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Odebrecht assina acordo de leniência com a Lava Jato

2 de dezembro de 2016

Empreiteira pagará multa de 2,5 bilhões de dólares. Emílio e Marcelo Odebrecht assinam acordos individuais de delação premiada, diz jornal. Em nota, empresa reconhece prática de corrupção e pede desculpas ao país.

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Sede da empreiteira Odebrecht em São Paulo
Foto: Reuters/P. Whitaker

A empreiteira Odebrecht assinou nesta quinta-feira (01/12) um acordo de leniência – uma espécie de delação premiada, mas para empresas – com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

Além de revelar aos investigadores práticas ilícitas cometidas por diretores e funcionários, a construtora se compromete a pagar uma multa de 2,5 bilhões de dólares (cerca de 6,8 bilhões de reais). O valor será dividido entre Brasil, que deve ficar com a maior parte, Estados Unidos e Suíça. Em troca, a companhia garante o direito de continuar sendo contratada pelo poder público.

O jornal Folha de S. Paulo informou que, com a leniência firmada, cerca de 80 executivos da empresa devem assinar acordos de delação premiada individualmente, sendo que boa parte já fez o acerto.

De acordo com o diário O Globo, o presidente do Conselho de Administração e dono da empreiteira, Emílio Odebrecht, e seu filho, o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht, já oficializaram suas delações nesta quinta-feira. Enquanto Emílio assinou o acordo na Procuradoria-Geral da República (PGR) em Brasília, Marcelo o fez em Curitiba, onde está preso desde junho de 2015, diz o jornal.

A Odebrecht é acusada pelo Ministério Público Federal (MPF) de participar do escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, investigado pelos procuradores da Lava Jato. No âmbito da operação, Marcelo Odebrecht foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 19 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Marcelo Odebrecht, então presidente da empresa, foi preso em junho de 2015 pela Polícia Federal
Marcelo Odebrecht, então presidente da empresa, foi preso em junho de 2015 pela Polícia FederalFoto: picture-alliance/dpa/H. Alves

Em nota oficial, divulgada nesta quinta-feira, a construtora pede desculpas e admite ter cometido "práticas impróprias" em sua atividade empresarial. "Desculpe, a Odebrecht errou", diz o título do comunicado público, que deve ser publicado nos principais jornais brasileiros nesta sexta-feira.

"Reconhecemos nosso envolvimento, fomos coniventes com tais práticas e não as combatemos como deveríamos. Foi um grande erro, uma violação dos nossos próprios princípios, uma agressão a valores consagrados de honestidade e ética. Não admitiremos que isso se repita", afirma o texto.

A delação premiada da Odebrecht é uma das mais esperadas desde o começo da Lava Jato. Segundo O Globo, que citou uma fonte próxima ao caso, os acordos têm potencial para provocar forte impacto nas investigações e colocar em cheque o sistema de financiamento político do país.

De acordo com a fonte, os depoimentos devem atingir os principais presidenciáveis. O jornal carioca afirmou ainda que os funcionários da empreiteira citaram nomes de pelo menos 150 políticos, entre governadores, deputados, senadores e ministros, além do presidente Michel Temer.

Em conversas preliminares já foram mencionados também nomes como os dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e do ministro das Relações Exteriores, José Serra.

EK/abr/efe/ots