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Conferência de Segurança

9 de fevereiro de 2009

Conferência Internacional de Segurança em Munique foi a confirmação dos valores da comunidade transatlântica. O encontro transcorreu em tom amigável, mas não deixou de ser exigente, opina Nina Werkhäuser.

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A Conferência de Segurança é um bom barômetro para medir o clima entre os Estados Unidos e a Europa. Nos últimos anos, os europeus tomaram regularmente um banho de unilateralismo norte-americano, temperado com uma pitada de cinismo. Tanto mais agradável foi o tom dos americanos este ano, acima de tudo do vice-presidente Joe Biden. O fato de Obama ter enviado a Munique o segundo homem mais importante no Estado tão pouco tempo após a posse e, além disso, em meio à crise financeira, foi uma prova de confiança.

O discurso de Biden convenceu até o último cético: para o novo governo dos Estados Unidos, a Europa é mais do que um amontoado de países obstinados, dos quais apenas alguns poucos prestam como aliados leais. Barack Obama empacotou no baú o jeito de xerife de George W. Bush e prescreveu a si mesmo uma dose de humildade.

O novo governo dos EUA está de ouvidos abertos, espera os conselhos e a ajuda dos aliados, declarou o vice-presidente. Os EUA não querem mais torturar, nem mais pisotear os próprios valores por causa da preocupação desmedida com sua segurança. Isso causou alívio entre os espectadores que nos últimos anos duvidaram da comunidade de valores transatlânticos.

Em Munique, Joe Biden também falou em linhas gerais sobre o ambicioso programa de seu governo: frear as mudanças climáticas, reduzir à metade a pobreza até 2015, controlar a crise financeira e outras crises internacionais. Estas metas não podem ser atingidas sem cooperação, e por isso este novo tom conciliatório não é um luxo, mas uma necessidade.

Também o novo governo norte-americano irá procurar quem esteja disposto a ajudar, mas com a diferença de que não se mostrará ofendido e riscará os críticos da lista de interlocutores, como o fez Bush.

Certamente são grandes as expectativas de Washington em relação à Europa: o Afeganistão e o Irã são apenas dois conflitos nos quais Obama não quer ceder – e ele espera o mesmo dos aliados. As tropas dos EUA no Afeganistão receberão grandes reforços nos próximos meses; ao mesmo tempo a reconstrução civil deverá ser fortalecida e melhor coordenada.

Obama ainda não apresentou reivindicações específicas aos parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas isso ainda deverá acontecer. Também o governo federal alemão primeiramente ainda precisa encontrar seu lugar no novo sistema de coordenadas de Obama. O que faltou em Munique foram sinais claros dos europeus a Washington: Do que a Europa participa e do que não? O governo alemão infelizmente também perdeu a oportunidade de formular isso publicamente.

O novo governo norte-americano está diante de meses difíceis: ele terá de provar que suas metas não são inatingíveis. Já na próxima Conferência de Segurança de Munique, em um ano, ele será medido pelo que tiver feito. Os aliados europeus devem definir logo como pretendem que seja em detalhe a cooperação com os Estados Unidos, pois a nova simpatia no tom não garante flexibilidade na questão. (rw)

Nina Werkhäuser é correspondente da Deutsche Welle em Berlim para assuntos de política externa.