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OMS na mira por nomear Mugabe "embaixador da boa vontade"

21 de outubro de 2017

Escolha da Organização Mundial da Saúde (OMS) provoca consternação em autoridades médicas e da política. Robert Mugabe é acusado de violações de direitos humanos e de sucatear o sistema de saúde do Zimbábue.

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Mais velho chefe de Estado do mundo, Robert Mugabe detém o poder desde 1980 no ZimbábueFoto: Getty Images/AFP/J. Njikizana

O choque e a consternação continuaram neste sábado (21/10) depois da nomeação de Robert Mugabe, presidente do Zimbábue, como "embaixador da boa vontade" pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O anúncio, feito no início da semana no Uruguai, provocou confusão e raiva entre ativistas, que apontam que o sistema de saúde do Zimbábue, como também muitos dos serviços públicos, entrou em colapso sob o regime autoritário de Mugabe.

O chefe de Estado também tem sido criticado por viajar para o exterior para tratamento médico, enquanto a economia antes próspera do Zimbábue se desmantela. Mugabe também sofre sanções da ONU devido a abusos contra os direitos humanos em seu governo. Com 93 anos, ele é atualmente o chefe de Estado mais velho do mundo e se encontra no poder desde a independência do país em 1980.

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A agência da ONU, presidida desde julho último pelo ministro da Saúde etíope, Tedros Adhanom Ghebreyesus, justificou a oferta ao presidente do Zimbábue devido aos seus esforços para combater o tabagismo e enfermidades crônicas, como asma, doenças cardíacas e AVC.

Falando em Montevidéu, nesta semana, o presidente da OMS saudou o Zimbábue como um país que coloca a "oferta universal de saúde" no centro de suas políticas de cuidados para todos.

Londres condenou o anúncio "surpreendente e decepcionante". Um porta-voz do governo britânico disse que a nomeação de Mugabe para ajudar a combater doenças crônicas colocava em risco a reputação da OMS, acrescentando que seu governo já teria registrado as suas preocupações junto ao diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O ministro da Saúde da Irlanda, Simon Harris, classificou o anúncio de "ofensivo e bizarro".

Escolha não definitiva

Mais de 20 organizações – incluindo a Federação Mundial do Coração e o Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido – emitiram um comunicado criticando a nomeação, dizendo que as autoridades de saúde estariam "chocadas e profundamente preocupadas", chamando atenção para a "longa lista de violações dos direitos humanos" por parte de Mugabe.

Já em 2008, a associação de ajuda humanitária Médicos pelos Direitos Humanos havia divulgado um relatório documentando as falhas no sistema de saúde do Zimbábue, afirmando que as políticas de Mugabe levaram a uma crise provocada pelo homem. "O governo de Robert Mugabe presidiu a dramática reversão do acesso da população a alimento, água limpa, saneamento básico e cuidados de saúde", concluiu o grupo.

Agências da ONU nomeiam muitas vezes personalidades importantes para chamar atenção para o seu trabalho, como é o caso da atriz Angelina Jolie com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur).

Essas escolhas, no entanto, não estão sujeitas á aprovação do secretário-geral das Nações Unidas ou de outra pessoa. Elas também não são definitivas, podendo ser canceladas a qualquer momento.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde afirmou neste sábado que está repensando a nomeação do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, como embaixador da boa vontade da OMS, após a condenação que a escolha suscitou. Numa mensagem publicada no Twitter, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse: "Estou atento às vossas preocupações e repensando a questão segundo os valores da OMS. Farei uma declaração logo que possível". 

CA/ap/afp/dpa

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