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Os partidos políticos da Alemanha

19 de setembro de 2017

Os candidatos de 42 partidos participam das eleições parlamentares na Alemanha no próximo dia 24 de setembro. Conheça melhor os principais partidos alemães.

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Parlamento da Alemanha, em Berlim
Foto: dpa

União Democrata Cristã (CDU) / União Social Cristã (CSU) 

Cor: Preta

Presidentes: Angela Merkel (CDU) e Horst Seehofer (CSU)

Candidata a chanceler federal pela CDU: Angela Merkel 

Candidato a chanceler federal pela CSU: Joachim Herrmann

Membros: 430 mil

Particularidade: A CDU e a CSU constituem uma bancada só no Bundestag. Enquanto a CDU não está representada na Baviera, a CSU não apresenta candidatos fora deste estado. 

Eleitores: Pessoas acima de 60 anos, cristãos praticantes, produtores rurais e profissionais liberais. No tocante ao nível educacional, os eleitores em geral têm nível médio e baixo.

Resultado da eleição federal de 2013: 41,5 por cento dos votos (311 de 630 assentos)

História: A CDU foi fundada na década de 1950, na sequência da Segunda Guerra Mundial, para atrair os eleitores cristãos conservadores da Alemanha Ocidental. O partido se tornou a força política dominante na Alemanha Ocidental pós-guerra e posteriormente na Alemanha unificada, sendo responsável pela maioria dos chefes de governo.

Konrad Adenauer, da CDU, governou a Alemanha de 1949 a 1963. Adenauer e seu ministro da Economia (e posterior sucessor como chanceler federal) Ludwig Erhard chefiaram o governo durante o chamado "milagre econômico". A reputação do partido como garantia de estabilidade continuou com outro chanceler federal da CDU: Helmut Kohl, que estava no governo durante a queda do Muro e a reunificação do país, em 1990.  

 Plataforma: A candidata à reeleição Angela Merkel, desde 2005 na chefia de governo, representa tanto uma continuação quanto uma ruptura com os valores tradicionais da CDU – juntamente com o Ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, os alemães confiam em Merkel como símbolo de estabilidade. Sua posição relativamente liberal com relação à imigração fez com que boa parte da base da CDU ficasse contra ela.

Parceiros preferidos de coalizão: FDP, SPD, eventualmente Partido Verde.

Angela Merkel concorre à reeleição
Angela Merkel concorre à reeleiçãoFoto: Reuters/A. Schmidt

Partido Social-Democrata (SPD)

Cor: Vermelho

Presidente e candidato a chanceler federal: Martin Schulz

Resultado da eleição federal de 2013: 25,7% (193/630 assentos)

Membros: 440 mil

Eleitores: O SPD é tradicionalmente o partido das classes trabalhadoras e de filiados a sindicatos. O solo mais fértil para eleitores do SPD na Alemanha permanence nas áreas industriais e densamente povoadas do oeste da Alemanha, principalmente a região do vale do Ruhr, na Renânia do Norte, Hesse e Baixa Saxônia.

História: o SPD é o partido político mais antigo da Alemanha, fundado em 1875. Nas tumultuadas primeiras décadas do século 20, o partido funcionou como guarda-chuva para vários movimentos de esquerda, sindicais e comunistas. Mas com a fundação do Partido Comunista da Alemanha (KPD) em 1919, o SPD se tornou permanentemente a casa dos reformistas em vez dos revolucionários – embora isso não tenha impedido que seus políticos fossem enviados para campos de concentração durante o Terceiro Reich. 

O primeiro chanceler federal do SPD – ainda presidente honorário do partido apesar de sua morte – foi Willy Brandt. Ele governou a Alemanha Ocidental de 1969 a 1974 após obter reputação internacional pela reconciliação com o Leste Europeu pós-guerra, quando foi ministro do Exterior em um governo de coalizão com a CDU. Brandt foi sucedido por outro chanceler do SPD, Helmut Schmidt, e ambos continuam sendo imensamente respeitados na política alemã. No total, o partido integrou o governo alemão por 34 dos 67 anos da República Federal da Alemanha e liderou coalizões no governo durante 21 deles.

Leia a cobertura completa sobre a eleição na Alemanha em 2017

Plataforma: O ponto forte do SPD sempre foi política social, defendendo uma forte infraestrutura social e educação. O SPD foi chave para a introdução de um salário mínimo nacional na Alemanha – atualmente 8,84 euros por hora – em 2015.

Contudo, a Agenda 2010, de reformas do mercado de trabalho, lançada pelo chanceler federal social-democrata Gerhard Schröder no início dos anos 2000 fez o partido perder parte de seu eleitorado tradicional. Assim, não é coincidência que a candidatura de Martin Schulz tenha sido marcada por uma "correção" agressiva da política anterior e por uma nova ênfase em justiça social e redistribuição tributária.

Parceiros preferidos de coalizão: Partido Verde, CDU, A Esquerda

 Martin Schulz, o desafiante social-democrata
Martin Schulz, o desafiante social-democrataFoto: Reuters/A. Schmidt

A Esquerda

Cor: vermelho (pesquisas na cobertura das eleições frequentemente usam a cor rosa para diferenciar o partido do SPD)

Presidentes: Katja Kipping, Bernd Riexinger

Candidatos: Sahra Wagenknecht, Dietmar Bartsch

Resultado da eleição federal de 2013: 8,6% (64/630 assentos)

Membros: 60 mil

Eleitores: O reduto do partido permanence o território que compunhaa Alemanha de regime comunista, onde os apoiadores são os eleitores mais velhos. Já no oeste, os eleitores tendem a ser mais jovens e são os que votam "por protesto" para expressar seu desencantamento com partidos tradicionais. De acordo com pesquisas eleitorais, muitos desses eleitores se voltaram para o nacionalismo populista da AfD nos últimos dois anos.

História: Embora tenha sido fundado apenas em 2007, o partido A Esquerda tem uma história muito mais longa e ainda é considerado descendente direto do Partido da Unidade Socialista (SED), que governou a República Democrática Alemã no leste da Alemanha até a reunificação com o Estado ocidental em 1990. O partido A Esquerda foi formado por uma fusão do sucessor do SED, o Partido do Socialismo Democrático (PDS), e o Partido da Justiça Trabalhista e Social – A Alternativa Eleitoral (WASG), um movimento do oeste alemão formado por sindicalistas e membros do SPD desapontados com a Agenda 2010 de Gerhard Schröder. As figuras de destaque são Oskar Lafontaine e Gregor Gysi .

Em partes por conta de sua associação com a ditadura do leste da Alemanha, A Esquerda permanence um pária para outros partidos tradicionais e nunca fez parte de uma coalizão em nível federal, embora tenha muita experiência de governo em nível estadual.

Plataforma: Atualmente o maior partido de oposição no Parlamento alemão, A Esquerda é o único dos principais partidos do país que rejeita missões militares no exterior. O partido quer que a Otan seja dissolvida e o salário mínimo seja elevado para 10 euros a hora (ante os atuais 8,84 euros). Alguns cientistas políticos ainda consideram A Esquerda um grupo radical que é contra a ordem econômica capitalista. O partido reivindica apenas uma maior regulação do mercado, limites mais fortes ao número de locatários em propriedades imobiliárias e mais investimentos na área social.

Parceiros de coalizão: SPD, Partido Verde

Sahra Wagenknecht e Dietmar Bartsch concorrem pelo partido A Esquerda
Sahra Wagenknecht e Dietmar Bartsch concorrem pelo partido A Esquerda Foto: picture alliance/dpa/G. Fischer

Partido Verde

Cor: Verde

Presidentes: Cem Özdemir, Simone Peter

Candidatos: Cem Özdemir, Katrin Göring-Eckardt

Resultado da eleição federal de 2013: 8,4% (63/630 assentos)

Membros: 60 mil 

Eleitores: Os redutos eleitorais do Partido Verde são as gesndes cidades do oeste da Alemanha, especialmente os centros universitários. Seus eleitores têm uma renda acima da média e trabalham na prestação de serviçosou na área da educação. Mas os eleitores envelheceram junto com o partido, que já tem 30 anos – menos de 10% deles têm hoje menos de 35 anos. Com o tempo, aumentou o poder aquisitivo dos eleitores dos verdes, e o partido luta hoje para atrair a classe trabalhadora.

História: O partido, cujo nome oficial é Aliança 90/Os Verdes, cresceu a partir de uma série de movimentos de protesto social na década de 1980, que marcharam por diversos motivos pedindo desde o fim da energia nuclear até direitos LGBT. Incluindo, é claro, proteção ambiental. O Partido Verde foi fundado em 1980 e em 1993 se uniu aos verdes da antiga Alemanha Oriental, que se chamavam Aliança 90. 

O momento de maior destaque para o partido ocorreu no início dos anos 2000, quando se tornou parceiro do SPD no governo de Gerhard Schröder em uma coalizão do governo federal. Um dos ministros então foi o verde Joschka Fischer, na pasta do Exterior. Seu maior sucesso eleitoral, contudo, ocorreu na eleição de 2009, quando recebeu mais de 10% dos votos.

Plataforma: Especialistas tendem a dividir os Verdes entre "realistas", dispostos a comprometer metas do partido para ter voz no governo, e "fundamentalistas", um grupo mais de esquerda e mais próximo dos objetivos iniciais do partido. Os "realistas" foram gradualmente ganhando força, chegando ao ponto de os verdes terem participado de coalizões com o conservador CDU nos estados de Hessen e Baden-Württemberg. 

Parceiros preferidos de coalizão: SPD, eventualmente CDU

Cem Özdemir e Katrin Göring-Eckardt são os candidatos dos verdes
Cem Özdemir e Katrin Göring-Eckardt são os candidatos dos verdesFoto: picture-alliance/dpa/S. Stache

Partido Liberal Democrata (FDP)

Cor: Amarelo

Presidente e candidato a chanceler federal: Christian Lindner

Resultado da eleição federal de 2013: 4,8% (0/630 assentos)

Membros: 54 mil

Eleitores: A maior parte dos eleitores são profissionais autônomos e liberais, especialmente pequenos empresários, dentistas, advogados, farmacêuticos – e uma baixa popularidade entre assalariados. 

História: Os liberais tiveram mandatos no Parlamento alemão desde a criação da República Federal da Alemanha, em 1949, até 2013, quando o partido obteve menos de 5% dos votos. 

Fundado em dezembro de 1948, o FDP foi de grande relevância para o sucesso do CDU e do SPD em sua época. Ele participou do governo federal por 41 anos, mais do que qualquer outro partido. Embora tenha sido sempre o parceiro menor em governos de coalizão, o FDP forneceu a esses partidos muitos ministros, alguns dos quais se tornaram grandes figuras históricas do pós-guerra na Alemanha, como o ministro do Exterior de Hemut Kohl, Hans-Dietrich Genscher.

Plataforma: O programa de partido se apoia no princípio de liberdade individual e direitos civis. É a favor de menos impostos, a desregulação dos mercados financeiros e contra o "Estado social".

Parceiros preferidos de coalizão: CDU

Christian Linder é o candidato dos liberais
Christian Linder é o candidato dos liberaisFoto: picture-alliance/dpa/M. Skolimowska

Alternativa para a Alemanha (AfD)

Cor: Azul claro

Presidentes: Frauke Petry, Jörg Meuthen

Candidatos: Alexander Gauland e Alice Weidel

Membros: 27 mil

Eleitores: Do sexo masculino, jovens, baixo nível de ensino e baixos rendimentos. Apenas 15% dos filiados são mulheres. A AfD angariou eleitores de todos os outros grandes partidos (exceto do Partido Verde) e simultaneamente conseguiu mobilizar quem geralmente não vai votar. 

Resultado da eleição federal de 2013: 4,7% (0/630 assentos)

História: O partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) foi fundado apenas cinco meses antes da eleição de 2013. Desde então, conseguiu mandatos nos Legislativos de 12 estados alemães e no Parlamento europeu.

A AfD foi criada originalmente por um grupo de céticos com relação ao euro e em protesto à moeda única europeia, depois da decisão de ajudar a Grécia em 2010. Uma luta interna pelo poder em 2015 acabou com uma escorregada do partido para direita, após a saída do líder do partido Bernd Lucke e sua substituição por Frauke Petry. Sua posição nacionalista, contra imigrantes e anti-Islã, a fez obter força durante a crise de refugiados em 2015.

A AfD foi o único dos principais partidos da Alemanha a saudar a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e a decisão britânica de deixar a União Europeia.

Plataforma: A AfD quer fechar as fronteiras externas da UE, instituir rigorosos controles de identidade ao longo das fronteiras nacionais da Alemanha e fomentar acampamentos para refugiados no exterior, para evitar que migrantes cheguem à Alemanha. O partido quer deportar imediatamente as pessoas cujos pedidos de asilo foram rejeitados. Defende também ajuda financeira para encorajar estrangeiros a retornarem a seus países de origem. Além disso, a AfD enfatiza a primazia da cultura alemã como cultura guia na Alemanha e rejeita a ideia de que o Islã seja parte da sociedade alemã. O partido também questiona se as mudanças climáticas são provocadas pelo homem e quer reverter a decisão da Alemanha de substituir a energia nuclear por fontes renováveis. 

Parceiros preferidos de coalizão: descartada por outros partidos

 Alexander Gauland e Alice Weidel concorrem pelo AfD
Alexander Gauland e Alice Weidel concorrem pelo AfDFoto: Reuters/F. Bensch