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EUA-América Latina

Eva Usi (ca)4 de novembro de 2008

Grandes desafios esperam pelo próximo presidente norte-americano. Um deles é a relação dos EUA com a América Latina. A DW-WORLD.DE conversou com especialistas sobre o papel do continente na próxima legislatura.

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Possível vitória de Barack Obama não mudará política para AL, afirma professorFoto: AP

Os quase 300 mil cidadãos norte-americanos residentes na Alemanha estão conscientes do momento histórico que significa a atual eleição presidencial em seu país, e não querem deixar à sorte nem aos indecisos o resultado eleitoral. Muitos recordam que, há oito anos, George W. Bush chegou à presidência da primeira potência mundial com uma vantagem de somente 537 votos no estado da Flórida.

As eleições de 2000 mobilizaram democratas norte-americanos em todo o mundo, como Bill Purcell, da organização Democrats Abroad (democratas no estrangeiro), que coordenou a campanha democrata na Alemanha.

Em entrevista à DW-WORLD.DE, o nova-iorquino afirmou que, até o final da campanha, sondagens apontaram uma vantagem de oito pontos percentuais de Obama (51%) sobre McCain (43%). Ainda assim, cerca de seis a sete por cento dos eleitores continuam indecisos.

Desafios monumentais

São monumentais os desafios que esperam o 44º presidente da nação americana. O país enfrenta a crise mais severa desde a grande depressão de 1929, e os norte-americanos se perguntam se, por exemplo, uma eventual vitória de Obama ajudará o país a superar a crise.

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Oriente Médio ocupará papel na política externa de McCain ou ObamaFoto: AP Graphics/DW

"Ele não vai poder ter a famosa lua-de-mel de seis a oito meses, pois terá que enfrentar a política interna e tratar de evitar uma profunda recessão econômica. Para ele, a política internacional deverá ficar em segundo plano. O grande desafio dos primeiros 30, 60 dias será recuperar a confiança do consumidor, das famílias norte-americanas, para promover o consumo e o investimento", afirmou o presidente emérito e catedrático de Economia da Universidade Americana de Paris (AUP), Gerardo Della Paolera.

O professor advertiu que "ele terá de ratificar ou retificar as políticas de intervenção estatal implementadas, terá que definir uma política fiscal e analisar qual deverá ser o papel de organismos como o FMI e o Banco Mundial, com vistas a um acordo de cooperação com as demais economias do mundo para enfrentar a crise".

América Latina não é prioridade

Não é de se esperar que as relações entre os EUA e a América Latina ganhem impulso, embora a região esteja praticamente esquecida pelos EUA, desde o 11 de Setembro. Para Della Paolera, "a política de George W. Bush com respeito à América Latina foi inexistente". O catedrático também assinalou que o tema não foi prioritário na plataforma eleitoral de nenhum dos dois candidatos.

O analista afirmou que é muito provável que a região continue a não ter o peso que teve da década de 1970-80 até a administração Clinton, já que, nos últimos anos, os Estados Unidos ficaram "consumidos pelo terrorismo".

O pesquisador salientou que "a exceção que confirma a regra foi a afinidade entre os EUA e a Colômbia, devido ao tema do narcotráfico. Houve aí uma relação muito forte nesta década. O presidente Uribe teve enorme apoio da administração Bush e muito êxito no combate ao narcotráfico".

Possível mudança em relação a Cuba

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Por questões de hegemonia, China também será preocupação da política externa do próximo presidente, diz professor da Universidade Americana de ParisFoto: AP Graphics/DW

Ainda que a política norte-americana tenha mantido uma visão dogmática em relação a Cuba, Della Paolera considera que é possível haver uma mudança com Obama. Há também uma preocupação com o México, devido à situação caótica na luta contra os cartéis do narcotráfico.

A Venezuela, por sua vez, irritou a administração Bush. O professor lembrou que, enquanto o barril de petróleo estava pelos 148 dólares, o presidente Chávez "incomodou" um pouco, porém agora, com o barril por volta dos 62 dólares, "nem mesmo Chávez terá forças de adotar atitudes antiamericanas".

O catedrático advertiu que "os Estados Unidos estão mais preocupados com seu próprio futuro. A Europa é de interesse, mas o que mais lhe tira o sono é a China, por questões de hegemonia. E, evidentemente, o Oriente Médio, pois os EUA aí se meteram e não sabem como sair".

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