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G20

2 de abril de 2009

Para os membros do G20, parece claro que a crise financeira só pode ser vencida através de uma estreita cooperação internacional e da solidariedade com as nações mais pobres. Karl Zawadzky analisa a atual conjuntura.

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Cada país tem que dar sua contribuição à superação da crise global econômica e financeira, mas com ações isoladas os efeitos serão poucos. As medidas tomadas pelos países têm que ser integradas no combate internacional à crise. Uma reincidência no protecionismo iria apenas agravá-la. Isso a política deveria ter aprendido da Grande Depressão dos anos 1930.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, resumiu precisamente o que é preciso: "cooperação em vez de isolamento". De fato, para os políticos, expostos a uma série de exigências e obrigações, é mais fácil falar do que fazer. No entanto, isso não significa que não seja necessário um esforço conjunto, que consista de medidas nacionais definidas na esfera internacional. E fazer com que isso aconteça é tarefa da cúpula financeira mundial, que acontece em Londres nesta quinta-feira (02/04) e reúne representantes das 20 maiores economias do mundo, entre países industrializados e emergentes do Terceiro Mundo.

Em primeiro lugar, trata-se de deter a atual tendência negativa. Ao mesmo tempo, é aconselhável fortalecer os mecanismos de prevenção para o período pós-crise. Isso significa que todo o setor financeiro terá que ser submetido a uma forte regulação e controles, para que os exageros na indústria financeira e a omissão dos órgãos de fiscalização não se repitam.

Quando a cobiça supera a razão e a isso ainda se somam ações criminosas, a concorrência pela melhor praça financeira piora ainda mais a situação se não houver um controle eficiente. Isso significa: há conclusões a serem tiradas do fracasso do mercado e do fracasso do Estado.

Os países-membros da União Europeia podem se apresentar de cabeça erguida na esfera internacional depois de suas medidas de salvação dos bancos e de apoio à conjuntura. Mais de 100 bilhões de euros foram destinados a impedir a falência de bancos. E isso não é nem de longe o fim do caminho.

Há também os pacotes conjunturais, que somam um total de 400 bilhões de euros. Somente o governo alemão, por exemplo, mobilizou, para este e para o próximo ano, 80 bilhões de euros para investimentos por exemplo nos setores de infra-estrutura e para estimular a demanda da indústria automobilística. Neste caso, não faz muito sentido entrar numa corrida de subvenções. Mais recomendável é esperar pelos efeitos das medidas que já estão sendo tomadas.

Não somente em função disso é legítimo o ceticismo diante dos 5 bilhões de euros que a Comissão Europeia quer investir a mais. Esse valor não é nada mais do que uma tentativa de tapar o sol com a peneira. Mais importante é, pelo contrário, que a UE mantenha como reserva os 50 bilhões de euros para evitar problemas de liquidez de países-membros do bloco.

Para países do sul ou sudeste da UE, que não pertencem à zona do euro, isso pode significar uma ajuda enorme. Pois alguns destes Estados têm altas dívidas em moeda estrangeira e se veem, em função da desvalorização da própria moeda, confrontados com um volume de juros que só pode ser quitado a duras penas. Aqui de nada vale aconselhar mais precaução no endividamento em moeda estrangeira – o que certamente é correto, embora não tenha sido observado –, mas é preciso demonstrar solidariedade. Os países fortes da UE sob o ponto de vista financeiro, como a Alemanha, por exemplo, estão dispostos a isso.

A UE está também disposta a auxiliar os países em desenvolvimento, que se encontram numa situação emergencial em função da crise financeira e da econômica global. Para isso, os chefes de Estado e governo da UE definiram que o volume financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) deverá passar de 250 bilhões de dólares para 500 bilhões de dólares. A UE disponibiliza uma garantia de 75 bilhões de euros para esse aumento das reservas do FMI, assumindo, assim, 40% do ônus.

Não se trata aqui, porém, de só melhorar os caixas do FMI, mas também é importante que ele assuma um papel central no combate aos excessos nos mercados financeiros internacionais. Não há nenhuma outra instituição internacional mais adequada para exercer essa função que o FMI. Ele é o corpo de bombeiros dos mercados financeiros, quando fracassam as tentativas nacionais de resolver as crises na balança de pagamentos.

A crise não está somente aí, mas ela ainda vai crescer em dimensão e dramaticidade. Nessa situação, só adianta a intervenção de muito dinheiro, a fim de evitar, por exemplo, a derrocada de bancos e com isso o chamado "efeito dominó". Também é necessária a mobilização de grandes somas de dinheiro quando se trata de deter a tendência negativa da conjuntura e de criar uma base para a recuperação da economia mundial.

No entanto, está claro que após a crise é imprescindível um retorno à política de saneamento orçamentário. O momento mostra o quanto isso é importante. Pois exatamente pelo fato de o governo alemão ter estado tão próximo da meta de um orçamento federal equilibrado é que ele dispõe, agora, dos recursos financeiros necessários para a superação da crise.

Isso significa que quando a economia retornar à trilha do crescimento, a redução de impostos não será o assunto mais importante, mas o saneamento orçamentário é que voltará a ter prioridade. Pois após a crise o Estado terá menos dinheiro ainda.

Autor: Karl Zawadzky

Revisão: Roselaine Wandscheer