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Meio Ambiente

21 de junho de 2010

O mantra da redução de emissões de carbono não produziu nenhum resultado concreto nas conferências climáticas. Muito melhor seria concentrar recursos em energias alternativas, opina o editor-chefe da DW, Marc Koch.

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Trata-se de um mantra da política ambiental: a elevação da temperatura global média não pode ultrapassar 2 graus célsius. Para alcançar essa meta, a emissão de dióxido de carbono tem que ser drasticamente reduzida – se depender da União Europeia, em 20% até o ano 2020.

Isso soa como se fosse um claro compromisso, uma medida séria no combate às mudanças climáticas, e ilude a opinião pública fazendo-a acreditar que o Ocidente está na linha de frente do movimento em defesa do clima, enquanto países emergentes com forte indústria, como a China e a Índia, estariam tentando torpedear essa meta por motivos egoístas.

Mas concentrar-se exclusivamente na redução das emissões de dióxido de carbono é a estratégia errada. Trata-se de uma medida de ordem política gigantesca e absurdamente cara, que ao final custará mais dinheiro do que todas as consequências do aquecimento global somadas.

O economista ambiental Richard Tol, que também trabalha para o IPCC, calculou que seria necessário cobrar um imposto de 45 euros por tonelada de dióxido de carbono para alcançar a meta estipulada. Isso significa que, até 2100, a redução de CO2 custaria 14 vezes mais do que os danos que se espera que o aquecimento global cause até lá. Isso é puro desperdício de dinheiro.

E a mera redução das emissões não é questionável apenas do ponto de vista econômico. Do ponto de vista político, ela é difícil de ser comunicada a países como a Índia e a China. Modelos climáticos mostram que o aquecimento global pode ter efeitos positivos para a China: a produção agrícola e a saúde da população vão melhorar e menos pessoas vão morrer de frio, já que a mudança climática tem efeitos muito maiores sobre as temperaturas mínimas registradas no inverno do que sobre as temperaturas máximas do verão.

Nenhuma conferência do clima poderá resolver esse conflito de interesses entre emergentes e industrializados enquanto se falar apenas na redução de emissões. Muito mais inteligente e sustentável do ponto de vista político seria finalmente elevar as verbas para a pesquisa de formas alternativas de produção de energia. Estudos mostram que nenhuma das fontes energéticas que não prejudicam o clima atingiu seu nível máximo de desenvolvimento.

Além disso, a demanda global por energia duplicará até a metade do século. Para esse problema, ainda não temos as respostas políticas e tecnológicas corretas. Para encontrá-las, será preciso muito dinheiro – embora, a longo prazo, bem menos do que financiar o infrutífero mantra das caravanas da proteção climática que as diversas conferências internacionais representam.

Afinal, as gerações futuras não vão nos avaliar por aquilo que pretendíamos, mas sim pelo que de fato alcançarmos.

Autor: Marc Koch (as)