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Opinião: O que fazer para ajudar a Síria?

Alexander Kudascheff
8 de setembro de 2015

"Combater as causas da fuga" é a resposta padrão à questão de como reduzir o número de refugiados na Europa. Um olhar sobre a Síria mostra que isso não é tão simples assim, opina Alexander Kudascheff, editor-chefe da DW.

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Alexander Kudascheff, editor-chefe da DWFoto: DW/M. Müller

Há quatro anos, a guerra civil assola a Síria. Mais de 250 mil pessoas morreram. Milhões estão refugiadas no Líbano, na Turquia, na Jordânia ou agora, depois de muito esperar em vão pelo fim da guerra, a caminho da Europa.

A Síria já se esfacelou há muito tempo. Embora Bashar al-Assad ainda governe em Damasco e nas regiões alauítas do país, grandes áreas são devastadas pelo chamado "Estado Islâmico" e, por vezes, também pela assassina e brutal Frente al-Nusra. E, aqui e acolá, algumas cidades estão sob controle de rebeldes democráticos. Uma coisa é certa: o derramamento de sangue ainda não chegou ao fim, e a guerra ainda não dá sinais de exaustão.

O que se pode fazer, então? Por um lado, há a opção militar: O Ocidente deve intervir? E de que lado? E contra quem? Contra o "Estado Islâmico"? Isso seria bem razoável, mas ataques aéreos não serão suficientes. Quem declarar guerra ao autoproclamado califa Al Baghdadi fortalecerá, indiretamente, o regime Assad. Mas isso ninguém quer, afinal, o presidente sírio é o principal responsável pelos mortos na Síria. Ninguém quer uma guerra de frente dupla contra Assad e o "Estado Islâmico" – até mesmo com tropas de solo. E com razão. Aliás, pode-se ver nas ações turcas contra o "Estado Islâmico" e o PKK quão delicadas são tais operações. E ainda por cima sem êxito.

Resta a solução democrática. Ou melhor: a tentativa de solução diplomática. Ela só é possível com a participação de Assad. Ou seja, seria preciso trazê-lo à mesa de negociações – o que seria uma ofensa para os opositores democráticos do governante sírio. Trata-se, no entanto, de algo que talvez eles tenham de suportar, principalmente se houver a esperança de que o fim de Assad seja somente uma questão de tempo, já que ele não vai sair por conta própria.

A Rússia entra em cena como possível parceiro de conversações, possivelmente também o Irã. Assim, a grande rodada de negociações seria inevitável: com Washington, Moscou, União Europeia e Arábia Saudita – o adversário mais ferrenho de Assad e rival do Irã na luta pela supremacia no mundo muçulmano. O mais tardar nesse momento, o conflito se tornaria definitivamente difícil ou até mesmo insolúvel. Então, talvez fosse melhor deixar esses dois países de fora. Mas eles vão aceitar isso?

Precisamente a Arábia Saudita acompanha com desconfiança a ascensão e a volta do Irã ao cenário político internacional desde que o acordo nuclear foi fechado. Um retorno que Riad gostaria de ter evitado – se necessário em cooperação com Israel, que considera o acordo nuclear um erro fatal.

A busca por uma solução negociada torna-se, assim, um esforço diplomático teórico e abstrato. As chances de êxito são pouco animadoras. E, sobretudo, isso vai levar tempo. Um tempo que o povo oprimido pela guerra não tem mais. No entanto, uma intervenção militar não faz sentido e também não promete sucesso. O que se pode, então, fazer para acabar com essa guerra insana? No momento, ninguém sabe.