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Sobre-humano ou dopado?

17 de agosto de 2009

Recorde mundial de 9,58s nos 100m rasos batido pelo jamaicano Usain Bolt no Mundial de Atletismo em Berlim dá o que pensar sobre a transgressão do limite físico humano. E sobre o doping, comenta Volker Hirth.

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Evidentemente a dúvida acompanha os lançamentos de dardo ou disco. Seria muita ingenuidade acreditar piamente que 100% das disputas esportivas são limpas.

O problema é que não há sinais característicos para o doping. O esportista que treina intensamente pode adquirir coxas e braços musculosos comendo apenas cereais e frutas. A época dos anabolizantes já era, e com ela também passou a tendência de apontar histericamente para cada acne no rosto dos esportistas como indício de doping.

Muitos jovens têm acne, mesmo sem ingerir qualquer substância proibida. Hoje, o problema do doping é mais difícil por ter se tornado invisível e – algo ainda pior – impossível de ser comprovado. Acredito que as substâncias que elevam o desempenho atingiram tal nível técnico que já escapam à capacidade de investigação dos que não são cientistas.

A época de tomar comprimidos já era. Mas esse ainda é o estágio em que se encontram os combatentes do doping. Hoje, já se tomam hormônios de crescimento que simplesmente não podem ser comprovados, ou então insulina, uma substância produzida pelo próprio corpo. Como isso é de conhecimento geral, provavelmente também já tenha se tornado ultrapassado.

Talvez os infratores já tenham atingido sua meta há tempo, passando a usar doping genético – um procedimento puramente científico que só pode ser aplicado com respaldo de instituições estatais. Talvez isso já exista na Jamaica, por exemplo, o lugar de onde vêm todos os corredores-prodígio, sem que haja nenhuma explicação para tal.

Ninguém que se interesse seriamente por esporte pode ignorar isso, mas a pessoa acaba por resignar, desistir, se conformar, passando a ver o esporte como um show de monstros. Afinal, não deixa de ser fascinante assistir à corrida mais veloz que um ser humano já fez, independentemente dos meios utilizados.

Autor: Volker Hirth

Revisão: Roselaine Wandscheer