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Relatório Winograd

1 de maio de 2007

Para Peter Philipp, relatório da comissão de inquérito sobre o conflito não é novidade e só reforça o rigor com que a opinião pública israelense cobra esclarecimentos. Um ano depois, irritação é ainda maior.

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Pouco tinha de surpreendente o relatório interino sobre as razões, equívocos e negligências da guerra do Líbano no ano passado, elaborado por comissão de inquérito sob coordenação do juiz aposentado Eliahu Winograd, e publicado nesta segunda-feira (30/04).

Pois críticas aos motivos que levaram à guerra, mas principalmente à maneira como foi empreendida e aos resultados a que se chegou, há tempos não são novidade em Israel: a guerra não alcançou nenhuma de suas metas – nem os soldados seqüestrados foram libertados nem o grupo radical islâmico Hisbolá foi enfraquecido, nem se tornou o norte de Israel mais seguro.

Fernschreiber Autorenfoto, Peter Philipp

Muito pelo contrário. O então chefe do estado-maior foi forçado a renunciar meses atrás e a opinião pública exige com rigor cada vez maior a saída do primeiro-ministro, Ehud Olmert, ou pelo menos de seu ministro da Defesa, Amir Peretz.

Ambos – Olmert como presidente do conservador Kadima e Peretz como líder do social-democrata Partido Trabalhista – eram considerados, na época da formação do governo, civis sem qualquer experiência militar.

Exatamente isso poderia agora ser usado contra eles: de acordo com a conclusão da comissão de inquérito, os dois políticos se deixaram pressionar pelo chefe do estado-maior, sem questionar ou procurar alternativas. Ou seja: ambos fracassaram do começo ao fim.

Resta agora ver se tirarão conseqüências políticas desse fato. Por enquanto, Olmert tenta se esconder por trás de decisões ministeriais conjuntas, argumentando que não foram decisões só dele, mas de todos os ministros. Entre eles, e principalmente, o ministro da Defesa Peretz.

E justamente Peretz é acusado pela comissão de não fazer a menor idéia de questões militares e de ter agido de forma negligente ao assumir o cargo apesar da falta de conhecimentos.

Uma acusação com certeza interessante também para outros países. Mas nem mesmo os "especialistas" militares israelenses escaparam ilesos a críticas: Ehud Barak e Ariel Sharon, antecessores de Olmert, sempre foram mais militares que políticos.

E agora sofrem a acusação de não ter aproveitado os anos que sucederam à retirada de Israel do Líbano no verão europeu de 2000, para fazer os preparativos necessários para o caso de possíveis incidentes. Um ano após a guerra do Líbano, a perplexidade em Israel é ainda maior. (rr)

Peter Philipp é chefe da equipe de correspondentes da Deutsche Welle e especialista em Oriente Médio.