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ONU diz-se preocupada com xenofobia na África do Sul

17 de abril de 2015

Violência contra imigrantes em Durban e Johanesburgo atinge níveis alarmantes, deixando seis mortos e mais de 5 mil desalojados. Estrangeiros são acusados de roubar empregos dos sul-africanos.

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Südafrika Fremdenfeindliche Ausschreitungen
Foto: Reuters/S. Sibeko

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) manifestou-se nesta sexta-feira (17/04) "extremamente preocupado" com a onda de violência xenófoba na África do Sul e as condições de abrigo das vítimas de ataques.

Em nota, o Acnur manifestou sua consternação, apesar de reconhecer os esforços do governo para conter a xenofobia no país. A agência da ONU estima que os incidentes violentos que atingem as cidade sul-africanas de Durban e Johanesburgo já deixaram seis mortos e desalojaram mais de 5 mil estrangeiros.

Nesta quinta-feira, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, pediu o fim da violência. "Nenhum nível de frustração ou raiva justifica os ataques contra cidadãos estrangeiros e o saque de suas lojas. Condenamos veementemente a violência e os ataques, que contrariam todos os valores incorporados pela África do Sul", declarou.

"A polícia trabalha dia e noite para proteger os cidadãos estrangeiros e deter os saqueadores e os que cometem atos de violência", prosseguiu Zuma.

Os imigrantes são acusados de roubar os empregos dos sul-africanos, num país cujo índice de desemprego se aproxima de 25%. As autoridades aumentaram a presença de policiais nas ruas, e forças de segurança estão em alerta máximo em Durban.

Na cidade, milhares de manifestantes foram às ruas nesta quinta-feira para participar de manifestações contra a xenofobia, carregando bandeiras da África do Sul e de outros países africanos, como Moçambique, Etiópia e Tanzânia, além de cartazes com os dizeres "África Unida" e "Parem Com a Xenofobia". Entre os manifestantes havia estudantes, políticos e líderes religiosos, que se dizem chocados e revoltados com os ataques aos estrangeiros que vivem no país.

Onda de ataques

Nas últimas semanas, imigrantes foram apedrejados e queimados vivos. Ao menos seis pessoas morreram – estrangeiros e sul-africanos –, incluindo um adolescente de 14 anos.

Jay Naicker, porta-voz da polícia da província de KwaZulu-Natal, afirmou que o jovem, de nacionalidade sul-africana, foi morto enquanto várias lojas eram saqueadas. Mais de mil pessoas tiveram que fugir e procurar abrigo em centros de acolhimento temporários.

A atual onda de violência xenófoba começou justamente em KwaZulu-Natal, após o rei zulu, Goodwill Zwelithini – a mais alta autoridade tradicional da província–, afirmar, no início do mês passado, que os estrangeiros deveriam "fazer as malas e deixar o país".

"Dizem que eles vão de local em local. Não sabemos quando e onde poderemos ser atacados", afirmou Nokwethemba Masuku, uma zimbabuana que vive na África do Sul. "Que Deus nos ajude!"

Em Johanesburgo, comerciantes de nacionalidade estrangeira foram atacados na madrugada de quinta-feira. Em Germiston, nos arredores da cidade, dezenas de imigrantes buscaram refúgio junto à polícia. Nesta quinta-feira, proprietários de diversos estabelecimentos comerciais decidiram não abrir as portas de suas lojas.

RC/rtr/lusa