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ONU e Suíça: uma estranha relação

Fernando Scheller29 de maio de 2006

País-sede da Organização das Nações Unidas está entre os menos comprometidos com as metas de transparência da entidade.

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Foto: AP
Delicada – e um tanto estranha. Assim pode ser definida a relação entre a Organização das Nações Unidas e seu país-sede na Europa, a Suíça. Apesar de ser a "casa" da maior parte dos escritórios da ONU na Europa, o país é um dos menos comprometidos com as metas de igualdade e transparência pregadas pela entidade internacional.

Prova disso é que, durante quase 60 anos, a Suíça foi um mero membro observador da ONU – a adesão integral só veio em 2002. A categoria de membro observador geralmente é reservada a países que não reconhecem os direitos humanos ou que estão passando por algum tipo de conflito grave.

Entre os motivos para a Suíça ter ficado durante tanto tempo nessa espécie de limbo internacional é o sistema bancário do país, que permite que dinheiro de origem duvidosa seja guardado a sete chaves – e sem qualquer tipo de questionamento. Organizações que trabalham com a questão da corrupção afirmam que a existência de paraísos fiscais facilita o desvio de dinheiro público em países em desenvolvimento.

Além disso, a Suíça também é conhecida por seu atraso em relação aos direitos humanos e a igualdade entre os sexos. A Suíça foi, por exemplo, um dos últimos países do mundo a conceder o direito de voto às mulheres: as cidadãs do país foram às urnas pela primeira vez no início dos anos 70.

Em sua relação com estrangeiros, o país também está longe de seguir os preceitos da ONU. Para evitar a entrada de imigrantes, a Suíça tem usado estratégias que são consideradas xenófobas por organismos internacionais.

A parceria entre a Suíça e a ONU faz pouco sentido no campo ideológico, mas funciona na área econômica. O país tem investido pesado para manter escritórios de entidades internacionais em seu território: investe em infra-estrutura, doa terrenos e co-financia a construção de prédios.

Conforme informou um alto funcionário à DW-WORLD, a economia de Genebra gira em torno da ONU: a presença da entidade trouxe outras organizações internacionais de peso e ONGs de diversos setores para a cidade. Investir é preciso, pois estimativas dão conta de que a saída da ONU poderia fechar 40 mil postos de trabalho no país.