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Opinião: UE precisa reduzir aspirações

20 de outubro de 2017

Cúpula da União Europeia mostra que há problemas por todos os lados. Para jornalista Cristoph Hasselbach, em vez de grandes visões, bloco precisa agora de soluções práticas.

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Belgien Brüssel EU-Gipfel
Chanceler federal Angela Merkel conversa com premiê portugues, António Costa, na cúpula da UE em BruxelasFoto: Imago/Belga/D. Gys

Há alguns anos o ápice da crise financeira parecia ter sido superado, quando uma das questões políticas mais importantes em Bruxelas era se os partidos vencedores nas eleições parlamentares do bloco europeu deveriam determinar o presidente da Comissão Europeia. Hoje, isso parece algo absurdamente irrelevante. Pois não há mês em que não se constatem desenvolvimentos novos e profundamente perturbadores que atingem as bases da União Europeia.

Nós já quase nos acostumamos com a iminente saída do Reino Unido do bloco. O Brexit e todas as suas consequências já põem a UE profundamente em xeque. A Hungria e a Polônia se despedem do antes óbvio consenso em relação ao Estado de direito. Devido ao separatismo catalão, a Espanha se encontra na pior crise de Estado que enfrenta há décadas.

A migração descontrolada para a Europa fez com que o continente enfrentasse uma dura prova de fogo, abrindo trincheiras ideológicas que eram inimagináveis até pouco tempo. Por todas as partes, cresce o apoio a partidos que querem fazer recuar ou até mesmo extinguir a União Europeia.

Fora da Europa, a situação não parece melhor. Seja Trump, Erdogan ou Putin, parceiros tradicionais se tornam inseguros isolacionistas, até mesmo oponentes. E, retornando à UE: o assassinato de uma jornalista investigativa poderia ser esperado na Rússia, mas no pacífico Estado-membro de Malta? Até onde chegamos!

Christoph Hasselbach
Jornalista da DW Christoph HasselbachFoto: DW/M.Müller

Tudo isso acontece ao mesmo tempo. O que era óbvio alguns anos atrás não parece mais evidente. Mais e mais integração europeia como princípio fundamental? Isso é coisa do passado.

A questão é como a Europa vai lidar com a nova complexidade. Angela Merkel, até agora líder incontestável, saiu enfraquecida das eleições alemãs. Ela não poderá mais exercer esse papel com a autoconfiança de antes.

Emmanuel Macron se apresenta como inovador e salvador da proposta europeia. Mas o menino-prodígio está perdendo rapidamente o seu charme, não somente na França. Se as suas ideias político-financeiras fossem implementadas, isso aconteceria às custas da Alemanha. E não sendo suficiente: atualmente, Macron advertiu a UE contra novos acordos de livre-comércio com países terceiros, pois supostamente os cidadãos estariam cansados da globalização, da qual deveriam ser protegidos. Retirar-se de um mundo desconfortável – é assim que se parece a ideia europeia?

É verdade que, atualmente, o zeitgeist sopra na direção da ideia de nação, identidade, isolamento. A iniciativa do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, de expandir o euro e o Espaço Schengen, zona de livre-circulação dentro da UE, para todos os países-membros não é somente distante da realidade, mas também contraproducente.

O que a UE precisa na atual situação não são grandes visões, mas soluções claras: conter a migração ilegal é algo com que todos podem concordar, como também a intensificação da cooperação digital - mais cooperação em questões de defesa pode ser benéfico para todos. São coisas que a atual cúpula da UE em Bruxelas pode trazer. No momento, não é possível fazer mais do que isso, mas menos também não se deve fazer.

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