velha regra de que as pessoas com dinheiro e um bom advogado não são sentenciadas. Foi somente após 18 meses em uma cela menor que seu jatinho particular que o pai de três meninas decidiu falar. O juiz responsável disse 'espero que o Brasil sobreviva'. A resposta ainda é uma incógnita. O que Odebrecht sabe é um tesouro para os procuradores e um pesadelo para os políticos."

Wirtschaftswoche: "Com rigor alemão" 3.03.2017

A revista semanal de economia baseada em Düsseldorf aborda a história e as atividades da empreiteira Odebrecht. 

"Os empregados do conglomerado, fundado por imigrantes alemães, construíram estádios, aeroportos, autoestradas, linhas de metrô, refinarias e estaleiros, especialmente na América Latina e na África. A empresa não embarcou na construção de uma linha do S-Bahn [trem de superfície] em Berlim. Os brasileiros reclamaram para o embaixador alemão sobre a falta de transparência na proposta do projeto. Os responsáveis da Odebrecht justificaram o recebimento de tantos projetos por causa da alta qualidade de suas atividades. O planejamento, construção e financiamento eram feitos de acordo com o 'padrão Odebrecht' e com 'rigor alemão'.

A família Odebrecht emigrou da Prússia ao Brasil no século 19. Há mais de meio século, na capital da Bahia, Salvador, no Nordeste do Brasil, Norberto Odebrecht fundou a empresa. Até sua morte, três anos atrás, o fundador de 94 anos, fluente na língua alemã, ia todos os dias, de terno de linho branco, para o trabalho."

Frankfurter Rundschau: "Ele não é o diabo" 6.03.2017

O jornal de Frankfurt comenta o livro O Dono do Morro: Um homem e a batalha pelo Rio, uma biografia do traficante carioca Nem, que comandou a favela da Rocinha e hoje cumpre pena. O livro foi escrito pelo jornalista britânico Misha Glenny.

"A história de um jovem pai que entra para o mundo do narcotráfico por causa da falta de ajuda do Estado para com seu filho doente é uma acusação contra os privilegiados em uma sociedade. Esse é mais do que um livro sobre uma favela distante da Europa. As experiências dos excluídos no Brasil não são as mesmas em intensidade, mas compartilham características com a de muitos imigrantes na Europa, especialmente os que vivem na periferia de metrópoles da França, mas também na Bélgica, na Suécia e em lugares de vulnerabilidade social na Alemanha.

A lição mais importante do livro é que, mais cedo ou mais tarde, os excluídos passam a se organizar por si mesmos. Eles também querem uma boa vida, eles também querem festejar, criar seus filhos. No entanto, eles têm pouca ou nenhuma confiança em um Estado que os negligenciou por tanto tempo e, portanto, não dão importância para suas leis e valores."

JPS/ots