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Estava na hora

2 de novembro de 2007

Com sua primeira viagem à Índia, Angela Merkel demonstrou o desejo da Alemanha de se aproximar mais daquele país. Estava mais do que na hora, opina Peter Stützle.

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Pode ser que em Berlim haja uma série de problemas à espera de solução, mas, no que diz respeito à política externa, Angela Merkel tem sempre sabido como marcar pontos.

É preciso reconhecer que a chanceler federal conseguiu romper a fixação sobre a China, que durante muito tempo marcou a política alemã para a Ásia, e se voltou para a Índia. Estava mais do que na hora de que esse passo fosse dado.

Mas o mérito é também de Manmohan Singh que, na condição de ministro da Economia, impulsionou no princípio da década de 90 a liberalização da economia indiana, dando início à expansão da qual só agora – com um grande atraso – se toma conhecimento na Alemanha.

Agora primeiro-ministro, Singh transformou a planejada visita de trabalho da chanceler federal a seu país em visita de Estado, contribuindo para o sucesso do empreendimento.

Há tempos que a Índia teria merecido mais reconhecimento, já pelo fato de manter a democracia por mais de meio século, apesar de ser um país pobre com uma população numerosa e heterogênea.

Em Nova Délhi e Mumbai, Angela Merkel repetiu agora várias vezes que a Alemanha partilha com a Índia valores comuns, tais como o respeito aos direitos humanos, o estado de direito e justamente a democracia – o que não se pode dizer em relação a outros gigantes asiáticos.

Pode ser que a China se sinta agora preterida em função do fato de a Alemanha se direcionar mais fortemente à Índia. Não é isso o que Merkel quer, mas ela parece aceitar que isso aconteça.

Em conseqüência do crescimento acelerado, aumenta na Índia o abismo entre a nova classe média e a parcela pobre da população – que perfaz um terço dos habitantes. O mesmo já aconteceu na China, mas, numa democracia, as tensões resultantes desse fato representam um perigo bem maior.

A chefe de governo alemã chamou a atenção de seus interlocutores para esse risco com veemência – não em discursos oficiais, mas em conversas a portas fechadas.

Claro que Angela Merkel e seus anfitriões não concordaram em todos os pontos. No que diz respeito às negociações para a Rodada de Doha, que se estendem há anos, continuam as divergências entre a Índia e a Alemanha, tais como elas continuam existindo entre as nações industrializadas, as emergentes e os países pobres. Tampouco houve aproximação na questão da proteção ao clima, que estará em pauta em Bali no fim do ano. Mas as conversas entre Manmohan Singh e Angela Merkel a respeito dessas duas questões globais essenciais deixaram claro que ambas as partes estão firmemente decididas a contribuir para uma solução. Se isto se tornar realidade, a visita da chanceler federal alemã à Índia poderá ser considerada posteriormente ainda mais bem-sucedida. (lk) Peter Stützle é chefe do escritório da DW-RADIO em Berlim.