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Oferta cultural online cresce em tempos de coronavírus

Stefan Dege as
21 de março de 2020

Setor cultural e artístico é fortemente afetado pelas restrições de circulação. Saída encontrada por muitos artistas, museus e casas de espetáculos é colocar suas atrações na internet.

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Ópera da Baviera
Assim como todas as outras salas de espetáculos da Alemanha, a Ópera da Baviera está fechada até meados de abrilFoto: picture-alliance/RelaXimages

Os organizadores do Prêmio Alemão de Áudio Cinematográfico já haviam preparado um live-streaming da cerimônia de entrega, depois do cancelamento da recepção com cerca de 500 convidados. O prêmio distingue o filme com o melhor acompanhamento de áudio, que realça elementos centrais da trama e seus cenários, permitindo aos espectadores cegos ou de visão deficiente assistir aos filmes.

Contudo, mesmo essa alternativa teve que ser cancelada devido às medidas para impedir o avanço do novo coronavírus. "Foi uma luta contra o tempo. E nós perdemos", lamenta a presidente da Federação Alemã de Cegos e Deficientes Visuais, Claudia Schaffer.

Vários outros eventos culturais foram cancelados na Alemanha. Teatros, salas de espetáculo e cinemas estão vazios, e o público está em casa. Por isso, muitos promotores estão oferecendo versões online de seus eventos, e os live-streamings estão se tornando ultrapopulares.

"Quando a crise do coronavírus começou, todo mundo achava que as galerias fechariam", comenta a galerista Tanja Wagner. "Eu logo entendi que teria de fazer algo para permanecer em contato com o mundo das artes."

Assim ela teve a ideia de criar um programa online: todas as semanas apresenta um trabalho de vídeo de um artista selecionado na sua galeria online, e promove o trabalho nas redes sociais, como o Instagram.

"Claro que não sei quanto tempo essa crise vai durar", diz a galerista, convicta de que as pessoas ainda necessitam de arte e cultura, mesmo diante da atmosfera apocalíptica apresentada pelos noticiários.

Arte para ver e comprar online

Os organizadores da Art Basel Hong Kong, planejada para meados de março, foram criticados pela demora em cancelar a feira de artes em meio à epidemia de coronavírus. Mas, depois do cancelamento finalmente ocorrer, eles foram rápidos na criação de uma versão virtual do evento. O mercado asiático de artes é especialmente lucrativo e, por isso, muito importante para o setor.

A versão online apresenta 235 galerias e mais de 2 mil peças de arte que podem ser vistas e compradas sem qualquer risco de infecção. O influente marchand Larry Gagosian participa da mostra, oferecendo online artistas como Georg Baselitz.

"A ideia é boa, mas há espaço para crescer", comenta o negociador de artes suíço Urs Meile, que tem galerias em Lucerna e Pequim. "Se feiras de arte e exibições deixarem de existir, quero, ainda assim, continuar em contato com meus clientes e lhes oferecer boas informações."

No seu site, Meile apresenta um Online Viewing Room próprio, que proporciona uma sensação espacial mais realista e informações adicionais sobre a obra exposta e o artista.

A Google também lançou uma plataforma digital para artes e cultura. A exposição online, chamada Once Upon a Try, oferece formatos inovadores, criados em colaboração com 120 museus de todo o mundo, "explorando milênios de criação humana em uma única exibição".

O projeto reúne cientistas, artistas e ativistas, assim como astros e estrelas. No formato desenvolvido em colaboração com o Museu do Cern, em Genebra, permite o usuário vivencia o Big Bang através de um app de realidade aumentada, apresentando uma "história do universo" narrada por Tilda Swinton.

Música e companhia, entre o público e o privado

O pianista Igor Levit está transmitindo há vários dias um live-stream contra a solidão. Seus espetáculos, compartilhados pelo Twitter, podem ocorrer num palco em Munique ou na sala de sua casa. Por vezes só de pulôver, jeans e meias, o teuto-russo oferece consolo musical os autoisolados.

E ele não é o único. Uma startup de Colônia, que criou a revista digital de eventos Rausgegangen.de (Vai passear), agora oferece uma alternativa para os tempos de quarentena, a Dringeblieben (Fica em casa). "Se as pessoas não podem mais sair para eventos culturais, então vamos levar a cultura a suas salas de estar", diz a editora da publicação, Adina Burchartz.

Os artistas podem enviar sua lista de eventos para o site, que faz o streaming deles. Shows, debates e até uma discoteca matinal para crianças estão entre a ofertas. Espectadores podem conversar com o artista ou enviar doações.

A Ópera de Berlim também criou uma oferta online em reação à crise do coronavírus. Em seu site estão registros em filme de seu repertório, acessíveis gratuitamente. Todas as récitas da casa foram canceladas já que, como afirmou a instituição, "saúde vem em primeiro lugar".

Assim como todas as outras salas de espetáculos da Alemanha, a Ópera da Baviera está fechada até meados de abril – no mínimo. O diretor, Nikolaus Bachler, diz que foi uma decisão difícil.

"Uma sala que não pode apresentar encenações não existe", comenta. Por isso deverá haver apresentações sem público, mas transmitidas online. A primeira será 7 deaths of Maria Callas, com a artista performática Marina Abramovic, será transmitida por streaming em 11 de abril.

A Orquestra Filarmônica de Berlim também abriu uma Sala Digital de Concertos. Mais de 600 concertos dos últimos dez anos estão disponíveis no site, de graça, até 19 de abril, contanto que o vale-ingresso BERLINPHIL seja utilizado até 31 de março.

"Estamos sentindo muito a falta do nosso público, e esperamos dessa forma continuar nos encontrando pelo menos virtualmente", diz o diretor de mídia da orquestra, Olaf Maninger. Entre as ofertas, estão 15 concertos regidos pelo novo maestro titular, Kirill Petrenko.

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