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O velho mestre da imagem

(sv)3 de dezembro de 2005

Mídia alemã reverencia o cineasta Jean-Luc Godard por ocasião de seus 75 anos.

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Jean-Luc GodardFoto: dpa

Ninguém consegue ser como ele

"Profundo e desconcentrado, distraído e absolutamente exato no gosto, jovial e serenamente elegante – ninguém consegue ser como ele. [...] Pois hoje continuam existindo filmes sobre os quais todos falam. Só que agora estes são filmes de Lars von Trier ou Jim Jarmusch. Estes diretores, porém, só colocam uma ou duas questões por filme. Filmes que – com todo o respeito – não podem ser comparados às obras de Godard. Um cineasta cujos filmes desde a Nouvelle Vague e Alemanha Ano Nove (o) Zero, ou seja, desde a reunificação alemã e o pós-socialismo, só são vistos nos nichos vanguardistas. Se poderia, sem hesitar, concluir em tom de pessimismo: as macrotendências do presente – restauração e tradicionalismo de um lado e totalitarismo do mercado de outro – são também inimigos das grandes obras de arte. Daquelas que falam de tudo".

taz, die tageszeitung

Filmes como poemas

"Ao ver seu mais novo filme, Notre musique, sente-se a mesma intensidade na tentantiva de unir poesia e política, o horror da guerra e a beleza da criação. Inferno, purgatório e paraíso em três episódios dantescos em Sarajevo e Mostar. E o conflito israelense-palestino, espelhado na guerra civil da Bósnia. Isso só ele consegue fazer. [...] Godard roda filmes como outros escrevem poemas: com consciência da forma. No rompimento e destruição constantes das relações, ele cria algo inteiro, embora de difícil decifração. Não se pergunta também a John Ashbery ou a Thomas Kling o que significa cada verso. Sim, é preciso ler Godard – até mesmo porque ele encerrou com a 'tirania do visual'."

Der Tagesspiegel

Na mesa de montagem como um velho pianista

"Notre musique, seu último filme, é um longa improvisado sobre uma viagem ao cenário da última guerra do Kosovo, de um virtuosismo às vezes acanhado, às vezes de tirar o fôlego. Na mesa de montagem, Godard bate nas teclas como um velho pianista; neste caso, orquestrando achados cinematográficos, para formular a declaração de amor do título à sua própria arte. 'O cinema', diz Godard, 'é a nossa música'. [...] Godard foi o primeiro cineasta de peso a trabalhar com vídeo. Completamente independente, ele desenvolveu com isso uma forma própria de filme-ensaio, um pensar em forma de montagem, que Alexander Kluge insiste até hoje em imitar. Em seu estúdio suíço, entre montanhas e mais montanhas de fitas de vídeo, Godard, o velho mestre, está de olho em tudo isso".

Frankfurter Rundschau