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Opinião: "Dança do gaúcho" arranha, mas não destrói imagem alemã

Volker Wagener (fc)16 de julho de 2014

Houve de fato um erro durante a recepção aos tetracampeões em Berlim: a brincadeira com os argentinos foi totalmente desnecessária. Mas a história alemã no Mundial não precisa ser reescrita, opina Volker Wagener.

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Meu Deus, que coisa desnecessária, supérflua e idiota! Fazer brincadeiras com os argentinos – os derrotados no duelo da final da Copa – e ainda por cima em palco aberto. Nós não tínhamos enterrado ontem, nesse mesmo local, a figura do alemão horroroso? Não éramos nós agora, incontestavelmente, a gente boa do Brasil – pessoas simpáticas, relaxadas e respeitosas principalmente com aqueles que, dentro do campo de futebol, nós expusemos aos seus limites? E agora esse teatrinho irresponsável da trupe de amadores da DFB [Federação Alemã de Futebol]?

Em resumo: isso é uma irritação para os alemães – e uma irritação enorme. Enorme porque o contraste entre o entusiasmo absoluto e legítimo após a conquista da taça no Rio de Janeiro e a "dança do gaúcho" é extremo. Os usuários de redes sociais ganharam assunto e o pessoal da imprensa, matéria-primeira para as suas manchetes.

Deutsche Welle Volker Wagener Deutschland Chefredaktion REGIONEN
Foto: DW

Os eternos resmungões aparecem de novo: "Viu, eu tinha avisado: olha lá nós [os alemães] querendo de novo ser mais do que os outros!" Por isso, a apresentação no Portão de Brandemburgo é, por si só, um motivo de depressão para aqueles que querem que a Alemanha não ganhe só em campo, mas também em reputação, em imagem. E agora isso!

É a ressaca após a bebedeira. A pergunta é: a DFB, que planejou e implementou todo o projeto de Copa do Mundo com uma perfeição sem igual, cometeu um erro de direção no final? Ou foram Klose, Götze e outros que, com excesso de álcool, sonolentos e um tanto cansados, não puderam mais reconhecer a diferença entre uma bobeira e uma ofensa?

Tanto faz: os organizadores e principalmente os jogadores também podem cometer erros. Crucial é a forma como lidar com isso. Com um certo distanciamento das horas de festa e emoção em Berlim fica, no final, nada mais que o famoso cabelo na sopa. Não é bom, mas também não é o fim do mundo.

Futebol não é um seminário religioso e jogadores de futebol não são filósofos. Quem vê na "gangue do gaúcho" e na piada da "mão sobre o ombro do colega da frente" mais do que a euforia de jovens que, depois de dois meses de preparação e torneio, puderam finalmente tirar esse peso dos ombros e relaxar, faz parte do notório grupo dos politicamente corretos deste país. Aliás, Uwe Seeler saiu de campo após a derrota da Alemanha na final em 1966 contra a Inglaterra tão inclinado como a imitação dos argentinos nesta terça-feira em Berlim.

Por um capricho do destino, os jogadores alemães e argentinos que participaram da Copa vão se encontrar novamente em setembro, num amistoso em Düsseldorf. Lá, os campeões mundiais devem, como anfitriões, estender-lhes a mão. Assim como se faz quando se sai do protocolo: um tapinha nas costas, abraços e um "a intenção não foi essa". Afinal, não foi nada demais!