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Futuro da Opel

25 de agosto de 2009

Os políticos alemães reagiram com indignação ao adiamento da decisão sobre o futuro da montadora Opel. O conselho administrativo da GM não conseguiu chegar a uma decisão. Karl Zawadzky analisa.

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Não tomar uma decisão é também uma forma de decisão. O futuro da debilitada montadora Opel continua no ar. A ameaça é de suspensão do jogo, confirmando temores de políticos alemães, e de um novo agravamento da situação econômica da empresa.

O governo federal em Berlim e os governadores dos três estados alemães com unidades da Opel podem gritar à vontade, que a liderança da GM, matriz da Opel, continuará blefando. Depois que a maior montadora norte-americana encerrou rapidamente seu próprio processo de insolvência, os executivos em Detroit não têm pressa para tomar uma decisão sobre os futuros negócios na Europa e, desta forma, sobre o destino da subsidiária alemã Opel.

Governo alemão sob pressão

Com isso, começa uma considerável corrida contra o tempo, pois o 1,5 bilhão de euros dos contribuintes alemães, com o qual a insolvência da Opel foi evitada, vai acabar antes do fim deste ano. E mais: em poucas semanas, expira o prazo para receber um bônus do governo na compra de um novo veículo após transformar o antigo em sucata, medida que muito incentivou as vendas de carros na Alemanha.

Agora, tempos difíceis virão, especialmente para a Opel, pois, apesar dos números positivos, subvencionados pelo bônus da sucata, a montadora registra a cada dia perdas milionárias. Dentro em breve, o governo alemão e os governos estaduais atingidos irão se confrontar mais uma vez com a alternativa: falência ou novas injeções bilionárias de dinheiro.

GM não tem pressa

Depois que a matriz norte-americana foi saneada por meio da insolvência e de vários bilhões de dólares de Washington, e agora que a então maior empresa do mundo passou a ser propriedade do Estado, os executivos de Detroit não tem mais pressa em relação à Opel. Há vários indícios que levam à suposição de que eles não queiram mais vender as unidades europeias, mas sim saneá-las com as próprias mãos e muito dinheiro do contribuinte europeu.

De qualquer forma, tudo indica que os americanos não pretendem vender as unidades europeias da General Motors, como sugerido pelo governo alemão, ao consórcio formado pela montadora austro-canadense Magna, o banco russo Sberbank e a montadora russa GAZ. Pois assim a General Motors estaria se contentando, no mercado europeu, com uma eterna parcela minoritária da Opel. E a General Motors se vê como uma montadora internacional de automóveis, que quer manter sua presença na Europa.

É por isso que a diretoria em Detroit prefere a entrada do investidor financeiro RHJ, que assumiria a maioria da Opel, saneando a montadora para vendê-la de volta à General Motors. E, se possível, deveria-se evitar até mesmo esse desvio através da participação do investidor financeiro.

E mais: se a Opel, a longo prazo, abandonasse essa associação de empresas, a General Motors entraria em sérias dificuldades, pois é na Opel que se situa a competência de desenvolvimento de toda a empresa para veículos de pequeno porte, bem como para novos tipos de propulsão. Ou seja, é ali que está o futuro da General Motors.

Além disso, a General Motors vê a participação russa no consórcio da Magna de forma extremamente crítica, pois, do ponto de vista russo, a compra da Opel é um marco no caminho de saneamento da enfraquecida indústria automobilística russa, a fim de elevá-la ao nível europeu. A General Motors quer montar e vender ela mesma veículos na Rússia, não tendo interesse algum em fortalecer a concorrência neste importante mercado futuro.

Clareza somente depois das eleições

A General Motors enrola, pressionando desta forma o governo alemão e os governos dos estados que têm unidades da Opel. Mas, ao mesmo tempo, essa é também uma tentativa de não cair na roda das eleições parlamentares com uma decisão nem um pouco popular no país. Isso significa que somente depois das eleições parlamentares, a serem realizadas no fim de setembro, é que a General Motors irá comunicar o que deverá acontecer com a Opel.

De fato, o lado alemão também tem possibilidades de fazer pressão, já que a maioria das ações da Opel não está mais nas mãos da General Motors, mas vem sendo administrada por cinco agentes fiduciários – dois norte-americanos, dois alemães e um presidente, que, em caso de conflito, abdica de seu voto. Ou seja: ambos podem bloquear a decisão.

Esse seria o caminho mais seguro rumo à insolvência da Opel e, com isso, talvez não a pior das possibilidades. Pois, neste caso, o administrador da insolvência da Opel poderia vendê-la a quem oferecesse mais. Sem que esse comprador precisasse ser necessariamente a matriz norte-americana.

Autor: Karl Zawadzky
Revisão: Rodrigo Rimon