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Baviera

(rw)18 de janeiro de 2007

Stoiber sai? Stoiber fica? Quem vai sucedê-lo? Nas últimas semanas, estas questões ocuparam a União Social Cristã (CSU), partido representado unicamente na Baviera. Finalmente Stoiber tomou uma decisão, opina Ralf Bosen.

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Mas que negociata foi esta em torno do poder na Baviera! Literalmente no último minuto a liderança da CSU puxou o freio de mão para evitar estragos ainda maiores. A crise de liderança já estava custando o prestígio dos partidos – isto é, também da agremiação aliada na câmara baixa do Parlamento alemão, a CDU – junto ao eleitorado.

Mesmo assim, o resultado foi positivo. Günther Beckstein, como eventual novo governador, e Erwin Huber, como provável presidente da CSU, podem suceder Stoiber como dois políticos que têm o apoio da maioria do partido e da opinião pública.

Outra vantagem desta decisão é que a presidência da CSU e o cargo de governador seriam divididos por duas cabeças. Esta é uma reivindicação de longa data de muitos correligionários: eles consideravam Stoiber muito poderoso no acúmulo destas funções.

Agora a CSU tem de fazer o serviço completo e definir-se claramente por uma nova equipe de liderança. Os estragos foram enormes. Nas últimas semanas, a Baviera foi palco de um espetáculo de mau gosto como há muito não se via. A figura principal: naturalmente Edmund Stoiber, que não é apenas vítima, mas também culpado. Ele é responsável, pois pouco se importou com o que seria da Baviera nesta luta pelo poder, nem com o fato de que a CSU poderia ser levada a sua pior crise.

Ele é culpado também porque ele próprio causou esta situação. Ao final, ele acabou tropeçando na pessoa que o criticou. De fato, o escândalo em torno de Gabriele Pauli, que teve a vida privada espionada, foi o estopim mais recente da crise.

A derrocada de Stoiber, no entanto, já começou muito mais cedo: no outono europeu de 2005. Na época, primeiramente ele ambicionou o cargo de superministro num novo governo, para de repente passar a rejeitá-lo. Esta indecisão incomodou todos os seus potenciais sucessores e afetou seriamente sua credibilidade.

Desde esta época, a situação estava fervendo na cozinha do perfeito-mundo-de-fachada-pequeno-burguês da CSU − apesar dos êxitos conseguidos por Stoiber na economia e na política de educação. É o troco que ele leva pelo fato de nunca ter sido o patriarca dos sonhos dos bávaros.

Para o ríspido Stoiber, enfurnar-se numa pilha de papéis geralmente era mais importante do que conquistar os corações dos cidadãos. Mesmo assim, se ele tivesse renunciado antes do encontro partidário desta semana em Wildbad Kreuth, ainda teria conseguido escapar de cabeça erguida.

E agora? Mais uma vez os cidadãos tiveram de observar, perplexos, como a política pode ser determinada levianamente por questões de poder e de cargos. Mais uma vez eles vivenciaram um político incapaz de largar o osso. Quem se questiona sobre a frustração política reinante na Alemanha deve olhar para a Baviera.

E Stoiber? Foram quase 14 anos como governador e oito como presidente da CSU – uma vez inclusive candidato à Chancelaria Federal – seus méritos não contam mais depois deste ato alienado de autodestruição.

Ralf Bosen é redator do Programa Alemão da DW-RADIO.