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Opinião: O teste de aptidão de Donald Trump

Peter Sturm
Peter Sturm
18 de fevereiro de 2017

Novo presidente tem tido pouca sorte com seus indicados. Isso levanta a questão se o empresário pode se transformar num político ao menos passável, opina o jornalista Peter Sturm, do "Frankfurter Allgemeine Zeitung".

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Peter Sturm, do jornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung"
Peter Sturm, do jornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung"

Pode-se dizer muitas coisas sobre Donald Trump, mas com certeza não se pode dizer que ele evita conflitos. Por outro lado, a troca acalorada de opiniões pertence inevitavelmente ao conflito. E, nessa disciplina, o presidente americano ainda tem muito para melhorar. Ele prefere muito mais resolver conflitos tomando uma decisão, anunciando-a e esperando que ela seja, evidentemente, cumprida.

Isso revela que Trump é um empresário empenhado que deseja aplicar na política os métodos habituais daquela área. Só que, na política, há instâncias aos quais o governante deve prestar contas. E os membros dessas instâncias também têm suas peculiaridades. Um comportamento enérgico perante eles desperta o espírito de combate.

O presidente começa agora a perceber isso. E tudo isso explica por que, mesmo semanas depois da posse, ainda há dificuldades para a ocupação de cargos importantes no governo. O exame a fundo dos candidatos é uma tradição nos Estados Unidos. Também não é novidade que nem sempre as ações são motivadas por princípios nobres, para que somente os melhores consigam os cargos mais importantes. Motivos pessoais e políticos sempre tiveram um papel na escolha do gabinete e na busca por "manchas no currículo". É compreensível se um candidato não quiser se expor a um interrogatório embaraçoso.

No caso de Trump, a situação é ainda mais difícil porque quem está formando o gabinete possui – para usar uma expressão prudente – uma opinião razoavelmente elevada de si mesmo e de suas capacidades. Isso ele mostrou à nação, por exemplo, num programa de televisão. Não se sabe se o presidente ouve assessores ou escolhe o ministério por intuição.

De qualquer maneira, Trump já sofreu alguns golpes pessoais. A saída do assessor econômico foi relativamente inofensiva. Já a renúncia do nomeado para o Ministério do Trabalho tem mais peso. Agora, a renúncia forçada do indicado para o cargo de assessor de Segurança Nacional foi um golpe duro. Ela gerou grandes dúvidas – à parte o tema ligações ilegais e eventuais com a Rússia – se o empresário Trump ainda poderá se transformar num político ao menos passável.