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O Brasil na imprensa alemã (08/08)

8 de agosto de 2018

Proibição do uso do glifosato, Haddad como vice de Lula e abertura de mercado brasileiro de armas são destaques da semana que passou.

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Agricultores franceses pulverizam glifosato em campo do país
Foto: Getty Images/AFP/J.-F. Monier

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Justiça brasileira proíbe glifosato, 07/08/2018

A indignação entre os fazendeiros foi imediata. O diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Lourenço, até previu o fim da agricultura se a proibição for mantida: "É impossível fazer agricultura sem esses produtos", disse, segundo a agência Reuters. A declaração evidencia o quanto especialmente o Brasil e seu boom agrícola dos últimos 15 anos passaram a depender do herbicida e de plantas geneticamente modificadas.

A soja brasileira, juntamente com a dos Estados Unidos, é uma das principais fontes de proteína, usada também por criadores alemães de aves e de porcos. A carne de frango brasileira se tornou um campeão global de exportações – porém, com consequências graves para os ecossistemas do solo e para a paisagem do país. Fala-se em "desertos de soja", que caracterizam principalmente a paisagem do estado do Mato Grosso.

Tageszeitung – "Candidato do Lula" pelo PT: Fernando Haddad, 07/08/2018

Ele é o Plano B, em todos os aspectos: Fernando Haddad é candidato à vice-Presidência na chapa de Lula. No domingo (05/08) à noite, literalmente no último segundo, o Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou que Haddad, ao lado do popular ex-presidente Lula, deverá ser o segundo motor na corrida pela Presidência. Há meses que o ex-prefeito de São Paulo era tido como favorito ao cargo.

Fernando Haddad entrará na disputa menos com o próprio nome do que como "candidato do Lula". Porém, Haddad possui um perfil próprio como político. A partir de 2005, exerceu por sete anos o cargo de Ministro da Educação durante a presidência de Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff. Em 2012, venceu inesperadamente a eleição a prefeito de São Paulo e empurrou um pouco a metrópole industrial, usualmente governada por forças conservadoras, em direção ao desenvolvimento ecológico urbano. Aos 55 anos, faz parte da ala jovem do PT, que, depois de 14 anos no poder e diversos escândalos de corrupção, necessita urgentemente de uma renovação.

Não será tarefa fácil para o "candidato do Lula". Ele precisa representar o ícone carismático da esquerda brasileira e, ao mesmo tempo, incorporar um novo estilo de fazer política, sem o qual o PT mal tem chances de voltar ao poder.

Handelsblatt – Nova munição para o Brasil, 07/08/2018

A fabricante de armas suíça Ruag foi a pioneira: desde que foi autorizado o pedido da empresa estatal com sede em Berna para construir uma fábrica de munição no Brasil, em setembro passado, cada vez mais concorrentes internacionais seguem seu exemplo. Agora, o produtor tcheco CZ e a austríaca Glock fizeram requerimentos junto ao Exército e ao governo brasileiros para construir fábricas próprias no país. Também o concorrente Caracal, dos Emirados Árabes Unidos, parece estar pensando em construir uma filial, segundo relato do jornal Valor Econômico.

O novo movimento no setor está chamando atenção internacional: com ele, o monopólio dos fabricantes brasileiros de armas, que já vigora há 90 anos, pode cair por terra.

Segundo estimativas da pesquisa Small Arms Survey, em Genebra, o Brasil possui o sexto maior arsenal de armas no mundo – elas estão nas mãos de cidadãos, da polícia e dos militares. Os especialistas da Small Arms Survey calculam que o arsenal seja de 17,5 milhões de armas. Ao mesmo tempo, o Brasil é o terceiro maior exportador mundial de armas de fogo, depois dos Estados Unidos e da Itália.

(...) Assim, o Brasil é o país com a maior taxa de assassinatos mundial. No ano passado, 60 mil pessoas foram mortas no país, grande parte das quais com armas de fogo. Apenas cerca de 3% da população mundial vivem no país, mas 10% das mortes em todo o mundo acontecem lá. Apesar das – ainda – rígidas leis contra o armamento, o mercado brasileiro de armas parece ser pouco controlado.

Sintomático para esse fato é o assassinato da vereadora municipal Marielle Franco no Rio de Janeiro, em março deste ano: segundo as investigações da polícia, os autores do crime usaram munições de um lote militar que a fabricante brasileira CBC tinha fornecido ao Exército. As balas mortais teriam sido disparadas de uma submetralhadora MP5 da alemã Heckler & Koch, que no Brasil só pode ser comprada por forças militares após autorização individual.

RK/ots

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