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Líbia

24 de agosto de 2011

Sarkozy anuncia conferência em Paris para discutir futuro da Líbia e diz que Brasil será convidado. Rebeldes afirmam que bilhões de dólares líbios congelados no exterior serão necessários para a reconstrução do país.

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Unir interesses dos diversos grupos de rebeldes será grande desafio para o paísFoto: dapd

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou, nesta quarta-feira (24/08), uma conferência internacional para discutir a reconstrução da Líbia, a ser realizada em Paris. "Com a concordância total do [premiê britânico] David Cameron, decidimos convocar uma conferência internacional em prol de uma Líbia livre - para provar que estamos pensando no futuro", declarou Sarkozy.

Sarkozy encontrou-se nesta quarta-feira em Paris com o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Jalil, para conversas sobre a transição para a democracia na era pós-Kadafi. Segundo Sarkozy, a conferência Amigos da Líbia irá se realizar na próxima quinta-feira (1°/9) e Brasil, Rússia, Índia e China serão convidados.

Embora a ideia de uma Líbia rica, com um Estado de Direito democrático, ainda pareça distante em meio ao caos que assola o país, "já há um esboço de Constituição, que será decidido num plebiscito", assegura Abdul al-Kasim Ali, assessor de Mustafa Jalil. "Mas primeiro devem ser fundados comitês de segurança e paz. Temos um plano", completa Ali.

As quatro décadas sob os domínios de Kadafi, sem instituições de fato, e os seis meses da guerra civil, que assolou o país, são, contudo, uma herança difícil. O que une o movimento dos rebeldes é a luta pela mudança, mas, após a saída de Kadafi, tornaram-se mais visíveis as divergências entre as diversas tribos, grupos, forças seculares e islâmicas, comunidades de exilados e remanescentes, ou seja, um verdadeiro barril de pólvora.

Contas no exterior

O Conselho de Transição considera que o primeiro passo para restabelecer a estabilidade no país é a liberação imediata do dinheiro público líbio congelado em contas mantidas no exterior. De posse desses bilhões, afirmam os representantes do Conselho, deverá ser possível reconstruir o país. O assunto deverá ser debatido nesta quinta-feira (25/08), durante um encontro de um grupo líbio em Istambul.

O ministro turco do Exterior, Ahmet Davutoglu, viajou na terça-feira (23/08) para Benghazi, de posse de malas cheias de dinheiro vivo, a fim de possibilitar as ações do Conselho de Transição neste "momento histórico". Os recursos transportados estão sendo também usados para pagar salários.

Flash-Galerie Lybien Gaia Anderson
Recursos financeiros são essenciais para reconstrução do país assolado pela guerraFoto: Gaia Anderson

O governo norte-americano anunciou que deverá liberar o montante de um bilhão de dólares pertencentes ao governo líbio ainda nesta semana. "Isso é só uma parcela. De acordo com nossa avaliação, este é o valor correto para cobrir as necessidades mais urgentes de executar tarefas humanitárias e governamentais", declarou Victoria Nuland, porta-voz da Secretaria de Estado norte-americana. O Conselho de Transição promete uma gestão transparente desses recursos.

Decisão das Nações Unidas

O governo do Reino Unido também defendeu a liberação dos recursos líbios congelados no exterior, disse o ministro britânico do Exterior, William Hague, confirmando assim a declaração do premiê David Cameron da última segunda-feira (22/08).

Um porta-voz do ministério afirmou, contudo, que até agora não havia ocorrido nenhuma liberação concreta de dinheiro, já que as decisões sobre a suspensão ou não das sanções devem ser tomadas pelas Nações Unidas. Segundo ele, organismos internacionais estão analisando como os recursos acumulados poderão ser usados da melhor maneira em prol do povo líbio.

Papel da Alemanha

Ao lado da ONU, a Alemanha deverá desempenhar um papel-chave na reconstrução da Líbia, afirmou o ministro do Exterior, Guido Westerwelle. O ministro salientou que os alemães "têm experiência e dispõem de competência especial" neste contexto. Berlim pretende manter-se "ao lado da Líbia, caso o país assim queira", disse Westerwelle. O governo alemão assinou na última terça-feira um contrato de crédito de mais de 100 milhões de euros a serem destinados à ajuda humanitária e civil na Líbia.

Westerwelle também defendeu a liberação dos recursos líbios congelados no exterior, dos quais 7,3 bilhões de euros encontram-se na Alemanha. "Precisamos cuidar para que esses recursos não sejam liberados com rapidez excessiva e para que sejam realmente disponibilizados para a reconstrução do país", acentuou o ministro.

O governo francês também luta, perante as Nações Unidas, em prol da liberação dos recursos líbios presos no exterior. O ministro francês do Exterior, Bernard Valero, afirmou que o Conselho de Transição precisa de verbas imediatamente e "deveria ter acesso aos recursos financeiros congelados pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU". Segundo Valero, "para a França e também para seus parceiros, a prioridade é ajudar os líbios a retomarem o controle do próprio destino".

Armas de destruição em massa

Diante da continuação das lutas que já custaram a vida de mais de 400 pessoas somente na capital Trípoli, um porta-voz do Pentágono anunciou que todas as armas de destruição em massa da Líbia estariam "em segurança", referindo-se principalmente a armas químicas.

A maior preocupação do Departamento de Defesa norte-americano é, no entanto, um determinado local com centenas de lança-foguetes, afirmou o porta-voz, acrescendo que os EUA continuariam a observar a situação, mas não poderiam enviar tropas de solo para garantir a segurança de tais armas.

O presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Jalil, afirmou nesta quarta-feira que não teria informações sobre o paradeiro de Kadafi. Um oficial dos rebeldes informou à agência Reuters, todavia, que os insurgentes já controlam 95% do país.

SV/dpa/afp/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque