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Opinão

(rw)22 de novembro de 2006

Há um ano, Angela Merkel lidera a grande coalizão. A aliança prevista para durar quatro anos é mais solução de emergência do que uma união natural entre parceiros, escreve Heinz Dylong.

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Uma coalizão não é um casamento por amor – esta obviedade vale, naturalmente, também para a aliança entre CDU/CSU e SPD, que desde um ano compõem o governo alemão. Matematicamente, outras coligações teriam sido possíveis após as eleições alemãs de 2005, mas apenas a "grande coalizão" foi realista. Pela primeira vez em 36 anos, os grandes partidos coaliram em nível federal.

Com a esmagadora maioria no Bundestag [câmara baixa do Parlamento] e um claro domínio no Bundesrat [câmara alta do Parlamento], a coalizão ofereceu espaço a diversas esperanças – finalmente se poderia encarar conjuntamente problemas que antes, por causa da rivalidade partidária, ficaram sem solução. Isto, no entanto, acabou não acontecendo. A diminuição do desemprego é muito mais uma conseqüência da melhora na conjuntura e provavelmente também um mérito da política do governo anterior.

A tão discutida reforma no sistema de saúde não dá a impressão de que possa levar a uma reestruturação básica do sistema alemão de saúde. E o fato de o orçamento federal estar num curso sério de estabilização também está mais relacionado à conjuntura do que à habilidade da coalizão de governo.

A reforma do federalismo, entretanto, foi um passo importante na direção certa. A distribuição de competências entre Federação e Estados realmente necessitava de uma nova ordem. Mas a questão da distribuição das finanças continua em aberto e promete tornar-se o verdadeiro ponto de conflito.

De certa maneira, isto mostra o problema básico da chanceler federal Angela Merkel e da coalizão. Com freqüência, elas são confrontadas com as atitudes de governadores da CDU/CSU que, cientes de seu poder, contrariam as metas do governo.

Isto não facilita o trabalho de Merkel. Exige, pelo contrário, suas habilidades como moderadora. Mas esta provavelmente é a principal qualidade exigida de um chefe de governo numa grande coalizão. Em vista de se tratarem de dois parceiros com equilíbrio de forças, a competência atribuída pela Constituição à chanceler é apenas teórica, pelo menos perante os ministros do SPD .

E, apesar da força nominal do governo, não passa despercebido que lhe falta o centro do poder. Como presidente da CDU, Merkel é a única chefe de partido – entre os três partidos representados na coalizão – que participa do governo. Isto dá aos outros dois a possibilidade de, quando necessário, se distanciarem do governo em Berlim. Esta é uma oportunidade menos usada pelo líder do SPD, Kurt Beck, do que pelo presidente da CSU, Edmund Stoiber.

Além disso – contando Stoiber – o país tem 11 governadores da CDU/CSU que nos seus Estados coligaram com diferentes partidos e que, por isso, seguem diferentes interesses. A atenção a Berlim é apenas uma entre tantas outras, o que não proporciona boas perspectivas à chanceler Merkel.

Heinz Dylong é redator de Política da Deutsche Welle.