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O jejum alemão na Champions League

3 de setembro de 2019

Desde 2013, quando o Bayern de Munique venceu a competição, nenhum clube alemão conseguiu chegar a uma final da Champions – um rendimento pífio para o futebol do país. Será que o jejum vai acabar nesta temporada?

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Thomas Müller ergue a taça da Champions League pelo Bayern em 2013
Thomas Müller ergue a "orelhuda" pelo Bayern em 2013Foto: picture-alliance/augenklick/firo Sportphoto

A última vez que clubes alemães marcaram presença numa final da Champions League foi em 2013, quando Bayern e Dortmund decidiram o título em Londres. Desde então, os espanhóis fizeram a festa em cinco finais, e os ingleses, em uma. Os italianos, com a Juventus, também chegaram perto da "orelhuda" em duas decisões, mas tiveram que se contentar com o segundo lugar no pódio.   

Desde a última conquista, nenhum clube alemão conseguiu chegar novamente à uma final. O Bayern de Munique, só para variar, avançou até as semifinais em quatro oportunidades, mas parou por aí. O Borussia Dortmund, tido e havido como maior concorrente dos bávaros, o máximo que conseguiu nestes anos todos foi chegar duas vezes às quartas de final.

Convenhamos, é um rendimento pífio para o futebol alemão. Afinal, em 2014, sua seleção principal conquistou pela quarta vez o título de campeã mundial no Maracanã. 

O sorteio da fase de grupos na semana passada resultou em sentimentos contraditórios entre os torcedores alemães. Leipzig e Bayern deram sorte, e suas respectivas torcidas respiraram aliviadas. Já Leverkusen e Dortmund não terão moleza, e, com uma boa dose de razão, os seus fãs ficaram preocupados, com uma pulga atrás da orelha.

Pelo menos no papel, Leipzig e Bayern reúnem todas as condições para passar bem pela fase de grupos. Para o Bayern, o único oponente que pode causar dificuldades é o atual vice da Champions, o Tottenham. Esses dois deverão decidir a liderança do grupo.

Ou alguém acredita que os outros integrantes do grupo, Olympiakos e Estrela Vermelha, possam representar uma séria ameaça às pretensões de alemães e ingleses?

É sempre bom lembrar que na temporada passada os "Spurs" tiraram o Borussia Dortmund da competição nas oitavas de final, com duas vitórias soberanas. É um time homogêneo, sem grandes pontos fracos e que tem no banco o seu maior trunfo. Trata-se do técnico Mauricio Pochettino, que, curiosamente, no passado recente esteve até nas cogitações da diretoria do Bayern.

Dos clubes alemães, o Leipzig foi brindado com o grupo mais fácil. Será sua segunda temporada na Champions. Em 2017/2018 acabou ficando pelo caminho já na fase de grupos, mas como terminou essa etapa em terceiro lugar, conseguiu uma vaguinha na Europa League. Avançou até as quartas de final, quando foi eliminado pelo Marseille.  

Acredita-se que os comandados de Julian Nagelsmann, um dos técnicos jovens mais promissores da Alemanha, desta vez possam fazer um papel bem melhor. Pelo que apresentou até agora, o Leipzig parece estar bem estruturado tática e tecnicamente já no começo da temporada. Especialistas até lhe atribuem o papel de favorito neste grupo G com Zenit, Benfica e Lyon. Não chego a tanto. Deverá ser uma disputa renhida com o Lyon para definir os dois primeiros lugares.

Quem vai encarar um grupo difícil mesmo será o Borussia Dortmund. O sorteio teve um gosto amargo para os aurinegros. Além do sempre favorito Barcelona, tem ainda a Inter de Milão no caminho de Reus e cia.

Michael Zorc, diretor de esportes, não deixou por menos: "Pegamos o grupo mais difícil. O Barça sempre é um sério candidato ao título, e a Inter se reforçou bem demais."

Tendo os catalães como favoritos absolutos, a luta pela segunda vaga se dará entre Munique e Milão. Será uma briga de foice no escuro, exatamente como costuma acontecer quando alemães e italianos se enfrentam entre as quatro linhas de um campo de futebol.

Sorte ainda pior que a do Dortmund teve o Leverkusen, que vai enfrentar uma missão praticamente impossível. Ter caído num grupo com Juventus e Atlético de Madrid foi muito azar. São dois times que se destacam por fortes sistemas defensivos em que atacantes, mesmo habilidosos, têm extremas dificuldades de se impor.

Do lado da Juve, além de CR7 e De Jong, o técnico Maurizio Sarri poderá contar com o recém-contratado Matthijs de Ligt e certamente saberá integrá-lo rapidamente ao sistema defensivo do "La Vecchia Signora".

Se é verdade que o Atlético de Madrid perdeu parte de sua espinha dorsal formada por jogadores como Griezman e Hernández, é verdade também que continua por lá o técnico Diego Simeone, cérebro e referência do time e do clube. Não se pode esquecer também de que vieram reforços, como o jovem talento português João Felix.         

Resumo da ópera desse grupo: o Bayer Leverkusen que trate de fazer sua lição fora e dentro de casa contra o Lokomotiv Moscou para garantir ao menos uma vaga na Europa League, porque ir adiante na Champions será difícil, se não impossível.  

Depois de todo esse arrazoado, a pergunta continua no ar: o jejum alemão na Champions League continuará ou finalmente terminará em 30 de maio de 2020 na cidade de Istambul?

Quem arrisca um palpite? 

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no TwitterFacebook e no site Bundesliga.com.br

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