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Opinião: O medo do crash está de volta

9 de fevereiro de 2016

Diante da complexa situação econômica mundial, incluindo a queda do preço do petróleo, bolsas reagem negativamente. Mas para o jornalista econômico da DW Henrik Böhme, presságios de uma nova crise financeira são exagero.

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Henrik Böhme é repórter de economia da Deutsche Welle

Finalmente, as bolsas de valores estão em queda! E isso desde o começo de 2016. Há muito tempo não se via um início de ano tão ruim para o mercado de ações. E quem ainda tinha esperanças de que tudo se resolvesse e de que a situação voltasse ao normal deve ter sofrido uma grande decepção no início desta semana – o mais tardar. Para alguns, os números caíram ainda mais no vermelho, tendo ações de bancos sofrido grandes quedas – levando junto todo o resto numa espiral descendente.

Como nas bolsas de valores o futuro é negociado, e como a grande quantidade de dinheiro injetada ininterruptamente nos mercados pelos bancos centrais tem de ser investida em alguma coisa, e como em longo prazo as ações ainda são um bom negócio, aplicou-se uma imensa quantidade de dinheiro em títulos.

Por um bom tempo, isso escondeu os muitos problemas da economia mundial: o conflito ainda não resolvido na Ucrânia; a guerra interminável na Síria e o subsequente problema dos refugiados ainda sem solução; a crise da dívida grega, que só foi temporariamente esquecida; as preocupações com o crescimento da China.

E, como se tudo isso não fosse ruim o suficiente, o preço do petróleo avança ainda mais para o fundo do poço – o que embora seja motivo de alegria para economias consumidoras do produto, como a Alemanha, causa, na verdade, grandes estragos. Isso porque a instabilidade em importantes países emergentes, como Brasil e Rússia, não beneficia ninguém.

Ainda sobre o preço do petróleo, nenhum dos países produtores pode continuar vivendo com o atual nível de preços. Todos, sejam sauditas, russos, venezuelanos ou americanos, estão com um grande problema. Os xeiques poderiam resolver isso ao fechar suas torneiras por um tempo, pressionando para cima o preço do produto. Mas eles não querem, já que querem minimizar a concorrência do fracking [fraturamento hidráulico] nos EUA, assim como o arqui-inimigo Irã.

No caso dos americanos, os xeiques já tiveram bastante sucesso: diversas firmas de fracking já tiveram que jogar a toalha. E essa é uma das principais razões para a atual queda nos mercados de ações: o alto endividamento das empresas de fracking para financiar seus dispendiosos negócios. Dependendo do local de prospecção, elas devem de 250 bilhões a 400 bilhões de dólares aos bancos.

E aí está novamente o medo de mais uma crise financeira. Os bancos – que, em grande parte, estão preocupados principalmente consigo mesmos – possivelmente terão que abrir mão de uma grande quantidade de dinheiro. Esse é atualmente o maior medo dos investidores.

O mais afetado é o Deutsche Bank. Embora quase não tenha investimentos no setor energético, as ações do maior banco alemão atingiram um novo recorde de baixa no início da semana. Isso tudo mostra quão grande é o nervosismo dos investidores atualmente – o que tem pouco a ver com a realidade.

Na verdade, o que acontece é que, após os excessos dos últimos meses, os preços das ações somente estão se aproximando dessa realidade. Antes de voltar a melhorar, esses preços ainda vão continuar certamente a piorar por algum tempo. Assim, para quem está dormindo mal, é melhor não consultar a cotação das ações no momento. Para os demais, o que vale é: manter a calma, fechar os olhos e bola para frente.