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Falta um grande palco à corrida à Casa Branca

Ines Pohl
Ines Pohl
17 de agosto de 2020

Na convenção democrata, Joe Biden e Kamala Harris se apresentarão como o par perfeito para a presidência. Fato de o evento ser virtual devido ao coronavírus pode prejudicar a disputa com Trump.

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Joe Biden e Kamala Harris de máscara diante de bandeira dos EUA
Joe Biden e Kamala Harris, candidatos a presidente e vice pelos democratasFoto: picture-alliance/dpa/C. Kaster

Às vezes, olhar para trás ajuda a compreender o presente e a se preparar para o futuro. Há duas razões principais pelas quais Donald Trump ganhou as eleições presidenciais dos Estados Unidos há quatro anos.

Em primeiro lugar, porque ele não era Hillary Clinton. Em segundo, porque obteve sucesso ao se apresentar como um outsider político. E esses dois aspectos estão conectados.

Muitos americanos ainda hoje sentem ódio da então candidata presidencial democrata, Hillary Clinton, e há muitas razões para isso. Uma delas é que ela e o seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, fazem parte há décadas da elite política que molda decisivamente os Estados Unidos. E que culpa muitos eleitores pelo fato de Washington ter se afastado cada vez mais das preocupações dos cidadãos comuns e de os ricos ficarem cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.

Trump exacerbou ainda mais essa divisão social. Mas isso não muda o fato de, também este ano, muitos importantes grupos de eleitores dos democratas estarem mais do que insatisfeitos com a escolha do candidato presidencial do partido.

Para muitos, o veterano político Joe Biden – branco, de 77 anos – é sinônimo de estagnação. E não é o que especialmente negros, latinos, muitas mulheres e também jovens democratas progressistas tão desesperadamente esperavam: uma mudança política de modo a não proteger mais as grandes corporações, mas dar um futuro ao sonho americano.

São elevadas as esperanças dos estrategistas da campanha eleitoral democrata, que agora recaem sobre a candidata à vice-presidente Kamala Harris. Será que ela conseguirá convencer os eleitores indecisos, motivar os desiludidos com as eleições e conquistar os republicanos que não querem ser responsáveis por mais quatro anos de Donald Trump?

Tradicionalmente, as convenções do partido são uma grande celebração para o estabelecimento de um espírito comunitário. Isso é particularmente importante para os democratas, que são essencialmente um movimento coletivo, o qual deve reunir as suas várias alas atrás de uma ideia básica se quiser ganhar eleições. E, na realidade, é o candidato presidencial que encarna essa ideia. Mas o carisma de Joe Biden dificilmente será suficiente para isso.

Seria interessante ver como a massa de delegados do partido reage a Kamala Harris, após a estrela Michelle Obama, a primeira primeira-dama negra, ter servido de aquecimento para a possivelmente primeira presidente mulher não branca. Muito provavelmente poderia ser um daqueles momentos de arrepiar, que estabelece pontes entre as diferenças e semeia a esperança.

Esse grande espetáculo teve de ser cancelado este ano. O impulso que as convenções de nomeação costumam dar a todo o país foi vítima do coronavírus. A convenção do Partido Democrata, que começa nesta segunda-feira, será realizada em grande parte em formato digital, durante quatro dias.

Enquanto boa parte do mundo olhará com atenção para os EUA nas próximas semanas, os atores políticos não terão outra escolha senão envolverem-se num combate virtual de pequeno porte. Sempre com a esperança de que não haja uma falha técnica que se transforme numa viral facada nas costas.

Num cenário como esse, um presidente tem, sem dúvida, o maior palco. E se Donald Trump sabe fazer uma coisa, essa coisa é chamar a atenção da mídia.

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* Ines Pohl é correspondente da DW em Washington

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Ines Pohl
Ines Pohl Chefe da sucursal da DW em Washington.@inespohl