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O mineiro Ralf Kutkowski, de Saarlouis

25 de novembro de 2010

O local de trabalho de Ralf Kutkowski fica a mais de mil metros abaixo da superfície: ele é um dos trabalhadores nas minas de carvão do Sarre. Mas não mais por muito tempo: a mina onde ele trabalha deverá fechar em 2012.

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São 5h30 e o mineiro Ralf Kutkowski, de 44 anos, está se trocando no enorme vestiário da mina de carvão Duhamel, em Saarlouis, na fronteira da Alemanha com a França.

Cerca de 3 mil cestos estão pendurados no teto do vestiário. Eles contêm roupas e equipamentos de segurança. Cada mineiro tem o seu próprio cesto.

Ralf começou a trabalhar nas minas de carvão quando tinha 22 anos. O pai e o avô também foram mineiros, assim como a maioria dos moradores de Saarlouis.

O dia de trabalho de Ralf, que entre os colegas é conhecido por Kutte, começa no vestiário da mina. Ele pega o seu cesto e calça seus sapatos especiais de mineiro. Outros acessórios importantes são o capacete, a lâmpada e o cinto com uma máscara de oxigênio. Ela garante 90 minutos extras de oxigênio caso ocorra uma explosão e o mineiro fique preso no fundo da terra.

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Pausa para o lanche com os colegasFoto: DW

Cuidados com a segurança

O trabalho nas minas de carvão é perigoso. Por isso, cada equipamento precisa ser aprovado por um engenheiro de segurança antes de o mineiro começar a trabalhar a mais de mil metros abaixo da superfície.

Um elevador que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, leva os mineiros para o fundo da mina. A máquina foi construída em 1918. "Você pode ver todos os cilindros e tubos. É um sistema muito antigo, mas muito seguro", afirma Ralf.

Depois de 21 anos no mesmo emprego, Ralf ocupa um posto melhor. Hoje ele é um engenheiro de minas sênior, mas ainda gosta de trabalhar embaixo do solo. É sua profissão dos sonhos.

O elevador para a mil metros abaixo da superfície. De lá um vagão leva os mineiros até a área de extração do carvão. A viagem dura 50 minutos. A temperatura no local é de 30 graus Celsius. Os mineiros ficam cobertos pelo suor e pelo pó do carvão. O ar é impregnado pelo cheiro do óleo hidráulico, usado para lubrificar e evitar a ferrugem em tubos e cabos.

Carvão na base do desenvolvimento econômico

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Ralf e a equipe que trabalha com ele na minaFoto: DW

A indústria da Alemanha foi construída à base de carvão. Regiões como o Vale do Ruhr e o estado do Sarre forneciam a energia necessária para o desenvolvimento econômico do país. "Temos uma longa história aqui", diz Ralf. "Começamos a extrair carvão no início da década de 1830."

Hoje restam poucas minas. O carvão importado da Polônia e da Austrália é muito mais barato e o uso de gás natural substituiu o carvão em muitas áreas.

A mina na qual Ralf trabalha deverá fechar em 2012. Isso fez com que ele mudasse sua percepção das coisas. Mas a situação não o deixa preocupado: a empresa ofereceu a ele um novo emprego, a cerca de 500 quilômetros de casa, e a legislação trabalhista permite a aposentadoria para quem completa 25 anos de trabalho nas minas. Por isso, o engenheiro de minas planeja se aposentar e aproveitar a vida ao lado da esposa e das duas filhas.

Trabalho perigoso, hobby perigoso

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Pronto para ir para casa após o trabalhoFoto: DW

Aposentado, Ralf certamente não terá tédio. Hobbys não faltam: no porão da casa ele monta modelos em miniatura de trens e aeronaves. A coleção já soma mais de cem peças.

E como se o trabalho já não fosse suficientemente perigoso, ele ainda viaja centenas de quilômetros para assistir a exibições aéreas proibidas na Alemanha por causa do risco que elas oferecem aos espectadores. Para isso, vai à República Tcheca e à Inglaterra, geralmente de moto: outro hobby do mineiro de Saarlouis.

Autor: Usman Shesu (as)
Revisão: Rodrigo Rimon