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'Sem armas nucleares'

5 de abril de 2009

Em discurso proferido em Praga antes do início da cúpula euro-americana, Obama se propôs a lutar pelo fim das armas nucleares, mas continua defendendo escudo antimíssil no Leste Europeu.

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Presidente norte-americano discursa para 30 mil pessoas na capital tchecaFoto: AP

O governo dos Estados Unidos vai se empenhar por um "mundo sem armas atômicas", assegurou o presidente norte-americano, Barack Obama, neste domingo (05/04), em discurso pronunciado para 30 mil pessoas em frente ao castelo de Praga, capital da República Tcheca. No entanto, ele não deixa de defender a instalação de um sistema de defesa antimíssil na Europa Oriental, diante da "ameaça" de uma agressão por parte do Irã.

Para Obama, a proliferação de armas atômicas não pode ser aceita como algo inevitável. Isso seria um sinal de fatalismo, asinalou. O arsenal mundial de armas nucleares deveria ser reduzido e os testes atômicos suspensos, declarou o presidente norte-americano em Praga.

Como única potência nuclear que já utilizou armas atômicas, os Estados Unidos teriam a obrigação moral de agir, acrescentou, referindo-se às bombas lançadas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra.

Seria ingênuo acreditar que a meta de um mundo sem armas atômicas pudesse ser atingida rapidamente, ressalvou Obama. No entanto, ele se propôs a se empenhar com determinação para que o Senado norte-americano ratifique o Tratado para a Proibição Completa de Testes Nucleares. Para entrar em vigor, o tratado – já implementado por 148 países – ainda precisa ser ratificado por Estados Unidos, China, Índia, Paquistão, Israel, Irã, Egito, Indonésia e Coreia do Norte.

Metas concretas de não-proliferação nuclear

A ideia de Obama é reduzir o número de armas nucleares dos Estados Unidos e manter um arsenal seguro e eficiente enquanto ainda houver armas atômicas no mundo. Até o fim do ano, ele pretende acertar com a Rússia um acordo para a redução de armamentos nucleares estratégicos.

Segundo os planos de Obama, todos os países que dispõem de um arsenal atômico deveriam participar do processo desarmamentista. Sua ideia é fortalecer o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e se empenhar pela punição de eventuais violações.

O presidente norte-americano defende o uso civil da energia atômica, algo que poderia ser incentivado pela criação de um banco internacional de combustíveis nucleares. Obama declarou respeitar o direito de o Irã utilizar energia nuclear para fins pacíficos, sob a condição de que Teerã permita controles internacionais rigorosos.

Barack Obama também propôs a convocação de uma cúpula internacional sobre segurança nuclear para 2010.

Escudo antimíssil no Leste Europeu

Por considerar o programa nuclear iraniano uma ameaça, contudo, Obama ainda se atém ao plano de instalar um sistema de defesa antimíssil em territórios polonês e tcheco. O projeto iniciado por seu antecessor na Casa Branca, George W. Bush, deverá ser prosseguido. Obama alertou que o programa nuclear de Teerã representa uma ameaça real não só aos Estados Unidos, mas também aos países adjacentes ao Irã e aos aliados norte-americanos.

Quanto ao míssil que a Coreia do Norte lançou na madrugada de sábado para domingo, com a intenção alegada de colocar um satélite em órbita, Obama reagiu com severidade, declarando que estaria na hora de uma resposta internacional a essa "provocação". Ele lembrou que a iniciativa norte-coreana representa uma violação de determinações internacionais e deveria, portanto, ser punida.

"Virada histórica importante"

Políticos alemães avaliaram o discurso de Obama em Praga como um sinal de maior empenho pelo desarmamento nuclear. O ministro alemão de Exterior, Frank-Walter Steinmeier, espera que este ano traga avanços sensíveis na política desarmamentista.

"Armas nucleares e sua proliferação descontrolada são uma grande ameaça para todos nós. Por isso, espero que as superpotências EUA e Rússia cheguem ainda neste ano a um consenso sobre uma nítida redução de seu arsenal", declarou Steinmeier ao jornal Bild am Sonntag.

A política alemã Claudia Roth, membro da presidência do Partido Verde, saudou o discurso de Obama em Praga como um sinal pioneiro. "Após uma fase armamentista sem precedentes, pela qual seu antecessor George W. Bush também foi responsável, este impressionante discurso do presidente norte-americano pode promover uma virada histórica importante", avaliou a política verde.

Roth fez um apelo para que o governo alemão leve a sério as reivindicações de Obama. Para ela, a Alemanha deveria se distanciar da "doutrina de participação nuclear dentro da Otan". Isso implicaria a retirada das armas nucleares norte-americanas instaladas no estado alemão da Renânia-Palatinado e o empenho por uma Europa sem armas atômicas.

SM/RW/afpd/rtrd/dpa/ap