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Opinião: Salto de austríaco foi grande ação de marketing

15 de outubro de 2012

Quem mais sai ganhando com o salto de Felix Baumgartner não é a humanidade, mas o patrocinador que bancou a aventura na estratosfera, afirma o jornalista esportivo Stefan Nestler.

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Que as imagens transmitidas ao vivo pela internet ou televisão para todo o mundo foram impressionantes, não se discute: o homem na cápsula, o olhar a partir da estratosfera, o mergulho, o corpo caindo como um pontinho branco, a velocidade estonteante em direção à Terra, o rápido e temeroso giro no ar, a recuperação e, ao final, a aterrissagem sem problemas.

E, apesar de toda a tecnologia de ponta envolvida, o salto foi também um notável feito esportivo. Felix Baumgartner, de 43 anos, comprovou grande coragem ao saltar de uma altura de 39 quilômetros, pois havia uma margem de risco que poderia ter lhe custado a vida. O paraquedista profissional da Áustria caiu numa velocidade máxima de 1.342 quilômetros por hora, claramente mais rápido do que o som. E ele resolveu todos os problemas que apareceram no caminho – a experiência foi bem-sucedida, o paciente vive.

Mas tudo isso não deve desviar a atenção do fato de que se tratou de uma gigantesca campanha publicitária, um megaevento midiático. Os estrategistas de marketing do patrocinador fizeram um excelente trabalho. Não à toa a equipe em terra chamou-se Mission Control e estava perfilada como cientistas da Nasa acompanhando um voo espacial.

Deutsche Welle Sport Stefan Nestler
Stefan NestlerFoto: DW

A mensagem era clara: o salto da estratosfera tem uma dimensão semelhante à da chegada do homem à Lua. Vejam: aqui está um homem que arrisca sua vida pelo bem da humanidade! Combinava com isso a câmera que mostrava a torcida dos familiares de Baumgartner.

Quem mais sai ganhando com esse salto não é a humanidade, mas o patrocinador que bancou a aventura na estratosfera e cujo logotipo podia ser visto por toda a parte. A Missão Estratosfera era também uma Missão Refrigerante. O efeito midiático mundial para o fabricante de bebidas da Áustria deve ter superado em muito os custos. E estes foram elevados. Estimativas dizem que a empresa bancou entre 25 milhões e 50 milhões euros nesse projeto, que se encaixa tão bem no nosso mundo midiático e conectado.

O tão propalado benefício científico é no mínimo questionável e deve primeiramente ser comprovado. Até lá, o salto cheio de recordes de Baumgartner fica sendo uma aventura dentro de uma grande estratégia de marketing.

Autor: Stefan Nestler (as)
Revisão: Roselaine Wandscheer