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O Brasil na imprensa alemã (13/03)

13 de março de 2019

Postura reservada de Bolsonaro em relação a milícias, caso Marielle Franco e suposta negligência da empresa alemã TÜV Süd em Brumadinho foram destaque em meios alemães.

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Jair Bolsonaro
"Bolsonaro demonstra postura surpreendentemente reservada em relação a milícias", diz jornalFoto: Reuters/A. Machado

Der Tagesspiegel – Paramilitares aterrorizam favelas brasileiras, 13/03/2019

As milícias são um fenômeno tipicamente brasileiro: as organizações criminosas são formadas por policiais na ativa e ex-policiais, bombeiros, autoridades municipais e, segundo os investigadores, controlam cerca de 25% da área da cidade do Rio. Eles estão envolvidos no tráfico de drogas e na extorsão e decidem quem recebe eletricidade, gás e água corrente.

O novo presidente do Brasil, Bolsonaro, gosta de projetar a imagem de um homem implacável. Para ele, a polícia precisa tomar medidas decididas contra grupos como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital nas favelas. As autoridades que matam criminosos em ação não devem ser investigadas, elas merecem uma medalha, diz ele. Em relação às milícias, porém, ele demonstra postura surpreendentemente reservada.

O nome de um dos filhos de Bolsonaro, Flávio, aparece reiteradamente nas investigações sobre o assassinato de Marielle Franco. A esposa e a mãe de Adriano Magalhães da Nóbrega estiveram temporariamente empregadas em seu gabinete de deputado. Atualmente foragido, o ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também teria envolvimento no assassinato de Franco. "Sou vítima de uma campanha difamatória contra o governo de Jair Bolsonaro", escreveu o senador, em comunicado.

Bolsonaro Júnior chegou a propor o nome de Nóbrega para uma medalha de honra ao mérito. Em geral, parece que o filho mais velho do presidente nutre certas simpatias pelas milícias. (...)

Porém, já faz tempo que as próprias milícias se tornaram um problema nas favelas.

(…) Ao contrário das gangues do narcotráfico e dos presídios, as milícias operam na interface entre o Estado e o submundo. Frequentemente, os funcionários de assembleias municipais e de deputados atuam nas milícias. "Um ano após a morte de Marielle Franco, fica evidente que se tratava de um assassinato seletivo cuidadosamente planejado e executado, no qual agentes do Estado provavelmente participaram de alguma forma", afirma a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck.

Der Spiegel – Documentos internos pesam sobre a TÜV Süd, 07/03/2019

Possivelmente, a devastadora avalanche poderia ter sido evitada. De acordo com documentos da Promotoria de Brumadinho aos quais a Der Spiegel teve acesso, os responsáveis tinham conhecimento de problemas de segurança do monte composto por cascalho, rejeitos de mineração e lama há cerca de 15 meses. "As nossas provas mostram: não foi acidente", diz William Garcia Pinto Coelho, o promotor responsável.

Para a alemã TÜV Süd, isso pode se tornar um grande problema. A empresa de certificação, que gosta de se autorretratar como símbolo da minúcia alemã, foi responsável por minimizar o risco de um deslizamento de lama. Do ponto de vista de Coelho, a TÜV Süd não fez jus a essa responsabilidade.

Segundo o protocolo do depoimento de uma testemunha, os certificadores alemães estiveram envolvidos em muitas decisões questionáveis antes do acidente da barragem. E e-mails internos provam que um gerente da TÜV baseado em Munique também esteve envolvido.

Süddeutsche Zeitung – O Fusca que queima, 07/03/2019

Um dos motivos mais marcantes [da exposição "O Poder da Multiplicação", em Leipzig] é a fotografia de um Fusca da Volkswagen em chamas que Pagatini encontrou na internet, manipulou e imprimiu sobre papel de seda japonês. (...) A obra "Manipulações", de 2016, retoma um motivo popular da época dos protestos contra a ditadura militar brasileira.

O trabalho de Rafael Pagatini não é apenas um comentário sobre o tema atual das notícias falsas, sobre um ícone do milagre econômico e sobre a colaboração da economia alemã com os então detentores do poder. Ele também aguça o olhar sobre como imagens são construídas e como a política, a história e a memória estão interligadas.

Rafael Pagatini trabalha com temas políticos e arquivos. Mas ele os manipula digitalmente, os traduz de volta para o analógico e os desconstrói poeticamente. Isso não é arte política no sentido convencional. É mais uma tentativa inteligente de uma estética política que funciona através das técnicas de transformação. "Nunca usei um retrato de Bolsonaro no meu trabalho", sublinha o artista, destacando sua reserva contra uma categoria desgastada.

No entanto, com suas obras, tornou-se protagonista de uma geração de artistas brasileiros nascidos na fase de redemocratização desde 1985. Ela tenta minar precisamente a narrativa histórica estabelecida que os militares queriam cimentar já em 1979 com a Lei da Anistia. Para o artista, o fato de, nos últimos anos, grandes empresas brasileiras terem feito campanhas com anúncios semelhantes em prol do impeachment da impopular presidente Dilma Rousseff, como fizeram para a saudação dos presidentes militares, mostra a continuidade ininterrupta das antigas estruturas de poder da sociedade brasileira.

RK/ots

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