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Diplomacia

Diana Fong (ca)1 de fevereiro de 2009

Mudança é marca registrada do novo presidente norte-americano. Mas, na escolha de seus embaixadores, Obama deve dar sequência à prática da Casa Branca de nomear diplomatas que não são de carreira como embaixadores.

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Nova Embaixada dos EUA em Berlim foi inaugurada em 2008Foto: picture-alliance/dpa

Nos dois primeiros dias no cargo, Barack Obama nomeou seus enviados especiais para as duas regiões mais turbulentas do mundo: Richard Holbrooke, para o Afeganistão e Paquistão, e George Mitchell, para o Oriente Médio. A escolha de Susan Rice para representar os EUA nas Nações Unidas foi aprovada em unanimidade pelo Senado norte-americano.

Agora, Obama precisará preencher os postos diplomáticos das mais prestigiosas capitais do mundo, como as européias Paris e Londres, além de Moscou, Tóquio, e do ensolarado Caribe.

Oficialmente, todos os antigos embaixadores dos EUA renunciaram por ocasião da posse de Obama. Diplomatas de carreira que servem em regiões onde a malária é endêmica, no entanto, deverão continuar onde estão.

Locais agradáveis para grandes doadores

John Kenneth Galbraith
Galbraith foi embaixador norte-americano na ÍndiaFoto: AP

A nomeação dos postos referentes a quase toda a Europa, no entanto, é geralmente reservada a nomes indicados pelo presidente como forma de reconhecimento por doações durante a campanha eleitoral, explica Edward Peck, antigo embaixador norte-americano no Iraque durante o governo de Jimmy Carter.

"O presidente pode escolher quem ele quiser", comenta Peck a respeito da tradição política que faz com que um terço dos postos de embaixador vá para diplomatas que não são de carreira, distinguindo os EUA da maioria dos países industriais.

Ainda que todos os nomeados pelo presidente tenham que ser aprovados pelo Senado norte-americano, quase todos acabam sendo confirmados. A gama das nomeações políticas varia desde estadistas e acadêmicos experientes, com longa vivência de governo, até doadores de campanha provenientes do mundo empresarial ou ícones do mundo do cinema, como Shirley Temple.

Peck lembra que houve alguns embaixadores políticos "extraordinariamente talentosos, populares e charmosos", mas que nunca teriam entendido o lado operacional da profissão. Como exemplo, ele menciona John Kenneth Galbraith, um intelectual de peso e estrela da economia da administração Kennedy, que, contudo, nunca entendeu como funciona uma embaixada.

Sem mudanças com Obama

Richard Holbrooke 2008
Holbrooke é enviado especial de Obama para Afeganistão e PaquistãoFoto: picture-alliance/ dpa

O costume da Casa Branca de premiar não-diplomatas com os postos mais cobiçados da diplomacia norte-americana não deverá mudar com Obama, afirma Michael Cotter, que terminou sua carreira como embaixador no Turcomenistão, no final dos anos de 1990.

Ainda que o novo presidente tenha declarado que sua "inclinação" seria preencher postos com diplomatas de carreira "sempre que possível", ele deixou claro que não abandonaria a prática presidencial de fazer nomeações políticas.

Cotter explica que Obama teria dívidas políticas a serem pagas: "ele vai colocar os grandes doadores, que são menos qualificados, em postos como as Bahamas ou as Ilhas Fiji". O embaixador aposentado acresce que "os mais bem qualificados irão para a Europa".

Na opinião de Dominique Moisi, cofundador do Instituto Francês de Relações Exteriores (IFRI), sediado em Paris, a prática de entregar os postos mais cobiçados da diplomacia para pessoas nomeadas é desmoralizante para autoridades de carreira, como também afasta grandes talentos do serviço diplomático dos EUA. "O posto mais alto onde é possível chegar é uma pequena embaixada num país distante", afirma Moisi.

Embaixador na Suécia: o melhor de todos os tempos

Para os europeus, por outro lado, tanto faz se o emissário pessoal do presidente no estrangeiro vem da Casa Branca ou não. O que importa é sua eficiência. "O fato de não pertencer ao corpo diplomático não faz da pessoa um mau embaixador", explica Thomas Kleine-Brockhoff, diretor do Fundo Marshall Alemão (GMF), organização de fomento das relações transatlânticas.

Kleine-Brockhoff observa que "alguém do mundo empresarial pode ser perfeito para o cargo", salientando que os suecos consideram Michael Wood, um executivo da mídia e amigo do ex-presidente George W. Bush, como o melhor embaixador norte-americano que já tiveram, devido a seu trabalho em promover a cooperação sueco-norte-americana no campo da tecnologia energética alternativa. A revista Newsweek festejou o demissionário Wood como "um ponto luminoso no legado ambiental de Bush".

Trabalho de embaixador

Der US-amerikanische Botschafter bei den Vereinten Nationen (UN), Vernon Walters
Vernon Walters também atuou no BrasilFoto: dpa

A Alemanha também teve sua parcela de distintos embaixadores norte-americanos que atuaram de forma decisiva na arena política internacional: Walter Stroessel foi Secretário de Estado interino em 1982; Vernon Walters, ex-vice-chefe da CIA e antigo embaixador norte-americano na ONU; John Kornblum, diplomata de carreira que teve importante papel na distensão das relações entre o Ocidente e os países do então Pacto de Varsóvia, e Richard Holbrooke, novo enviado especial de Obama para o Afeganistão e Paquistão.

Jörg Duppler, diretor da Organização do Tratado Atlântico (ATA), em Berlim, declara, contudo, que considera os laços entre EUA e Alemanha tão estreitos que a escolha do embaixador norte-americano para a capital alemã teria pouco impacto nas relações bilaterais.