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O Brasil na imprensa alemã (18/11)

18 de novembro de 2020

As eleições municipais brasileiras e o impacto da derrota de Trump para o governo Bolsonaro foram assuntos de destaque na mídia da Alemanha. "Parece que o declínio do presidente brasileiro começou", diz jornal.

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Urna eletrônica em primeiro plano e cadeirante ao fundo, em local de votação
Imprensa do país europeu repercutiu resultados das votações brasileirasFoto: Tarso Sarraf/Getty Images/AFP

Neues Deutschland – Esquerda brasileira tem motivo para esperança (11/11)

As eleições municipais de domingo no maior país da América do Sul não mudaram o mapa político local, mas alteraram um pouco o equilíbrio de poder. No total, vários partidos conservadores tradicionais do chamado Centrão conseguiram obter a maioria dos mandatos. Mas as forças de esquerda como um todo também foram capazes de expandir sua posição nas grandes cidades. O Partido dos Trabalhadores (PT) não é mais a hegemonia evidente neste campo. O Partido Socialismo e Liberdade (Psol), que emergiu de uma dissidência à esquerda do PT, ganhou significativamente em peso.

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Pelo menos 33 dos 45 candidatos a vereadores apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral fracassaram no domingo. Dos aspirantes a prefeito, apenas o evangélico fundamentalista Marcelo Crivella concorre no segundo turno, daqui a duas semanas: no Rio de Janeiro, onde o filho de Bolsonaro, Carlos, conseguiu se reeleger, com perda de votos em comparação com 2016.

No interior, principalmente nos estados de Mato Grosso e Pará, muitos grandes proprietários de terra também se candidataram a cargos políticos. De acordo com pesquisas de ONGs ambientalistas, pelo menos 752 candidatos a prefeito ou vereador já haviam recebido multas do Ibama por crimes ambientais, como extração ilegal de madeira ou queimadas em áreas protegidas.

Der Spiegel – Bolsonaro teme a imagem de perdedor (17/11)

Os candidatos de Jair Bolsonaro não tiveram chance nas eleições municipais do país. Parece que o declínio do presidente brasileiro começou.

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Quando milhares de municípios brasileiros elegeram novos prefeitos no último domingo, os candidatos apoiados por Bolsonaro quase não se destacaram. Em cidades importantes como São Paulo ou Belo Horizonte, eles sequer chegaram ao segundo turno. No Rio de Janeiro, isso foi conseguido pelo prefeito evangélico Marcelo Crivella, mas suas chances de mais quatro anos no cargo são extremamente pequenas.

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Entretanto, o golpe mais duro para Bolsonaro é a derrota de seu ídolo Donald Trump nos EUA. Sua política externa foi baseada no modelo de Washington. Enquanto Trump dominava a política internacional, isso pouco era notado. Agora ele está repentinamente sozinho internacionalmente. Seu ministro das Relações Exteriores, que é movido por um anticomunismo bruto, parece ter perdido a vez.

Os aliados de Bolsonaro temem que a imagem de perdedor de Trump possa passar para Bolsonaro. Eles veem uma primeira indicação disso nos resultados desastrosos das eleições municipais. O presidente deixa de lado essas preocupações, reagindo como seu grande modelo em Washington: na noite da eleição, ele vagamente delirava sobre uma fraude.

Uma pane vinha a calhar: um ataque de hackers ao site do TSE atrasou as contagens. Seus seguidores imediatamente espalharam nas redes sociais dúvidas sobre a confiabilidade da votação eletrônica.

Die Welt – Após a derrota de Trump, Bolsonaro não tem um plano B (13/11)

Com a próxima mudança de governo nos EUA, os ventos para o Brasil vão mudando significativamente. Agora, não são apenas os europeus que atacam o Brasil por sua política amazônica. Também haverá ventos contrários de Washington.

Desde 2019, a nova política do governo brasileiro tem se concentrado sobretudo no relacionamento pessoal entre as famílias Bolsonaro e Trump, segundo afirmou recentemente o cientista político Gaspard Estrada em entrevista à mídia brasileira. A situação atual significaria um crescente isolamento político do Brasil no mundo. E num momento particularmente inoportuno para Bolsonaro.

No fim de semana e no segundo turno, duas semanas depois, ele recebe uma espécie de certificado de metade de mandato de seus compatriotas. No Rio de Janeiro, o presidente pode sofrer uma perda total. O poder pode sair das mãos do aliado de Bolsonaro, Crivella, para Eduardo Paes, seu antecessor. Paes representa um curso pragmático de centro-direita. Um oferecimento a todos aqueles para quem Bolsonaro é uma direita muito radical e a esquerda brasileira, socialista demais.

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Assassinatos políticos e candidatos super-heróis (14/11)

Embora a luta contra a corrupção em nível nacional tenha feito grandes avanços nos últimos anos e a impunidade tenha diminuído, a corrupção, o nepotismo e o crime organizado persistem em nível local. A cada quatro anos, nas eleições municipais, isso vem à luz impiedosamente. Só no estado de São Paulo, são quase 400 candidatos nas listas eleitorais envolvidos em processos criminais.

As razões para o entrelaçamento do crime organizado e da política podem ser explicadas, por um lado, pelas deficiências do Judiciário e pela impunidade. Por outro lado, a natureza da política brasileira e do sistema partidário e eleitoral também contribuem para isso. Mais de 30 partidos estão atualmente registrados no tribunal eleitoral brasileiro. Muitos políticos mudam de partido quase a cada quatro anos. Muito poucos partidos têm um programa claro e podem ser categorizados ideologicamente. A fidelidade partidária da maioria dos eleitores no Brasil é muito pequena.

Para muitos políticos, os partidos servem basicamente como veículo de sua candidatura. O sistema eleitoral misto permite a eleição de um partido ou candidato. A maioria dos eleitores escolhe um candidato. Se um candidato conseguir atrair votos suficientes – seja o meio que for – ele pode ser eleito, independentemente de sua posição na lista partidária. Especialmente em bairros onde reina o crime organizado, pode ser vantajoso para os candidatos se aliarem a essas organizações. As organizações, então, atraem os votos.

MD/ots