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Caso Telekom

2 de junho de 2008

O escândalo da Telekom não prejudica só a imagem desta empresa de telecomunicações, mas de todo o empresariado alemão, escreve Karl Zawadzky.

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O escândalo da Telekom dá razão aos que dizem que "tudo o que é possível de se fazer é feito". As lideranças empresariais alemãs parecem não desperdiçar chances para confirmar este ditado e desacreditar não apenas a si próprios, mas também todo o setor da economia.

DW Experte Karl Zawadzky
Karl ZawadzkyFoto: DW

Seja o presidente da empresa alemã de correios, flagrado como sonegador; sejam os executivos e membros do conselho de empresa da Volkswagen, servidos por prostitutas à custa da montadora; grandes cadeias de supermercados barateiros que espionam os funcionários; ou a mundialmente conhecida Siemens, que pagou mais de 1 bilhão de euros em suborno no exterior. E agora a Deutsche Telekom, a maior empresa de telecomunicações da Europa, também é sacudida por um escândalo sem precedentes.

Ao longo de vários anos, membros da diretoria da Telekom travaram verdadeiras guerras de trincheira. Neste contexto, foram passadas, intencionalmente, informações a jornalistas. O ex-presidente da Telekom, Kai-Uwe Ricke, afirma que a empresa "tinha tantos buracos como um queijo suíço".

Claro que há assuntos confidenciais numa empresa, naturalmente que o sigilo tem de ser mantido. E claro que a diretoria tem de protegê-los. Mas se os próprios membros da diretoria e do conselho de administração passam informações adiante a fim de se prejudicarem mutuamente, há um problema na empresa. Isto, no entanto, não justifica a violação de leis.

Mas na Deutsche Telekom aconteceu justamente isto. Na busca dos responsáveis pelos vazamentos de informações, foi instalado um sistema de espionagem contra membros da diretoria, do conselho de administração e contra jornalistas.

Ninguém quer ter dado as ordens para isso. Mas está claro que foram avaliados dados para descobrir quem telefonou com quem ou trocou e-mails. Isto está tão comprovado quanto o envio de um espião a uma redação.

A Promotoria Pública investiga ainda a suspeita de que, através de dados do celular, tenha sido feito um monitoramento do deslocamento de jornalistas, para saber com quem se encontravam. Suspeita-se também que tenham sido vasculhadas contas bancárias operadas pela internet.

Dez executivos da Deutsche Telekom, entre os quais o ex-presidente Kai-Uwe Ricke e o ex-diretor do conselho de administração Klaus Zumwinkel, estão sendo investigados pela Promotoria Pública.

Seja quem for que ordenou a espionagem: ele causou o maior estrago possível à empresa. A confidencialidade de conversas e dados é o fundamento de toda empresa de telecomunicações. Ninguém quer se envolver com uma empresa de telefonia ou operadora de internet que não garante o sigilo nem tampouco a observação de leis e direito.

O estrago é grande. E é pequeno o consolo de que os acusados já não estão mais na empresa e que o atual presidente da Deutsche Telekom, René Obermann, acionou a Promotoria Pública. Também ajudará pouco a pressão do governo para que o setor de telecomunicações chegue a um consenso sobre um código de conduta.

As regulamentações legais são claras e suficientes. Se executivos acham que estão acima da lei e podem permitir-se tudo, a única coisa a ser feita é esclarecer o caso, introduzir a transparência e punir os envolvidos. (rw)

Karl Zawadzky é chefe da editoria de Economia do programa em alemão da DW-RADIO.