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O que restou da ponte aérea de Berlim

8 de abril de 2019

Há 70 anos, aviões cortavam o céu da cidade levando mantimentos para abastecer o lado ocidental, que havia sido isolado pelos soviéticos. O aeroporto Tempelhof virou um símbolo deste período.

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A felicidade das crianças ao ver um dos aviões chegando com mantimentos
A felicidade das crianças ao ver um dos aviões chegando com mantimentosFoto: picture-alliance/dpa

Há 70 anos, aviões das Forças Aéreas dos Estados Unidos e do Reino Unido cruzavam o céu de Berlim para abastecer o lado ocidental da cidade, que havia sido isolado com o bloqueio soviético. Os Rosinenbomber (bombardeiros das passas) entraram para a história da capital alemã, e hoje o antigo aeroporto Tempelhof, transformado em parque, preserva parte desta memória.

Em 24 de junho 1948, teve início o bloqueio soviético que impediu o acesso a Berlim Ocidental por vias terrestres e fluviais. A medida foi uma represália à determinação dos Aliados de introduzir o marco alemão como unidade monetária em toda a cidade, que, em ruínas, dependia da ajuda externa.

Com a decisão soviética, era preciso encontrar um meio de levar alimentos e produtos para o lado ocidental. Dois dias depois do início do bloqueio, aviões Aliados cruzavam os céus da Alemanha Oriental para abastecer a cidade, uma espécie de ilha em território comunista.

Um dos principais destinos dos voos que saíam de Hamburgo, Frankfurt e Hannover era o aeroporto de Tempelhof, que se tornou o símbolo deste episódio histórico. Além deste local, os aviões carregados de mantimentos pousavam ainda num terminal em Tegel e na área britânica de Gatow.

Durante quase um ano, até 12 de maio de 1949, quase 278 mil voos foram feitos para abastecer a cidade. Além de alimentos, os aviões traziam também combustível, máquinas e todo o tipo de bens de consumo necessários para a população.

O episódio mais marcante deste período ficou conhecido como Rosinenbomber. Ao posar em Tempelhof, num certo dia em julho de 1948, o jovem piloto Gail Halvorsen viu um grupo de crianças observando a movimentação dos aviões e foi até elas para distribuir chicletes que tinha trazido com ele. Diante da alegria das crianças, ele teve a ideia de jogar doces do avião na próxima viagem.

A iniciativa de Halvorsen foi imitada por vários de seus colegas, e esses voos de abastecimentos foram apelidados pelos berlinenses de Rosinenbomber. Até o fim da ponte aérea, cerca de 20 toneladas de chocolates e outros doces foram lançados nos céus de Berlim.

Com a criação dos dois Estados alemães e a separação definitiva do país, em 1949, o bloqueio foi levantado, e o aeroporto Tempelhof se tornou uma das principais portas de entrada de Berlim Ocidental.

Quem visita Berlim e deseja saber mais sobre essa história, uma boa dica é um passeio pelo antigo aeroporto Tempelhof, que se tornou um parque. Em frente ao prédio principal do terminal há ainda um monumento que recorda a ponte aérea.

Quem estiver na cidade no dia 12 de maio, poderá participar das comemorações dos 70 anos deste período. O ponto alto será uma festa no antigo aeroporto e atual parque, porém, sem os famosos bombardeiros de passas.

Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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